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Caixa já tem "luz verde" para aumentar capital

O aumento de capital do banco do Estado já foi aprovado mas a concretização está dependente da realização da emissão de dívida perpétua.  

Pedro Elias
20 de Março de 2017 às 08:41
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A Caixa Geral de Depósitos anunciou esta segunda-feira, 20 de Março, que o Estado português já deu luz verde ao aumento de capital de 2.500 milhões de euros.

 

"A Caixa Geral de Depósitos, S.A. (CGD) informa que, por deliberação social unânime por escrito de 17 de Março de 2017, o accionista único da CGD (Estado Português) decidiu proceder ao aumento do capital social da CGD no montante de 2.500.000.000 euros, mediante a emissão de 500.000.000 novas acções ordinárias de valor nominal de 5,00 cada euros", refere um comunicado do banco do Estado.

 

Contudo, tal como já estava previsto, a concretização desta injecção de capital do Estado no banco público está dependente da emissão de dívida perpétua. "Este aumento de capital será subscrito e realizado pelo referido accionista no dia da liquidação da emissão das obrigações subordinadas additional tier 1 no montante de 500.000.000 euros", acrescenta o comunicado.

 

A emissão de dívida está já a arrancar, com os gestores do banco público a partirem para um "roadshow" a realizar esta semana em várias cidades europeias, com destaque para Londres e Paris.

 

Num outro comunicado, o banco do Estado adianta que depois do "roadshow" a emissão será anunciada em mercado, sendo "registadas as ordens de compra dos investidores em processo de book building, que permitirá apurar o montante subscrito por cada um deles".

 

"A emissão e liquidação financeira dos Valores Mobiliários por parte dos investidores ocorrerá na semana seguinte, coincidindo com a data de realização do aumento de capital em dinheiro" por parte do Estado, sendo que as duas operações "são interdependentes porquanto a não realização de uma delas implica que a outra não se realize", refere o comunicado.

 

Será assim o início de Abril que a Caixa receberá um total de 3 mil milhões de euros em dinheiro para reforçar os seus rácios de capital, numa operação que poderá ter impacto nas contas públicas.

 

A instituição financeira liderada por Paulo Macedo publicou ontem um conjunto de perguntas e respostas sobre a emissão de dívida, que se transcreve em baixo.

Perguntas e respostas

Quem pode investir, quando poderão ser amortizadas, qual o risco associado são algumas das perguntas esclarecidas.

 

 

Qual o objectivo desta emissão?
Esta emissão no valor de 500 milhões de euros corresponde à primeira tranche de um total de 930 milhões de euros de dívida subordinada que a CGD vai emitir e que faz parte da segunda fase do plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, acordado entre o Estado Português e a Comissão Europeia.

Qual o Prazo do investimento?
A emissão é perpétua, mas a CGD poderá amortizá-la antecipadamente ao fim de 5 anos e a partir dessa data, em cada uma das datas de pagamento de juros, sujeito a autorização por parte das autoridades competentes.

Qual a Taxa de Juro?
A taxa de juro dos Valores Mobiliários ainda não está definida, dependendo da procura por parte dos investidores interessados e das condições de mercado.

Qual o risco destes títulos?
Caso o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET1) consolidado ou individual da CGD desça abaixo de 5,125%, o valor nominal dos Valores Mobiliários será reduzido de forma a repor o referido rácio de fundos próprios principais de nível 1. Esta redução pode ser temporária, uma vez que se a CGD voltar a ter lucros, poderá repor o valor nominal dos Valores Mobiliários desde que, ao fazê-lo, o rácio de fundos próprios principais de nível 1 não desça abaixo de 5.125%.

As obrigações podem ser convertidas em ações?
Não, não faz parte das condições da emissão. Por lei as acções da Caixa Geral de Depósitos apenas podem ser detidas Estado Português. Para garantir isso a emissão prevê o mecanismo de redução do valor nominal dos títulos e não a conversão em acções.

Qual a relação entre a Emissão de AT1 e o aumento de capital em dinheiro no valor de 2.500M€ por parte do Estado Português?
A data de realização do aumento de capital em dinheiro no valor de 2.500M€ por parte do Estado coincide com a data de liquidação financeira dos títulos por parte dos investidores. Estas duas operações são interdependentes porquanto a não realização de uma delas implica que a outra não se realize.

A quem se destinam estes títulos?
A emissão não se destina ao público em geral, apenas a investidores institucionais profissionais (privados), nomeadamente fundos de investimento, hedge funds, fundos de pensões e seguradoras, identificados como tal pelos bancos de investimento que irão assistir a Caixa no processo de colocação de dívida.

Uma empresa poderá investir nestes títulos?
Apenas se se tratar de uma empresa classificada como investidor institucional profissional, identificada como tal pelos bancos de investimento que irão assistir a Caixa no processo de colocação de dívida.

Um investidor particular de alto rendimento, residente na UE pode investir nestes títulos?
Não. A emissão não pode ser colocada em investidores particulares.

Porquê fazer a emissão no Luxemburgo?
Porque a CGD tem habitualmente admitidos neste mercado valores mobiliários emitidos no âmbito do seu programa de European Medium Term Notes (EMTN) – mais de 400 emissões realizadas desde o ano 2000 – quando as mesmas se destinam exclusivamente a investidores institucionais.

Em que mercados emitem os emitentes internacionais?
As praças do Luxemburgo e da Irlanda são um standard internacional para este tipo de emissões, dada a tipologia de investidores alvo, sendo que a grande maioria das emissões de AT1 realizadas por bancos europeus estão cotadas num destes dois mercados.

   

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