Jorge Bacelar Gouveia interveio no congresso do PSD, esta tarde em Espinho, para lançar críticas ao caminho trilhado pelo PSD nos últimos anos, altura em que esteve no Governo e, diz, aplicou uma receita liberal na economia. "Eu achava que, sendo militante há mais de 30 anos, o PSD era sempre social-democrata, portanto fico contente ao ver este lema [Social-Democracia Sempre!]. O problema é que nos últimos tempos ficava com dúvidas sobre se o nosso partido era mesmo social-democrata", assinalou.

Segundo o constitucionalista, a matriz do partido era posta em causa "quer em matéria de um certo liberalismo económico que se instalou, quer em medidas sociais agressivas contra certos grupos etários vulneráveis ou na neutralidade de valores que nada tem a ver com o PSD", assinalou.

Passos Coelho utilizou o slogan "Social-Democracia Sempre" na campanha para as eleições internas do PSD, que venceu com 95% dos votos a 5 de Março. Com este slogan, Passos tentava descolar-se das acusações de ter virado o partido demasiado à direita, tendo dessa forma esquecido preocupações sociais que actualmente são de partidos de esquerda. Bacelar Gouveia certificou que, no seu entender, essa viragem aconteceu de facto.

Bacelar Gouveia aplaudiu ainda o facto de Passos Coelho ter lançado "um conjunto de reformas" para lá da reforma da Segurança Social. Em especial a "reforma do sistema político que é muito mais que a do sistema eleitoral", e que deve abarcar "o voto preferencial" e "uma nova lei das incompatibilidades".

A terminar, Bacelar Gouveia disse que ficaria "muito triste" se o PSD se decidisse coligar com o CDS para as eleições na Câmara de Lisboa e a lista fosse encabeçada por Assunção Cristas. "Ficaria muito triste se isso sucedesse porque significaria que tínhamos alienado a nossa capacidade de afirmação política", rematou. O líder da concelhia do PSD de Lisboa, Mauro Xavier, já afastou essa possibilidade.