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Caixa está a reavaliar lista de agências a fechar

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a reavaliar a lista de agências a fechar, disse à Lusa o coordenador da Comissão dos Trabalhadores do banco, que levará o tema esta terça-feira à reunião com o PCP no Parlamento.

David Martins/Correio da Manhã
20 de Março de 2017 às 19:28
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A Comissão de Trabalhadores reúne-se na terça-feira com o grupo parlamentar do Partido Comunista, na Assembleia da República, e uma das preocupações de levará ao encontro será precisamente o fecho de cerca de 200 agências que o banco público irá promover até 2020 por todo o país.

Segundo o coordenador da estrutura representativa dos trabalhadores, Jorge Canadelo, tem sido difícil aceder à lista de balcões a fechar, apesar de já terem sido noticiados na imprensa, e a informação de que dispõe é de que está a haver uma "reavaliação da lista", o que considera que estará ligado com a "movimentação da opinião pública e do poder político" nas últimas semanas a propósito deste tema.

O coordenador disse ainda que a CT tem estado em contacto com os trabalhadores dos balcões que têm sido indicados como podendo fechar e que em muitos casos têm alertado para a perda de negócio que o banco sofrerá caso opte por essa via, com vantagens "para os privados".

A Lusa questionou fonte oficial da CGD sobre a reavaliação da lista de balcões a fechar, mas até ao momento não obteve resposta. Já o primeiro-ministro e o ministro das Finanças falaram hoje sobre este assunto.

O chefe do Governo, António Costa, defendeu que o plano de reestruturação da CGD prevê a presença do banco público em todo o país e salientou que o Executivo não se substituirá à administração, colocando em causa a liberdade de gestão.

Já o ministro Mário Centeno afirmou, em Bruxelas, estar "completamente seguro" de que todos os portugueses terão acesso a serviços bancários da Caixa Geral de Depósitos mesmo depois da reestruturação da rede de agências.

Segundo o plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia, a CGD fechará cerca de 25% dos balcões abertos ao público (com funcionários a atender clientes), passando de 651 para 470 ou 490 daqui a três anos.

Já este ano o plano da CGD é de fechar 70 balcões, cerca de 50 no final deste mês e os restantes até final do ano.

Desde há semanas que os encerramentos têm provocado contestação do poder político local, como são os casos de Almeida, no distrito da Guarda, Marvão, no Alto Alentejo, freguesia do Teixoso, na Covilhã, Santa Margarida, concelho de Constância, e Golegã, ambas no distrito de Santarém.

Fonte do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Caixa já tinha dito à Lusa que estão preocupados com encerramento de balcões sobretudo nos casos de sedes de concelho e também adiantou que está previsto o fecho do balcão das Lajes do Pico, nos Açores.

Entretanto, mais recentemente e a nível nacional, PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes" mostraram preocupação quanto a estes encerramentos, que contam com a oposição do PSD.

Em 10 de Março, aquando da apresentação de resultados do banco referentes a 2016, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, disse aos jornalistas que a Caixa tem noção de que deve "prestar o serviço público" e que "vai ter isso em atenção" nos fechos programados, mas também considerou que não pode ser esta a ficar onde outros bancos não querem.

"Ninguém peça à CGD para ficar em todos os sítios onde os outros bancos não querem ficar. Se isso acontecesse, então a Caixa não saía dos seis anos de prejuízos que teve", afirmou.

Ainda assim, Macedo mostrou-se já então disponível para estudar a manutenção, mesmo que a tempo parcial, de algumas das agências que deveriam encerrar.

Contudo, a reavaliação da lista de agências a fechar não deverá trazer grandes alterações uma vez que esta foi negociada com Bruxelas pela anterior administração do banco público, liderada por António Domingues, e é uma das contrapartidas acordadas para que a recapitalização da CGD que está a decorrer, num montante superior a 5.000 milhões de euros, não seja considerada ajuda de Estado.

A CGD apresentou prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros o ano passado, dez vezes mais que os resultados negativos de 171 milhões de euros de 2015, o que foi justificado pela constituição de novas imparidades (perdas potenciais, sobretudo para crédito) num montante superior a 3.000 milhões de euros.
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