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Rio promete "princípio do fim" da 'geringonça' e pôr PSD ao centro
Na oficialização da candidatura à presidência social-democrata, Rui Rio promete que este é o dia que assinala o "princípio do fim" da 'geringonça' e põe de parte o regresso ao bloco central. Rio quer inverter o legado de Passos, fazendo questão de reposicionar o partido ao centro e, por fim, garante que não fará "rupturas geracionais" porque velhos e novos são todos importantes.
Foram quatro as ideias centrais apresentadas por Rui Rio no discurso em que oficializou a sua candidatura à presidência do PSD: a intenção de recolocar o PSD ao centro do espectro político, a rejeição a "rupturas geracionais", a recusa de uma solução de tipo bloco central, e a promessa de fim da plataforma parlamentar que apoia o Governo socialista.
Estas foram as linhas mestras da declaração com a qual Rui Rio se apresentou aos militantes social-democratas e também ao país. Num evento realizado em Aveiro e sob gritos de elementos da JSD que entoavam "Rio vai em frente, tens aqui a tua gente", o antigo autarca portuense fez questão de reposicionar o PSD ao centro.
Já depois de dar uma "palavra de respeito e gratidão ao doutor Passos Coelho pelos serviços que prestou ao partido e ao país", Rio frisou que "somos social-democratas, o PSD não é um partido de direita". Se a primeira ideia era para agradar aos "passistas", com a segunda tentou também chegar aos críticos da guinada à direita promovida no legado de Passos.
E possivelmente para não deixar para Santana Lopes - até agora o único adversário assumido mas não oficial nas directas do partido - o legado dos fundadores do PPD a que o antigo primeiro-ministro tantas vezes recorre, Rui Rio lembrou que o partido que Sá Carneiro e Pinto Balsemão fundaram "é um partido do centro, que vai do centro-direita ao centro-esquerda". "Não é e não será um partido de direita como alguns têm tentado caracterizar."
"PSD é um partido de poder, não é a muleta do poder"
Aos que criticam a impossibilidade de mudanças de rumo providenciadas por candidatos com mais de 60 anos de idade - Rio e Santana são sexagenários - Rio responde com a rejeição inequívoca a "rupturas geracionais". "Num PSD por mim presidido não há rupturas geracionais, todos somos importantes", porque só a conjugação de esforços entre os mais velhos e os mais novos permite "assegurar um futuro melhor para todos".
Sobre as críticas que apontam a propensão de Rio para soluções de consenso numa lógica de bloco central, o candidato à liderança social-democrata desfaz quaisquer dúvidas: "O PSD é um partido de poder, não é a muleta do poder", garantia através da qual Rui Rio desfaz dúvidas quando ao seu eventual apoio a uma solução governativa composta por PS e PSD.
Rio apontou depois baterias à chamada 'geringonça', defendendo que o "país não se pode deixar hipnotizar pela [actual] conjuntura positiva" e que é necessário pensar nas reformas estruturais que permitam "preparar o futuro" porque não chega "gerir o presente e lamentar o passado". Destacando as "contradições" programáticas dos quatro partidos que integram a 'geringonça', Rio sustenta que "a coligação parlamentar que hoje nos governa jamais será capaz" de governar a pensar no futuro.
Feito o diagnóstico, Rui Rio assegurou que este dia em que oficializa a sua candidatura assinala o primeiro dia para o PSD "no caminho da reconciliação com os portugueses". Mas talvez ainda mais importante, "para os portugueses será o princípio do fim da coligação parlamentar que hoje periclitantemente nos governa".
Ficou também clara a tentativa de realçar a importância de providenciar unidade no seio do PSD e de passar uma ideia de futuro para o partido e para Portugal. Rio considera "urgente que o PSD seja capaz de ser o agente dessa mudança".
A política em Portugal precisa de um "banho de ética"
De seguida, o ex-autarca passou a um tema recorrente nas suas intervenções políticas. Rio destacou a importância da ética na acção política e desempenho de cargos políticos, defendendo que "se há coisa de que hoje a política em Portugal precisa é, justamente, de um banho de ética". "Não pode valer tudo. Antes de mais tem de haver princípios e valores", atirou.
Ainda nesta senda e perante a necessidade de "revitalizar a democracia", assegurou que isso só será possível "com agentes políticos sérios, capazes e competentes".
Elencando ainda as razões para agora apresentar a candidatura apesar de o não ter feito antes, o actual consultor realçou que nas outras situações o PSD não estava em "crise" mas agora "está numa situação particularmente difícil". E acrescentou que se a actual conjuntura que o PSD atravessa não for "combatida pode conduzir o partido à irrelevância".
(Notícia actualizada pela última vez às 19:55)