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CGTP quer sindicato a negociar com administração da Autoeuropa
Arménio Carlos defende que a direcção da fábrica da Volkswagen deve negociar também com o sindicato SITE Sul, afecto à CGTP.
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) defende que os sindicatos devem ter maior protagonismo na Autoeuropa. A administração da fábrica da Volkswagen rejeita negociar um acordo laboral com sindicatos e só regressa à mesa de negociações quando um nova comissão de trabalhadores assumir funções, o que deverá acontecer no início de Outubro.
A confederação intersindical exige, primeiro, que a administração recue na sua intenção de introduzir o trabalho ao sábado, para depois arrancarem negociações, envolvendo os sindicatos, para encontrar soluções para este conflito laboral. Um dos maiores sindicatos da Autoeuropa é o SITE Sul, afecto à CGTP.
"Se a Autoeuropa e a sua administração fazem questão de defender o diálogo social, e também a negociação, o bom senso aconselha a que se sentem à mesa as organizações que representem os trabalhadores, quer sejam as comissões de trabalhadores, quer sejam os sindicatos. Nada de hostilizar ninguém", disse ao Negócios o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
"A Autoeuropa pura e simplesmente não pode deixar de se reunir com os sindicatos, tem que falar com os sindicatos porque são estes que representam os trabalhadores. Da mesma forma que pode e deve falar com a comissão de trabalhadores", afirmou o sindicalista.
As declarações de Arménio Carlos acontecem no dia da primeira greve (sem contar com greves gerais) em mais de duas décadas da Autoeuropa, com o sindicalista a acreditar que a administração recue na sua proposta. "Acredito que o bom senso leve a retirar a proposta, para começar a negociar e encontrar soluções".
"Não tem que excluir nenhuma destas organizações do diálogo e da discussão, porque são legítimas. O diálogo social faz-se a dois, as negociações fazem-se a dois: representantes dos trabalhadores e entidade patronal", destacou Arménio Carlos.
Sobre a possibilidade de mais dias de greve na Autoeuropa, o sindicalista diz que "como em tudo na vida temos que dar um passo de cada vez. Este passo demonstra que a administração não teve em consideração o sentimento que os trabalhadores, daí a adesão quase total a esta greve".
"Agora o que importa é dar o passo seguinte. Retomar o diálogo, expurgar tudo aquilo que possa gerar problemas na proposta que a empresa apresentou e apresentar alternativas. Depois deste passo, se se concretizar ou não, veremos se temos de dar o terceiro passo [nova greve], ou se porventura não é necessário", rematou Arménio Carlos.
O líder da CGTP rejeitou fazer comentários às declarações de António Chora. O antigo coordenador da comissão de trabalhadores, em entrevista ao Negócios, acusou o sindicato SITE Sul de ser populista e de estar a realizar um "assalto ao castelo" com o objectivo de passar a controlar a comissão de trabalhadores da fábrica de Palmela.