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Movimento 5 Estrelas e Liga acusam mercados de chantagem

As quedas na bolsa e a escalada dos juros da dívida soberana são vistas, pelos líderes dos dois maiores partidos populistas de Itália, como uma forma de chantagem. Isto numa altura em que Di Maio e Salvini negoceiam a formação de governo.

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O programa anti-europeísta dos dois partidos italianos – o Movimento 5 Estrelas e a Liga – que estão a negociar a formação de um governo desagradou aos investidores, que têm estado a desfazer-se de acções e dívida soberana transalpinas.

 

Até esta semana, os mercados estiveram relativamente calmos perante este potencial governo italiano – que, a avançar, será o primeiro composto por duas forças eminentemente anti-sistema –, dada a expectativa de que os dois partidos não estivessem a planear políticas especialmente radicais.

 

No entanto, o Huffington Post Italy divulgou um esboço do programa que está a ser debatido entre o 5 Estrelas e a Liga, que revelou que poderão ser adoptadas políticas desestabilizadoras.

 

Nos termos desse programa, os líderes dos dois partidos estão a pensar propor uma via para os países saírem do euro e querem pedir ao Banco Central Europeu que "congele" ou "cancele" 250 mil milhões de euros de dívida italiana que a autoridade monetária deverá ter no seu balanço aquando da conclusão do programa mensal de compra de activos ainda em vigor. 

Esta potencial coligação entre o 5 Estrelas, liderado por Luigi Di Maio, e a Liga, encabeçada por Matteo Salvini, está assim a causar apreensão em Bruxelas, com os líderes da Zona Euro a verem esta solução governativa como o cenário mais disruptivo na política italiana.

 

A intenção, do 5 Estrelas, de que a União Europeia recue na obrigatoriedade de uma disciplina orçamental rigorosa no sentido de promover a convergência económica entre os Estados-membros, sugere que o partido está a alinhar posições com a Liga, sublinha o Financial Times.

 

Este cenário assustou os mercados, tendo a Bolsa de Milão encerrado a sessão desta quarta-feira a cair mais de 2%.

 

No mercado obrigacionista, a possibilidade de perdão da dívida italiana levou os juros das obrigações soberanas a 10 anos dispararem 17 pontos base para 2,12%, o nível mais elevado desde Outubro do ano passado e que se situa já mais de 30 pontos base acima da "yield" das obrigações portuguesas com a mesma maturidade (que seguiam a subir 6 pontos base ao final da tarde). Já o "spread" face à dívida alemã disparou para perto de 150 pontos base.

 

A reflectir esta instabilidade, o índice Stoxx para a banca recuou mais de 1%, com o alemão Commerzbank a perder mais de 6% e os italianos Finecobank, BPM e Unicredit a deslizarem mais de 4,5%.

 

Os líderes do 5 Estrelas e da Liga já reagiram. Citado pelo Financial Times, Di Maio comentou que assim que se ponderou a formação de um governo 5 Estrelas/Liga, "a ansiedade começou". "Vejo algum receio por parte dos eurocratas. Mas eles não me metem medo", afirmou esta quarta-feira.

 

Já Salvini diz que os investidores estão a tentar "chantageá-los", desfazendo-se de activos italianos, enquanto tentam formar um novo governo. "Eles estão a tentar travar-nos com a habitual chantagem da subida dos ‘spreads’, da queda das bolsas e das ameaças europeias", afirmou o líder da Liga, citado pelo jornal britânico.

 

No entanto, acrescentou Salvini, "desta vez a mudança está a chegar, com mais trabalho e menos migrantes ilegais, mais segurança e menos impostos".

 

Di Maio e Salvini insistem que querem transformar o panorama de elaboração de políticas económicas europeias, começando por renegociar os tratados da UE com outros países antes de avançarem para medidas mais radicais, refere o FT.

 

Essa reformulação ponderada pelos líderes dos dois partidos – a chamada "configuração pré-Maastricht" – está então a dominar as atenções em todos os quadrantes.

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