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Passos: “Se pedisse a reestruturação da dívida, teríamos um segundo resgate”

A reestruturação da dívida é um tema que não colhe simpatias na Europa e que pode mesmo deitar por terra os sacrifícios dos portugueses nos últimos anos. O que é preciso é fazer reformas estruturais e captar investimento, defende Passos Coelho.

03 de Abril de 2016 às 16:38
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Passos Coelho continua empenhado em reformar estruturalmente a economia para assim conseguir torná-la mais atractiva à captação de investimento. E não podia discordar da reestruturação da dívida, o caminho preconizado por partidos como o Bloco de Esquerda ou o PCP para resolver a elevada dívida pública nacional. "Se alguém pensa que com a conversa do perdão da dívida vai mudar a Europa, está muito equivocado", afiança.

 

Até porque essa reestruturação já foi feita. "Aquilo a que se chama a reestruturação técnica da dívida foi feita em Portugal" no que toca aos empréstimos europeus. "Já o fizemos, estendemos as maturidades, os prazos que temos para poder pagar a dívida dos empréstimos europeus. Mais do que isto só pedindo que eles paguem os juros do dinheiro que nos emprestam – não é possível mais do que isso", assinalou Passos Coelho

 

Voltando ao período em que era primeiro-ministro, Passos Coelho disse que "sabia que no dia em que dissesse que Portugal queria reestruturar a sua dívida, nós caminharíamos imediatamente para um segundo resgate", porque iria perder a confiança dos mercados. E deixa um aviso a António Costa. "Se o actual Governo deixar que se alimente alguma dúvida à volta disto, estou profundamente convencido que não só não ganharemos nada com isso como poderemos perder muitos dos sacrifícios dos últimos anos", avisou Passos Coelho.

 

Recentemente, o Governo português assinalou que só falará da renegociação da dívida quando esse debate surgir a nível europeu.

 

Mas Passos Coelho não desarmou. "Há quem acredite que é a Europa que nos vai perdoar as dívidas do futuro", exemplificou. Mas "o euro foi fundado sob princípios muito claros: os países devem ser responsáveis, se precisarem de ajuda devem tê-la de forma solidária". E "no dia em que os países não devolverem o que lhes foi emprestado, não estamos a falar de solidariedade, estamos a falar de povos da Europa que andam a pagar as dívidas de outros povos. Nesse dia o euro acabou".

"Se alguém pensa que a conversa do perdão da dívida vai mudar a europa, esta muito equivocado", sentenciou Passos Coelho.

 

Reformas ajudam a pagar dívidas

 

Para resolver os problemas de elevado endividamento nacional, Passos Coelho propõe uma "nova geração de políticas estruturais" para "melhorar a nossa capacidade de gestão, e melhorar os resultados que nos permitirão pagar as nossas dívidas". Esse é um caminho importante, mas que não pode ser desligado da captação de investimento estrangeiro, defende.

 

"Se pudermos ter uma segunda geração de políticas estruturais bem-sucedidas, se gastarmos melhor, se tivermos equilíbrio, se apostarmos nos sectores reprodutivos e com futuro, teremos melhor futuro do que poderemos ambicionar hoje, mas não cresceremos além de 2%, 2,5%", nota. "Crescer a esse ritmo não nos permite nem pagar as dívidas a um ritmo adequado nem investir no futuro como precisamos".

 

Então o que é preciso fazer? Há duas ideias: "uma é aquela que, mesmo depois da observação dos problemas dos últimos anos, acha que é preciso reestruturar a dívida". A outra é a do PSD: precisamos de atrair mais investimento externo para o país, que crie mais emprego nas empresas e riqueza no futuro".

 

Política monetária não está a funcionar

 

Na análise que fez à Europa e à política europeia, Passos Coelho lamentou que se esteja a comprar tempo. "Temos comprado tempo na Europa, até com políticas do BCE para que os países tivessem a oportunidade de fazer reformas importantes que pusessem a economia a gerar emprego e rendimento". Mas essa "política monetária está cada vez mais a perder eficácia na Europa, e qualquer dia pouco sobrará para responder ao problema do desemprego estrutural e da capacidade de crescer ao nível das expectativas que os europeus têm", lamentou.

 

Isso acontece também na Turquia, nota Passos. "Podemos ter tido com a Turquia a possibilidade de comprar tempo para responder melhor ao desafio da integração dos refugiados, mas comprar tempo só é importante se fizermos o que é preciso". E não se está a fazer, critica.

 

Por isso é essencial criar um Fundo Monetário Europeu, uma proposta já antes apresentada por Passos Coelho, e reformar "as nossas instituições e políticas" europeias.

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