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Dívida chegou aos 300 milhões "pelo NB, não pela minha mão", diz presidente da Prebuild

João Gama Leão, fundador da Prebuild, afirmou no Parlamento que, para o Novo Banco, "é mais fácil enterrar uma empresa e depois ir aos contribuintes pedir o dinheiro do que tratar um empresário em dificuldades".

António Cotrim
06 de Maio de 2021 às 11:03
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João Gama Leão, presidente do conselho de administração da Prebuild, um dos grandes devedores do Novo Banco, diz ter tentado por várias vezes contactar o banco após a resolução do BES para resolver a situação do grupo. Mas a primeira reunião só aconteceu meses depois. "É mais fácil enterrar uma empresa e depois ir aos contribuintes pedir o dinheiro do que tratar um empresário em dificuldades", afirmou. 

"A dívida é astronómica, mas chega aos 300 milhões de euros pelo Novo Banco. Não é pela minha mão", disse João Gama Leão aos deputados na comissão parlamentar de inquérito, esta quinta-feira, 6 de maio, quando questionado pela deputada do PS Joana Sá Pereira.

E esclareceu: "não disse que o Novo Banco é o culpado da dívida. A dívida é da minha responsabilidade. A queda do meu grupo, aí é que já desconfio da minha responsabilidade", disse o gestor. 

"Em primeiro lugar, eu não trago dívidas de não seis quantos anos renovadas com fantasias. A minha dívida é muito recente", começou por explicar. "Em segundo, quando caiu o GES o meu 'default' era zero. Não trazia dívidas penduradas no Novo Banco e, em terceiro, quando se dá a resolução do BES, tentei de todas as maneiras contactar o Novo Banco. O banco caiu a 3 de agosto e a primeira reunião que consigo com algum responsável do banco foi em dezembro", relatou.  

"O meu grupo precisava de uma reinvenção, de se reorganizar, de reorganizar a dívida também" e precisava de "encontrar novas soluções para o grupo", disse João Gama Leão. E foi aí que começou a negociação de um PER. "Se pudesse fazer uma analogia do meu grupo com a saúde, até agosto de 2014 o meu grupo estava de facto numa situação frágil porque tínhamos muitas frentes abertas. Não porque tínhamos créditos pendurados". Em agosto, "começámos a ficar com falta de ar e o que o Novo Banco fez foi: 'vai para casa que não precisas de medicação'". 

"Aguentámos 6, 7 meses sem qualquer contacto com o nosso principal parceiro financeiro" e "quando chego ao contacto meses depois passámos da falta de oxigénio para a UCI [Unidade de Cuidados Intensivos]", disse o fundador da Prebuild. 

"As tentativas que o Novo Banco fez de recuperar a minha dívida foi zero", disse, referindo ainda, durante a audição, que "é mais fácil enterrar uma empresa e depois ir aos contribuintes pedir o dinheiro do que tratar um empresário em dificuldades".


"Sou vítima do GES e do Novo Banco"
Segundo João Gama Leão, "não sou lesado, sou um grande devedor". Mas o gestor recusou ser comparado aos outros grandes devedores que têm sido ouvidos nesta iniciativa parlamentar. 

"Aceito o rótulo de grande devedor. O que não aceito é que me comparem com a elite podre que tem vindo" à comissão. "Essa gente endividou-se para comprar ações, para fazer tudo, para manipular o mercado, para servir o dr. Ricardo Salgado. Eu endividei-me para recuperar empresas, para expandir negócio, para internacionalizar empresas portuguesas. Por isso, com certeza que tenho o rótulo de grande devedor, mas não gostava de ficar para a histórica com um rótulo igual a essas empresas que estiveram cá há dias", referiu. 

"Sou vítima do GES e do Novo Banco", afirmou, recusando ser o culpado pela situação do banco liderado por António Ramalho. "Não fui que que peguei num problema de larápios, mudei o rei e agora mandam os problemas para os contribuintes." 

Sobre a sua relação com a família Espírito Santo, João Gama Leão disse que apenas se sentou à mesa com a família quando foi para lhe "tirar dinheiro", detalhando que se encontrou com Ricardo Salgado "duas ou três vezes" e para sua "tristeza". 

(Notícia atualizada com mais informação.)
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