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Bruxelas avisa Di Maio e Salvini: regras orçamentais são para cumprir
Numa altura em que o 5 Estrelas e a Liga estão a "ultimar" um programa de governo, vários dirigentes europeus vieram já avisar que as regras orçamentais e a política migratória são para continuar a cumprir. Salvini acusou o toque e fala em "interferência inaceitável".
Avizinha-se difícil a relação entre Bruxelas e o ainda eventual futuro governo italiano de coligação entre o Movimento 5 Estrelas de Luigi Di Maio e a Liga de Matteo Salvini. No dia seguinte a Di Maio e Salvini terem pedido mais tempo para "ultimar" o programa de governo de aliança entre as duas forças anti-sistema, a Comissão Europeia já avisou que as regras determinadas pelo Pacto de Estabilidade são para cumprir e que a política migratória é para respeitar.
"É evidente que face à formação do novo governo [italiano], e tendo em conta o necessário respeito pela estabilidade financeira, deve manter-se o actual caminho de redução gradual do défice e da dívida pública", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, em entrevista ao Politico.
Outro vice-presidente da Comissão, Jyrki Katainen, citado pelo Corriere della Sera, avisou que não haverá "excepções" ao cumprimento das regras, designadamente das metas definidas no Pacto de Estabilidade com vista à prossecução de políticas de "consolidação orçamental".
Tendo em conta que as políticas defendidas pelo 5 Estrelas e pela Liga na campanha eleitoral implicam um relevante aumento da despesa e que estes partidos reivindicam posições eurocépticas, Dombrovskis sublinhou que também o presidente italiano Sergio Mattarella defende intransigentemente o compromisso de Roma face à União Europeia.
O outro aviso veio do comissário europeu para a Migração, Dimitris Avramopoulos, e dirigiu-se em especial à Liga de Salvini: "não queremos alterações na linha da política migratória".
Matteo Salvini reagiu de pronto às declarações dos comissários europeus garantindo que havendo acordo de governo com o 5 Estrelas, o mesmo terá de incorporar uma "nova posição da Itália na Europa".
Tal como já havia ontem defendido, Salvini defendeu que para prosseguir as políticas prometidas relacionados com o direito ao trabalho ou a defesa da agricultura e pescas implica uma nova postura face a Bruxelas, desde logo porque os "vínculos" europeus impossibilitam a prossecução de medidas favoráveis aos cidadãos italianos.
"Foi a enésima interferência inaceitável da Europa dos não eleitos", resumiu Salvini. O líder da Liga quer alterar profundamente as regras relativas à recepção de refugiados, alargando a margem de Roma para deportar imigrantes ilegais.
Tendo em conta o impasse político e, segundo reporta o La Stampa, a percepção de Mattarella de que tanto Di Maio como Salvini querem evitar novas eleições, o presidente transalpino terá concedido até esta quinta-feira para que o 5 Estrelas e a Liga consensualizem não só o guião político como o elenco de um governo de coligação.