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Pandemia já está a deteriorar qualidade dos ativos da banca, alerta a EBA

A banca europeia mantém uma posição sólida de capital. Mas nem tudo é positivo. Segunda a EBA, a rentabilidade está em mínimos históricos e já há sinais de deterioração da qualidade dos ativos.

Juan Medina/Reuters
11 de Dezembro de 2020 às 17:00
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A banca europeia tem mantido rácios de liquidez e capital sólidos, apesar do forte impacto da pandemia. Ainda assim, o setor deve preparar-se para uma deterioração da qualidade dos ativos. A Autoridade Bancária Europeia (EBA) alerta que já há sinais à vista.

"Apesar do choque provocado pela covid-19, os bancos mantiveram rácios de liquidez e de capital sólidos e aumentaram os seus empréstimos à economia real", começa por dizer a EBA num relatório divulgado esta sexta-feira, 11 de dezembro, sobre a avaliação de risco ao sistema bancário europeu. 

Esta análise incluiu mais de 120 instituições financeiras. Entre os bancos analisados estão a Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novo Banco (através da LSF Nani Investments), Banco Montepio e Crédito Agrícola.

Os rácios de capital e liquidez estão "muito acima dos mínimos exigidos", o que permitiu aos bancos "disponiblizarem o financiamento necessário às empresas no início da crise", nota a EBA. Além disso, refere, "as garantias públicas e o alívio regulatório ajudaram o rácio CET1 a recuperar do impacto inicial". 

De acordo com esta entidade, os bancos europeus incluídos na amostra registavam, em junho, um rácio CET1 médio de 15%. E o capital adicional acima dos requisitos impostos rondava os 318 mil milhões de euros. 

Por cá, mostra o relatório, havia diferenças entre os bancos portugueses relativamente ao rácio de capital. Enquanto na Caixa e no Crédito Agrícola, o rácio situava-se, em junho, acima dos 16% (superior à média europeia), no Banco Montepio e no Novo Banco a percentagem era inferior.

O banco liderado por Pedro Leitão apresentava um rácio de 10,27% e no Novo Banco era de 10,07% nesse mesmo período.

Sinais de deterioração à vista

Apesar disto, "a incerteza económica persiste, a rentabilidade está em mínimos históricos e já vários sinais iniciais de uma deterioração na qualidade dos ativos", refere a entidade, alertanto que as projeções apontam para uma "deterioração significativa ao longo dos próximos trimestres". 

"Os bancos registaram provisões significativas", o que resultou num aumento do custo de risco, refere a EBA. E "embora os rácios de NPL [crédito malparado] tenham continuado a recuar, outros indicadores referentes à qualidade dos ativos já dão sinais de deterioração", salienta, alertando que o fim das medidas adotadas, como é o caso das moratórias e linhas de crédito covid-19, também vai afetar a qualidade dos ativos. 

Isto não está, no entanto, ainda refletir-se no rácio de crédito malparado, diz a EBA. Em junho, o rácio de NPL situava-se, em média, nos 2,9%. Mas este cenário poderá inverter-se. "Após um período de vários anos de descida nos volumes, o volume de NPL aumentou pela primeira vez, embora marginalmente, durante o segundo trimestre de 2020". 

Neste sentido, a autoridade europeia refere que o setor se deve preparar para esta deterioração e começar, assim que possível, a negociar com clientes em dificuldades de maneira a encontrarem a melhor solução. 

Prudência nos dividendos

No mesmo relatório, a EBA deixa ainda um outro alerta: os bancos ainda precisam de ser "prudentes" no pagamento de dividendos. 


"Ainda é necessário haver prudência na distribuição de capital", refere a EBA, notando que, apesar do alívio regulatório aplicado pelos reguladores e aumento dos rácios de capital no segundo trimestre, "o capital continua sob pressão". 

Foi no final de março que o BCE deu indicação aos bancos da Zona Euro para que não pagassem dividendos relativos aos exercícios financeiros deste ano e de 2020 pelo menos até 1 de outubro. Uma recomendação que tem sido seguida pelos bancos portugueses. 

No entanto, esta proibição não deverá durar muito mais tempo. No final de novembro, Yves Mersch, vice-presidente do conselho de supervisão do Banco Central Europeu, disse recear que os bancos usem parte do alívio regulatório nos requisitos de capital para pagar aos acionistas, mas afirmou ser difícil manter esta suspensão do pagamento de dividendos além do final deste ano.

(Notícia atualizada.)
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