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Desde 2011 que Banco de Portugal sabia dos problemas da Caixa

O Banco de Portugal realizou uma auditoria à CGD em 2011 que já detetava os mesmos problemas que foram identificados agora na auditoria da EY. 

André Kosters/Lusa
27 de Março de 2019 às 21:41
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O Banco de Portugal realizou uma auditoria interna à Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2011 que detetou os mesmos problemas identificados agora pela EY na sua análise a 16 anos de gestão do banco estatal. Joe Berardo, Espírito Santo International Holding e Investifino (de Manuel Fino) foram alguns dos visados. 

 

O documento, com data de maio de 2011, foi entregue pela deputada bloquista Mariana Mortágua durante a audição do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, na comissão parlamentar de inquérito da CGD, fazendo várias referências às suas conclusões. 

 

A EY identificou diversas "desconformidades" durante a sua análise à gestão da CGD, entre 2000 e 2015, quando foram concedidos créditos de montante elevado perante o parecer desfavorável da Direção de Risco da CGD. Ou mesmo sem a posição desta entidade relativamente ao crédito. 

 

Mas, ainda antes da auditoria da EY, houve uma outra realizada pelo Banco de Portugal que concluiu que existiram "critérios pouco prudentes de valorização de garantias". Ainda assim, não foram apuradas responsabilidades, realçou Mariana Mortágua.


Entre estes critérios, a "consideração de avales pessoais sem que haja a avaliação do património do avalista", dando como exemplo o caso de Joe Berardo, que se financiou através da CGD para a compra de ações do BCP. 

 

Há ainda a "consideração de uma potencial mais-valia a utilizar pelo mutuário (Investifino) na amortização da dívida, assumindo que este exerce a opção de compra da ações da Cimpor contratada com a CGD e vende as mesmas a um preço superior (…) sem que haja certeza quanto à concretização dessas transações". Isto no caso da empresa de Manuel Fino.

 

Relativamente ao Espírito Santo International Holding, do Grupo Espírito Santo, a auditoria detetou a "inexistência de constituição de penhor efetivo das ações dadas em garantia de alguns créditos". 

 

Quando questionado por Mariana Mortágua quanto a estas conclusões retiradas há oito anos pelo Banco de Portugal, Carlos Costa pediu apenas para a deputada "aguardar pela receção da troca de correspondência da Caixa". 

 

Na mesma audição, Carlos Costa voltou a garantir que não participou em nenhuma reunião onde foram discutidos os 25 maiores créditos da CGD. E garantiu, apesar de o regime não o prever, "não ter problema nenhum com o resultado" de uma reavaliação quanto à adequação para ocupar o cargo de governador do Banco de Portugal.

 

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