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Costa conhece "bem" e já trabalhou com Santana e Rio mas rejeita "Bloco Central"

O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que conhece bem, pessoalmente, e já trabalhou politicamente com os dois candidatos à liderança do PSD, Pedro Santana Lopes e Rui Rio, mas afastou qualquer cenário de "Bloco Central" entre socialistas e sociais-democratas.

Miguel Baltazar/Negócios
11 de Outubro de 2017 às 12:42
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António Costa falava aos jornalistas após ter estado presente na sessão de lançamento do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, na Culturgest.

Interrogado sobre a situação interna existente entre os sociais-democratas, António Costa salientou que não vai interferir na vida interna desse partido, desejando ao PSD "as maiores felicidades".

"Desejo a ambos os candidatos os maiores sucessos nesta disputa que vão travar entre si. Não há nenhuma democracia sem oposições fortes", justificou.

Em relação aos dois candidatos à liderança do PSD, Pedro Santana Lopes e Rui Rio, António Costa referiu que são duas personalidades que conhece bem "e que o país também conhece há muitos anos", não sendo, portanto, qualquer deles "uma surpresa para ninguém".

"Quer o dr. Rui Rio, quer o dr. Pedro Santana Lopes são duas pessoas que conheço bastante bem e com quem tive a oportunidade de trabalhar no passado, um liderando a oposição na Câmara de Lisboa e outro como presidente da Câmara do Porto", indicou.

"Tenho muita experiência de trabalho com os dois. Tenho a certeza de que, com qualquer nova liderança do PSD, será possível falarmos normalmente e trabalharmos em torno de estratégias que transcendem o horizonte das legislaturas, como o Portugal 2020. Já disse que desejava um acordo político alargado na Assembleia da República, designadamente ao nível de investimentos em infraestruturas", declarou António Costa.

No entanto, o primeiro-ministro fez questão de afastar qualquer cenário de coligação de Governo de "Bloco Central", entre PS e PSD.

António Costa vincou então não ser defensor dessa ideia de Bloco Central, porque entende que o país precisa de escolhas e alternativas.

"Outra coisa completamente diferente é perceber que, havendo divergências na área da governação e quanto aos caminhos a seguir no curto prazo, há matéria relativamente às quais é sempre possível chegar a consensos, porque são consensos estruturantes da sociedade portuguesa. Mas isso nada tem a ver com soluções governativas. Os portugueses devem ter diferentes possibilidades de escolha", sustentou.

O primeiro-ministro apontou depois para as consequências políticas nefastas que se verificaram nos países em que houve grandes coligações de Governo, ou soluções tipo bloco central, casos da Áustria, Alemanha ou Holanda.

"O resultado foi sempre o enfraquecimento dos espaços das forças governativas e a emergência de focos de radicalização. Prefiro que os portugueses tenham sempre escolhas claras em relação aos diferentes caminhos alternativos", insistiu.

Neste ponto, o primeiro-ministro aproveitou para defender a actual solução política de executivo em Portugal, com um Governo minoritário socialista apoiado pelo Bloco de Esquerda, PCP e PEV no parlamento.

"Este Governo resulta aliás da capacidade de termos gerado uma solução política original, rompendo velhos tabus de ausência de diálogo. O que marca a sociedade portuguesa é haver uma grande descompressão e sermos uma sociedade de diálogo muito aberto", disse.

Neste ponto, António Costa defendeu mesmo que "nunca antes" houve na Assembleia da República um quadro político onde todas as forças políticas tivessem uma participação tão activa.

"Partidos durante anos excluídos daquilo que se designa como arco da governação são hoje parceiros activos na solução de Governo, na construção do Orçamento e podem ver presente nas marcas da governação as suas propostas. Não me recordo também de um período de cooperação institucional tão forte entre o Presidente da República e o Governo, e um respeito tão escrupuloso da independência judicial", acrescentou.

Ainda em relação à situação interna do PSD na sequência das eleições autárquicas, o primeiro-ministro desdramatizou-a, dizendo que "todos os partidos já passaram por fases de crise".

"O PS também já passou e soube superá-la. Mas é evidente que, nos próximos tempos, o PSD estará mais concentrado sobre si próprio e o Governo terá de continuar concentrado no que lhe compete: Resolver os problemas dos portugueses e governar Portugal", acrescentou.
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