O antigo BESI trocou o Novo Banco por um conjunto de bancos chineses para se financiar. Vendido pelo banco herdeiro do BES em 2015, o Haitong Bank quis, com o novo accionista, mudar quem lhe concedia o financiamento de 750 milhões de euros.

"Em Junho, o banco refinanciou, junto de um sindicato de instituições financeiras chinesas e em condições mais favoráveis, a facilidade de crédito de 750 milhões de euros, concedida pelo Novo Banco", indica o relatório e contas de 2016, divulgado esta semana.

Ainda quando o antigo Banco Espírito Santo de Investimento era liderado por José Maria Ricciardi, já se sabia que, com o novo accionista, a Haitong Securities, a intenção era a de devolver aqueles 750 milhões de euros. Agora, vem a confirmação.

Com a resolução do BES, em Agosto de 2014, o BESI passou para o Novo Banco. Este concentrava as idas ao mercado para a recepção de liquidez no grupo, depois retransmitindo para o seu antigo banco de investimento. Um banco que foi depois alienado, em Setembro de 2015, aos chineses da Haitong, que lhe mudaram o nome para Haitong Bank.

"Na concretização da operação de venda, o Novo Banco tinha concedido um empréstimo interbancário ao BESI de 750 milhões de euros que foi convertido, como parte do acordo, num empréstimo obrigacionista de mesmo montante a três anos, com garantia do Grupo Haitong", explica ao Negócios a comunicação do banco de investimento, agora sob o comando de Hiroki Miyazato. 

Só que esse financiamento não satisfazia o ex-BESI. "Como o preço deste empréstimo era muito caro, o Grupo Haitong optou por reembolsá-lo e por financiar o Haitong Bank por um empréstimo sindicado de mesmo montante com a mesma garantia", indica a mesma fonte. O financiamento é concedido agora por um conjunto de bancos sediados na China, não identificados no relatório e contas de 2016. "Neste momento o Haitong Bank já não é devedor ao Novo Banco".

A instituição financeira obteve prejuízos de 96 milhões de euros, o que acabou por penalizar os rácios de capital. O Haitong Bank, que não teme derrotas em tribunal por conta do seu passado enquanto BESI, vai realizar um aumento de capital de 419 milhões de euros, cujo esforço será todo do accionista chinês.