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Mesmo quem comprou na subida vertiginosa do Montepio ganha na OPA

Não houve justificação para a valorização de 77%, em apenas duas sessões, que o Montepio registou no final de Maio. Os investidores que adquiriram títulos nesses dias podem registar mais-valias na OPA.

Bruno Simão/Negócios
06 de Julho de 2017 às 07:15
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A abrupta valorização bolsista que o Montepio teve no final de Maio, quando não havia notícias a sustentar aquela variação, pode render ganhos aos investidores que adquiriram títulos naquelas sessões.

 

A 30 de Maio, as unidades do fundo de participação da Caixa Económica Montepio Geral dispararam, chegando a valer 46% mais do que na sessão anterior. No dia 31, os títulos voltaram a subir em força, tendo chegado a tocar nos 95 cêntimos. Em termos acumulados, foi um ganho de 77% em dois dias. As unidades tocaram numa cotação, na altura inédita, desde 2013.

 

Mesmo quem comprou os títulos a 95 cêntimos nesses momentos – a cotação mais elevada registada no dia 31 de Maio – pode agora realizar mais-valias. Isto porque a dona da caixa económica, a Montepio Geral – Associação Mutualista, vai lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre aquelas unidades de participação em que oferece 1 euro por cada uma. Ou seja, os titulares que adquiriram as unidades a 95 cêntimos conseguem uma mais-valia de 5 cêntimos ao vendê-las na OPA.

 

A oferta da associação presidida por António Tomás Correia é sobre as 26,5% das unidades de participação do Montepio que não detém. Na sessão que se seguiu ao anúncio preliminar da OPA, em que há a contrapartida de 1 euro por unidade, os títulos dispararam 99% e atingiram os 99 cêntimos.

 
Sem explicações em Maio


Esta quarta-feira, a subida é justificada pela aproximação do preço do Montepio à contrapartida da OPA. Em Maio, as valorizações ocorreram sem explicações.

"A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) informa que não tem, nesta data, qualquer informação privilegiada ou materialmente relevante que, em seu entender, possa ter influenciado de forma sensível a cotação ou o volume de transacções de unidades de participação representativas do fundo de participação da CEM, nos termos verificados nos dias 30 e 31 de Maio de 2017, ou possa vir a influenciar essa mesma cotação ou volume de transacções", comunicou, na altura, a instituição financeira sob o comando de José Félix Morgado (na foto). 

 

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) anunciou, então, que estava a averiguar as subidas, tendo então pedido esclarecimentos. O regulador do mercado de capitais tem sempre de avaliar as movimentações que possam parecer irregulares, ou que antecem a divulgação de informação relevante (como as OPA), para perceber as justificações dessas oscilações. Os estatutos do mercado de capitais prevêem que é sua a obrigatoriedade de "determinar a abertura de processo de averiguações preliminares relativas a crimes contra o mercado e o seu encerramento".

 

Além destes investidores que compraram nas sessões de Maio poderem obter mais-valias na OPA, na prática, quem adquiriu as unidades de participação na sua emissão inaugural, em Dezembro de 2013, não registará menos-valias, já que a sua colocação no mercado foi feita a 1 euro. E quem comprou os títulos desde aí tem oportunidade de registar essas mais-valias, já que o preço a que têm cotado tem sido sempre inferior. As misericórdias são exemplos de entidades que detêm estas unidades.

Com a OPA, a associação mutualista antecipa retirar o fundo de participação do Montepio de bolsa, um passo que quer dar antes da transformação da caixa económica numa sociedade anónima. 

 

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