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Mutualista paga por unidades do Montepio um preço em que não tocavam desde 2013

Entraram, em 2013, a valer 1 euro. Só uma vez superaram a barreira. De resto, a cotação foi sempre no sentido descendente, com excepção para a abrupta valorização de final de Maio. O prémio na OPA da mutualista é o dobro da cotação de mercado.

Pedro Elias/Negócios
04 de Julho de 2017 às 20:29
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A Montepio Geral – Associação Mutualista paga 1 euro por cada unidade de participação da caixa económica que não detém na oferta pública de aquisição que anunciou esta terça-feira. Este é um valor a que os títulos nunca cotaram desde a primeira sessão bolsista do fundo, em Dezembro de 2013. 

 

As unidades, que não conferem direito de voto, nunca deram retorno aos seus titulares, já que dependem dos resultados da caixa – que têm sido negativos.

 

"A remuneração das UPS é variável em função dos resultados da CEMG e o seu pagamento é decidido numa base discricionária", era um aviso que constava já na emissão de 200 milhões de unidades, cada uma com um valor de 1 euro.


A emissão serviu para que o Montepio se capitalizasse em 200 milhões de euros, já que o Banco de Portugal considerou que aquele fundo de participação poderia ser contabilizado para os fundos próprios da caixa económica.

 

Na altura, cada subscritor não poderia ter mais de 10% do fundo, a não ser que fosse uma instituição particular de solidariedade social, quando o máximo subia a 30%. Houve títulos vendidos no retalho, ou seja, aos balcões da instituição financeira, mas foram apenas duas as participações qualificadas conhecidas: Paulo Guilherme, filho do construtor civil José Guilherme, cujo relacionamento com António Tomás Correia está a ser investigado pela justiça, e o empresário angolano Eurico de Brito. Só em Outubro de 2016 as participações foram alienadas, sendo que nunca foi revelado se na totalidade.

As críticas de Carlos Tavares

 


As unidades foram admitidas à negociação em 2013, mas nunca superaram a barreira de 1 euro, à excepção da primeira sessão. Desde aí tinham caído, e nem mesmo quando chegou a segunda vaga de unidades, em 2015, deu um novo gás. Isto porque a caixa económica recorreu novamente ao fundo de participação para se capitalizar, igualmente em 200 milhões. Contudo, desta vez, não houve terceiros investidores a entrar no capital.

 

Carlos Tavares, que era presidente da CMVM em 2013 e também em 2015, criticou publicamente estas unidades, dizendo que nunca deveriam ter sido comercializadas junto de clientes bancários.

Assim, foi a associação mutualista que acabou por injectar os 200 milhões de euros directamente. Além disso, a entidade comandada por António Tomás Correia foi comprando posições no mercado. Em 2016, a mutualista comprou unidades de participação às empresas do grupo, contribuindo para um novo aumento de capital da sua caixa económica, na altura já com Félix Morgado na liderança.

 

Mas sempre com as unidades a cotar, em mercado, muito abaixo de 1 euro. Mesmo assim, o Montepio faz parte do índice PSI-20 - o que deverá mudar, tendo em conta que a mutualista, na OPA anunciada, pretende requerer a perda da qualidade de sociedade aberta, e correspondente saída de bolsa.

A abrupta subida de 2017

Apenas em 2017, as unidades aproximaram-se da barreira. Foi no final de Maio, quando as unidades dispararam 46% numa sessão e, no dia seguinte, chegaram a tocar nos 0,95 euros. Nunca foi revelado o motivo para a abrupta valorização do fundo, com a entidade a atribuir a oscilações do mercado.

 

As unidades de participação fecharam a valer 0,497 euros esta terça-feira. A contrapartida paga pela mutualista é 1 euro por unidade. Mais do dobro.

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