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Moniz da Maia: "Não compreendo que o NB tenha vendido dívida por apenas 10% do valor"

Bernardo Moniz da Maia diz que, "por várias vezes, fizemos propostas de valores muito superiores" junto do banco. O empresário, e um dos grandes devedores do Novo Banco, foi chamado à comissão de inquérito.

30 de Abril de 2021 às 15:17
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Bernardo Moniz da Maia, administrador do Grupo Moniz da Maia, diz não compreender o porquê de o Novo Banco ter vendido a dívida da família com um desconto de 90% a um fundo estrangeiro. E garante que foram apresentadas propostas mais elevadas pelo grupo. 

"De facto as empresas ficaram numa situação difícil e os empregos dos 1.200 colaboradores em risco. Ao Novo Banco foi dado conhecimento de todas estas dificuldades e que as insolvências diminuíam as garantias prestadas", disse Bernardo Moniz da Maia aos deputados na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco, esta sexta-feira, 30 de abril. 

Contudo, disse, "a resposta foi sempre a mesma: nenhuma resposta". De acordo com Moniz da Maia, "não restou alternativa à família se não abrir mão das suas posições e convidar investidores". 

"Não compreendo que o Novo Banco tenha vendido a dívida da família Moniz da Maia por apenas 10% do valor", referiu o administrador, notando que foram feitas, "por várias vezes, propostas de valores muito superiores", que rondaram os 100 milhões de euros.

"Estou aqui como devedor não do BES, nem do Novo Banco, mas de um fundo que não é português e quando tudo fiz para que não se chegasse a este ponto", disse Bernardo Moniz da Maia aos deputados.

NB afastou família do negócio no Brasil
Segundo o responsável, a dívida da família junto do banco ascendia a 368 milhões de euros, tendo sido vendida, em 2019, no portefólio que ficou conhecido como "Nata 2" ao fundo Davidson Kempner, por seis milhões de euros. A dívida foi contraída para a compra de ações do BCP, em 2007, onde o grupo ficou com uma posição de 2,7%. Os títulos foram dados como garantia. 

"Na nossa avaliação seria um bom investimento", disse. Mas depois veio a crise do
do Lehman Brothers e a queda das ações dos bancos, ao que o BCP não foi imune. As ações da instituição financeira "atingiram valores muito baixo". 

"Não bastasse a queda das ações do BCP, espantosamente assistimos ao colapso do BES que por força dos termos da resolução fez com que os nossos ativos como acionistas da ESI passassem a valer zero", referiu no Parlamento. 

Moniz da Maia contou ainda aos deputados que o Novo Banco acabou por afastar a família do negócio que tinha no Brasil, nomeadamente em centrais de biomassa. "O Novo Banco de forma incompreensível decidiu-nos retirar da operação no Brasil, contratando uma empresa chamada Resolutions", disse. O projeto acabou por se esvaziar e "perderam-se todos os ativos existentes e os investimentos feitos".


Os deputados estão a ouvir os grandes devedores do Novo Banco no âmbito da comissão parlamentar de inquérito. Em cima da mesa estão nomes como o do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, Nuno Gaioso Ribeiro (Promovalor e C2 Capital Partners), Nuno Vasconcellos (Ongoing), João Gama Leão (Prebuild) e Bernardo Moniz da Maia.

(Notícia atualizada com mais informação.)

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