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Imparidades e desequilíbrio operacional dão novos prejuízos ao ex-BESI

O Haitong Bank registou prejuízos de 96 milhões de euros no ano passado. Os custos superaram em 47 milhões de euros os resultados negativos alcançados em 2015. Novo presidente critica gestão passada.

Bloomberg
26 de Abril de 2017 às 23:42
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O Haitong Bank, antigo Banco Espírito Santo de Investimento, voltou a apresentar prejuízos, na ordem dos 96 milhões de euros. Os resultados devem-se a custos superiores ao produto bancário e à constituição de novas imparidades. O presidente executivo, que substituiu José Maria Ricciardi, critica a estratégia passada. 

O prejuízo de 96 milhões de euros no ano passado, que compara com os 98 milhões de euros registado em 2015 (número reexpresso pela instituição para uma regularização contabilística), já tinha sido divulgado anteriormente, mas agora, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o banco explica o resultado líquido negativo.


"O resultado negativo ficou a dever-se não só à alteração do modelo de negócio, que penalizou as receitas, mas também a uma estrutura de custos desequilibrada. Esta resultou do legado estratégico anterior e da necessidade recente de desenvolver uma nova infra-estrutura de suporte, na sequência da separação do Novo Banco. Por fim, verificou-se a necessidade de reconhecer novas imparidades nas carteiras de crédito nas áreas de 'project finance' e 'acquisition finance'. Após alguns anos de perdas sucessivas nesta carteira, esperamos finalmente ter entrado na última etapa do seu processo de reestruturação", escreve o presidente Hiroki Miyazato, que substituiu o membro da família Espírito Santo na liderança do banco que pertencia ao BES. 

  

O produto bancário consolidado do Haitong Bank (na prática, a soma de comissões e da margem financeira) fixou-se em 109 milhões de euros no ano passado, uma quebra de 18% em relação a 2015. "A deterioração do ambiente macroeconómico e político (Brasil, Brexit e eleições nos EUA) condicionou fortemente a actividade de banca de investimento em 2016", indica o comunicado do banco que, até Dezembro, foi presidido por José Maria Ricciardi.

Foram as comissões que deram o contributo negativo, sobretudo devido ao Reino Unido e ao Brasil.

 

Este número representa uma diferença de 47 milhões de euros face aos 156 milhões que o banco registou em custos operacionais. Os custos com pessoal agravaram-se 15% e prejudicaram a rubrica. O resultado operacional, que em 2016 se fixou então nos 47 milhões, era de 8 milhões de euros no ano anterior.

 

Ainda de acordo com o comunicado à CMVM, a demonstração de resultados mostra que houve um reconhecimento de imparidades de 58 milhões de euros em 2016. Em 2015, o reconhecimento tinha sido de 39 milhões de euros mas foi precisamente nesta rubrica que houve o maior peso nos dados reexpressos: 104 milhões em 2015.

 

"A carteira de crédito existente reduziu a capacidade para desenvolver novas iniciativas de balanço e impôs a constituição de imparidades de crédito adicionais", indica o documento, assinado pelo presidente executivo, Hiroki Miyazato.

 

Recuo de quase três pontos no rácio

 

Em termos de rácio de solvabilidade, o Haitong Bank registou um valor de 7,1% em 2016, abaixo dos 9,9% registados em 2015 (ou de 10,5%, se os números não tivessem sido reexpressos).

 

Se as regras de supervisão bancária mundial (Basileia III) estivessem já totalmente implementadas, este rácio era de 5,3%, igualmente um recuo face aos 8,2% de 2015.

 

Os níveis de solvabilidade obrigam a uma injecção de capital. O accionista Haitong Securities vai realizar um aumento de capital de 419 milhões de euros, como já noticiado.



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