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O que dizem as entrelinhas do comunicado do Banco de Portugal sobre o Novo Banco

A instituição liderada por Carlos Costa fez na noite de quarta-feira um comunicado sobre o processo de venda do Novo Banco. O Negócios descodifica o que revelam aquelas linhas, onde o que não está escrito também importa.

9º Carlos Costa, 555 notícias - Depois da intervenção no Banif no final de 2015, sucederam-se vários episódios ao longo do ano a envolver o Banco de Portugal, o que faz do governador um dos protagonistas deste ano. Esteve em mais de 550 notícias do Negócios.
Miguel Baltazar
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BdP decidiu "com base nos elementos disponíveis nesta data"

Isto significa que a avaliação do Banco tem em conta os elementos disponíveis até agora, mesmo que as propostas possam vir a ser alteradas pelos interessados. Porquê agora? A oferta do fundo norte-americano Lone Star, que a instituição liderada por Carlos Costa classifica como a "mais bem colocada", tinha esta quarta-feira como data de validade. Este prazo implicava uma decisão até 4 de Janeiro. Para se manter na corrida o Lone Star flexibilizou a proposta, dispensando a assinatura do contrato promessa de compra e venda até este dia.     

 

"O potencial investidor [é a] Lone Star"

O supervisor aponta a Lone Star como o provável comprador, num cenário de venda. Com esta expressão o Banco de Portugal está apenas a dizer que a Lone Star é quem está à frente na corrida ao Novo Banco. Não está a declará-lo vencedor, nem a recomendar ao Executivo a venda à Lone Star. Continua quase tudo em aberto. A última palavra é do Governo.

Lone Star "é a entidade mais bem colocada"
Tendo em conta as propostas em cima da mesa, a Lone Star "é a entidade mais bem colocada" na corrida ao Novo Banco. Ou seja, neste momento, esta oferta é a mais interessante do ponto de vista financeiro, já que propõe pagar 750 milhões pela instituição e dispõe-se a injectar igual valor no reforço de solidez do banco. Isto significa que o consórcio Apollo/Centerbridge ainda não apresentou uma proposta financeira que supere esta oferta.

Vai haver "aprofundamento das negociações"

A Lone Star não foi escolhida para comprar o Novo Banco, mas para aprofundar as negociações com o Banco de Portugal tendo em vista a aquisição da instituição. Nunca é dito que este aprofundamento será feito em regime de exclusividade, o que abre a porta a negociações paralelas com outros candidatos. Na prática, o Banco de Portugal está a dizer que este investidor tem agora a oportunidade de melhorar a sua proposta, sobretudo, tendo em conta a preocupação de eliminar as condições desta oferta que podem ter impacto nas contas públicas. Se a Lone Star não aproveitar esta oportunidade, o Banco de Portugal pode escolher  outro potencial investidor como "entidade mais bem colocada". 

 

Existem "condicionantes, nomeadamente um potencial impacto nas contas públicas"
Este é um alerta para as desvantagens desta proposta. A oferta da Lone Star prevê que que o Estado dê uma garantia para cobrir o risco dos activos que o fundo norte-americano não quis adquirir e que ficariam num veículo. A concessão de garantias pelo Estado é um risco potencial para as contas públicas, já que se a garantia for executada o Estado é obrigado a assumir uma perda igual ao montante da garantia.

 

Decisão "não exclui a melhoria das propostas" concorrentes
É a última frase do comunicado do Banco de Portugal mas é uma das mais importantes: "esta nova fase de negociações (…) não exclui a melhoria das propostas dos restantes potenciais investidores (…) que já mostraram disponibilidade para o fazer". A entidade liderada por Carlos Costa está a dizer que aguarda a melhoria da oferta da aliança Apollo/Centerbridge, uma vez que o China Minsheng o outro candidato não tem condições financeiras sequer para garantir a sua primeira proposta. Como o Negócios já noticiou, a intenção daquele consórcio é igualar ou superar a oferta da Lone Star e, adicionalmente, integrar o grupo Violas Ferreira na aliança. Em caso de empate entre ofertas, ter um parceiro português pode fazer a diferença na fase derradeira do processo.

 

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