Notícia
Mattarella encarrega Conte de formar próximo governo italiano
Após 80 dias de impasse político, o presidente da República da Itália incumbiu Giuseppe Conte de formar um novo governo, que deverá ter apoio parlamentar do 5 Estrelas e da Liga. Conte garantiu que vai manter-se alinhado com Bruxelas.
Foi depois das quase duas horas que durou o encontro entre Sergio Mattarella e Giuseppe Conte que o presidente da República da Itália decidiu indigitar como primeiro-ministro o nome proposto pelo Movimento 5 Estrelas e pela Liga. Com esta indigitação, Conte ficou também incumbido de formar um novo governo, que deverá merecer o apoio parlamentar das duas forças anti-sistema.
"Serei o advogado defensor de todo o povo italiano", declarou o professor de Direito à saída da audiência com o presidente da República. No entanto, Giuseppe Conte notou aceitar a incumbência "com reserva", já que a formação de um governo dependerá da capacidade para recolher apoio maioritário da câmara baixa do parlamento transalpino. Conte teve aprovação do presidente apesar das dúvidas suscitadas nas últimas horas sobre o currículo do professor de Direito.
O docente na Universidade de Florença revelou ter falado com Mattarella sobre os "desafios delicados" que hoje se apresentam a Itália e garantiu que reiterará o posicionamento internacional e europeu do país. Ou seja, Conte assegurou ao presidente italiano que enquanto primeiro-ministro irá respeitar os compromissos externos assumidos por Itália, desde logo as regras europeias.
Nesse sentido, disse que uma das prioridades passará pela preparação do próximo Conselho Europeu que terá lugar em finais de Junho e em que o primeiro-ministro indigitado espera ver avanços na conclusão da união bancária. A negociação do próximo quadro financeiro plurianual da União Europeia e a reforma às regras de asilo foram outros pontos salientados.
Decorreram 80 dias desde as eleições de 4 de Março até este dia 23 de Maio, um período marcado pela incerteza sobre a possibilidade de haver um novo governo ou eventuais novas eleições. Contudo, o partido mais votado (5 Estrelas) e o partido mais representativo da coligação de direita (Liga), que foi a força mais votada nas eleições, chegaram a acordo sobre um programa de governo.
"Prepara-se para nascer um governo de mudança", declarou esta tarde Conte, que promete um programa resultante da discussão entre as "forças políticas da maioria".
Dois dias depois de os líderes do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, e da Liga, Matteo Salvini, terem proposto o nome de Conte, o presidente transalpino convocou o professor para comparecer esta tarde no palácio presidencial (Quirinal). Na terça-feira, Mattarella ouviu os líderes das duas câmaras do parlamento italiano para avaliar as possibilidade de Conte para formar um governo com apoio maioritário e terá ficado satisfeito.
No entanto, as quase duas horas desta audiência foram as mais longas de sempre no que diz respeito a um encontro destinado à indigitação de um primeiro-ministro, o que se deve ao facto de Mattarella querer receber garantias quanto ao projecto de Giuseppe Conte. Porque se Conte formar governo, será o primeiro executivo italiano apoiado por duas forças assumidamente anti-sistema, com posições eurocépticas e defensores de políticas que desafiam a rigidez orçamental preconizada por Bruxelas.
A Constituição confere poderes ao presidente que permitirão a Mattarella continuar a exercer influência nos próximos passos até à formação de um novo governo, concretamente no que diz respeito aos nomes que vão compor o novo executivo. O Il Fatto Quotidiano refere que Mattarella não deixará de intervir e fazer pressão na escolha dos titulares das pastas mais sensíveis, como as Finanças e Negócios Estrangeiros. O nome apontado como mais forte para as Finanças é Paolo Savona, um ex-banqueiro que tem vindo a mostrar-se muito crítico do euro, algo que é visto com muitas reservas por Mattarella.
5 Estrelas, Liga e Mattarella, nenhum escapa às críticas da oposição
Finda a audiência e ouvidas as declarações de Conte, a oposição não tardou a dirigir críticas à aliança de governo e também ao próprio presidente da República. Citado pelo La Repubblica, Andrea Cangini, senador da Força Itália, força que concorreu coligada com a Liga nas eleições, criticou Conte por ser um expoente da "relação estrutural com os poderes formais e informais do país".
