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FMI: Pandemia representa "ameaça muito séria" para a banca mundial

O Fundo Monetário Internacional afirma, no relatório de estabilidade financeira, que o "impacto da crise na economia global, assim como o 'timing' de uma recuperação, é altamente incerto".

3.º FMI 2.814,0 toneladas de ouro
reuters
14 de Abril de 2020 às 16:31
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A crise provocada pela pandemia que está a assolar Portugal e o resto do mundo representa uma "ameaça muito séria" para a estabilidade do sistema financeiro global. O alerta consta do relatório de estabilidade financeira divulgado esta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). 

"Esta crise representa uma ameaça muito séria para a estabilidade do sistema financeiro global", afirma a entidade no relatório, notando que, no seguimento da propagação do vírus, as "condições financeiras ficaram mais restritivas a um ritmo sem precendentes, expondo algumas 'fragilidades' nos mercados financeiros globais". 

Neste cenário, um "período longo de disrupção nos mercados financeiros pode pressionar as instituições financeiras", o que, por sua vez, dificultará o acesso do crédito às famílias e empresas, "exacerbando o abrandamento económico", refere o FMI.

A mesma entidade nota ainda que o "impacto da crise na economia global, assim como o 'timing' de uma recuperação, é altamente incerto", isto perante uma pandemia que, de acordo com os números mais recentes, já infetou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo. 

De acordo com o FMI, em "apenas três meses, o 'outlook' para 2020 mudou de um crescimento previsto de mais de 3%, a nível global, para uma contração acentuada de 3% - muito pior do que o que foi registado durante a crise financeira global de 2008-2009". 

Medidas "decisivas" para salvaguardar a estabilidade
Para salvaguardar a estabilidade financeira e económica, os países estão a adotar "medidas decisivas", considera o fundo. "Os bancos centrais aliviaram as políticas monetárias e estão a providenciar liquidez ao sistema financeiro". É graças a estes esforços, refere, que os mercados continuam "funcionais" e o "sentimento dos investidores dá sinais de melhoria". 

Já os supervisores estão "a encorajar os bancos a renegociar com prudência os empréstimos" junto daqueles que mais estão a ser penalizados pela crise. É o caso das moratórias no crédito para famílias e empresas. Por fim, as autoridades nacionais estão a apoiar as pessoas e as empresas através da implementação de medidas "temporárias" e "atempadas", de maneira a limitarem a insolvência das empresas e das famílias. 

Como resultado destas ações, "o sentimento dos investidores estabilizou nas últimas semanas. As tensões em alguns mercados diminuíram e os preços dos ativos de riscos recuperaram parte das quebras iniciais. No entanto, o sentimento continua frágil. As condições financeiras globais continuam muito limitadas em comparação com o início do ano", nota o FMI.

Estas políticas, defende ainda, são essenciais para garantir que esta paragem da economia não levará a danos mais permanentes para a economia, sistema financeiro e para a sociedade. "Assim que o vírus estiver controlado, as políticas devem ser usadas para promover a recuperação", refere.

Banca sob pressão 
Apesar de o FMI considerar que os "bancos têm agora mais capital e liquidez do que no passado", o que os deixou numa melhor posição para suportar esta nova crise financeira, esta resiliência "pode ser testada em alguns países" devido ao forte abrandamento económico. 

"As quedas acentuadas das ações dos bancos desde meados de janeiro sugerem que os investidores estão preocupados com a rentabilidade dos bancos e possível resiliência", nota. Os títulos recuaram, em média, perto de 35% neste período.

A preocupação agora, refere ainda o fundo, foca-se na possibilidade de as instituições financeiras serem "amplificadores", no caso de se registar um aprofundamento da crise. Neste cenário, os "supervisores devem encorajar os bancos a negociar, de uma maneira prudente, ajustamentos temporários aos empréstimos das famílias e empresas com dificuldades em cumprir as suas obrigações".

Em Portugal, o Governo aprovou uma moratória que permite adiar o pagamento do crédito em seis meses. No caso das famílias, apenas está incluído o crédito à habitação na solução do Executivo, mas o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, revelou ontem, na RTP3, que está também a ser desenhada uma moratória para o crédito ao consumo.

(Notícia atualizada.)
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