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FMI alerta sobre retirada prematura das políticas de apoio às empresas
O fundo considera que as medidas adotadas pelos governos para ajudar as empresas em contexto de pandemia tiveram um "efeito benéfico". Mas alerta que este apoio não pode ser retirado prematuramente.
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"A pandemia da covid-19 teve um impacto adverso nos fluxos de caixa do setor corporativo não financeiro, gerando pressões de liquidez e de solvência", começa por dizer o FMI no relatório divulgado esta sexta-feira, 23 de outubro.
Neste cenário, a "concessão de crédito aumentou acentuadamente em março e no segundo trimestre de 2020 [nas economias do G7], graças ao uso de linhas de crédito e ao apoio sem precedentes de políticas públicas". Com estas medidas, as "empresas conseguiram acumular reservas financeiras para lidar com um período de fluxo de caixa reduzido e de alta incerteza", refere o fundo.
Em Portugal, o Governo disponibilizou vários milhões de euros em linhas de crédito para apoiar as empresas e os setores mais afetados pelo impacto da covid-19 na economia, assim como moratórias no crédito - em vigor até setembro do próximo ano - de maneira a dar mais tempo aos clientes bancários para pagarem as suas dívidas.
"As intervenções de políticas públicas, especialmente aquelas direcionadas ao setor corporativo, tiveram, em geral, um efeito benéfico", afirma a entidade liderada por Kristalina Georgieva.
No entanto, este apoio não pode ser retirado antes do tempo. "Olhando para o futuro, a retirada prematura das políticas de apoio poderia pôr em risco o sucesso alcançado até agora no atendimento amplo das necessidades de financiamento do setor corporativo não financeiro", alerta o FMI.
Uma retirada prematura poderá deixar várias empresas em dificuldades, levando-as para situações de insolvência, o que terá um impacto significativo para a banca.
"Uma questão crucial para a estabilidade financeira no curto a médio prazo será a deterioração da solvência das empresas devido à queda da rentabilidade, provocada pela pandemia, e aumento do endividamento empresarial", refere o fundo, notando que "esta deterioração terá um impacto severo na qualidade dos ativos e capital dos bancos, o que poderá, por sua vez, limitar o financiamento às empresas ao longo dos próximos trimestres".
Este alerta é feito depois de o FMI ter apontado, em junho, para o facto de os níveis elevados de dívida poderem vir a tornar-se ingeríveis para algumas famílias e empresas. E as perdas resultantes das insolvências poderem testar a resiliência do setor bancário em alguns países.