Já o presidente do PD, Matteo Orfini, lamentou que esteja na forja "um governo de extrema-direita". Orfini considera que o acordo programático alcançado mostra tatar-se de "um programa de extrema-direita".
Nem Mattarella escapou às críticas. O ex-deputado do 5 Estrelas, Di Battista, uma figura relevante no partido, avisou o presidente para não se opor aos italianos. Para Di Battista, as reservas apresentadas por Mattarella são inaceitáveis porque o chefe do Estado "não é um advogado das causas perdidas". O PD considerou já esta declaração como representativa de uma "intimidação grave", escreve o Corriere della Sera.
"Serei o advogado defensor de todo o povo italiano", declarou o professor de Direito à saída da audiência com o presidente da República. No entanto, Giuseppe Conte notou aceitar a incumbência "com reserva", já que a formação de um governo dependerá da capacidade para recolher apoio maioritário da câmara baixa do parlamento transalpino. Conte teve aprovação do presidente apesar das dúvidas suscitadas nas últimas horas sobre o currículo do professor de Direito.
Nesse sentido, disse que uma das prioridades passará pela preparação do próximo Conselho Europeu que terá lugar em finais de Junho e em que o primeiro-ministro indigitado espera ver avanços na conclusão da união bancária. A negociação do próximo quadro financeiro plurianual da União Europeia e a reforma às regras de asilo foram outros pontos salientados.
Decorreram 80 dias desde as eleições de 4 de Março até este dia 23 de Maio, um período marcado pela incerteza sobre a possibilidade de haver um novo governo ou eventuais novas eleições. Contudo, o partido mais votado (5 Estrelas) e o partido mais representativo da coligação de direita (Liga), que foi a força mais votada nas eleições, chegaram a acordo sobre um programa de governo.
"Prepara-se para nascer um governo de mudança", declarou esta tarde Conte, que promete um programa resultante da discussão entre as "forças políticas da maioria".
Dois dias depois de os líderes do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, e da Liga, Matteo Salvini, terem proposto o nome de Conte, o presidente transalpino convocou o professor para comparecer esta tarde no palácio presidencial (Quirinal). Na terça-feira, Mattarella ouviu os líderes das duas câmaras do parlamento italiano para avaliar as possibilidade de Conte para formar um governo com apoio maioritário e terá ficado satisfeito.
No entanto, as quase duas horas desta audiência foram as mais longas de sempre no que diz respeito a um encontro destinado à indigitação de um primeiro-ministro, o que se deve ao facto de Mattarella querer receber garantias quanto ao projecto de Giuseppe Conte. Porque se Conte formar governo, será o primeiro executivo italiano apoiado por duas forças assumidamente anti-sistema, com posições eurocépticas e defensores de políticas que desafiam a rigidez orçamental preconizada por Bruxelas.
A Constituição confere poderes ao presidente que permitirão a Mattarella continuar a exercer influência nos próximos passos até à formação de um novo governo, concretamente no que diz respeito aos nomes que vão compor o novo executivo. O Il Fatto Quotidiano refere que Mattarella não deixará de intervir e fazer pressão na escolha dos titulares das pastas mais sensíveis, como as Finanças e Negócios Estrangeiros. O nome apontado como mais forte para as Finanças é Paolo Savona, um ex-banqueiro que tem vindo a mostrar-se muito crítico do euro, algo que é visto com muitas reservas por Mattarella.
5 Estrelas, Liga e Mattarella, nenhum escapa às críticas da oposição
Finda a audiência e ouvidas as declarações de Conte, a oposição não tardou a dirigir críticas à aliança de governo e também ao próprio presidente da República. Citado pelo La Repubblica, Andrea Cangini, senador da Força Itália, força que concorreu coligada com a Liga nas eleições, criticou Conte por ser um expoente da "relação estrutural com os poderes formais e informais do país".
Já o presidente do PD, Matteo Orfini, lamentou que esteja na forja "um governo de extrema-direita". Orfini considera que o acordo programático alcançado mostra tatar-se de "um programa de extrema-direita".
Nem Mattarella escapou às críticas. O ex-deputado do 5 Estrelas, Di Battista, uma figura relevante no partido, avisou o presidente para não se opor aos italianos. Para Di Battista, as reservas apresentadas por Mattarella são inaceitáveis porque o chefe do Estado "não é um advogado das causas perdidas". O PD considerou já esta declaração como representativa de uma "intimidação grave", escreve o Corriere della Sera.
(Notícia actualizada às 19:41)