Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Ministro da Economia cita a conjuntura para justificar abrandamento económico

O titular da pasta da Economia contrariou a tese de Pedro Mota Soares sobre as causas de um abrandamento do crescimento, sustentando, em primeiro lugar, que esse arrefecimento na economia se sentiu já no segundo semestre do ano passado.

Bruno Simão/Negócios
14 de Abril de 2016 às 18:20
  • 1
  • ...

O ministro da Economia apontou hoje causas relacionadas com a conjuntura internacional e com a transição de governos em Portugal para justificar as projecções que indiciam um abrandamento do crescimento económico desde o segundo semestre de 2015.

 

Manuel Caldeira Cabral falava em mais um debate parlamentar sobre o Programa Nacional de Reformas, numa resposta ao deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares, que acusou o actual executivo de estar a esconder o Programa de Estabilidade por saber que terá de rever em baixa as previsões de crescimento económico e de criação de emprego em Portugal.

 

Num debate em que também esteve presente o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Heitor de Sousa, o titular da pasta da Economia contrariou a tese de Pedro Mota Soares sobre as causas de um abrandamento do crescimento, sustentando, em primeiro lugar, que esse arrefecimento na economia se sentiu já no segundo semestre do ano passado.

 

O ministro da Economia referiu-se então à conjuntura internacional, com a revisão em baixa das expectativas da maioria dos países ocidentais, mas também à fase de transição de governos em Portugal no final do ano passado, período que disse caracterizar-se sempre por um adiamento ao nível das decisões de investimento.

 

Antes, Pedro Mota Soares, ex-ministro democrata-cristão tinha usado a ironia para dizer que foi preciso "uma fonte do Bloco de Esquerda" revelar à imprensa que o Governo se prepara para rever em baixa as projecções de crescimento económico para se conhecer alguma coisa do Programa de Estabilidade - documento que estará em debate no próximo dia 27 e que terá de ser entregue até ao final do mês em Bruxelas.

 

"É caso para dizer que este debate é um Programa de Estabilidade escondido com um Programa Nacional de Reformas de fora", declarou o deputado do CDS-PP.

 

O debate foi também caracterizado por um confronto entre PSD e PS, depois de o deputado social-democrata Luís Leite Ramos ter advogado que o "alinhamento do Governo português com o Governo grego do Syriza assusta os investidores e prejudica a actividade económica" após uma legislatura anterior caracterizada pela "recuperação".

 

Na resposta, o dirigente socialista Porfírio Silva deixou um apelo à bancada social-democrata: "Está na hora de deixarem de contar a história de 'Alice no país das maravilhas' e de andarem com essa conversa gasta de uma herança mirífica que ninguém vê".

 

Porfírio Silva confrontou antes a bancada do PSD com um recente relatório da Comissão Europeia referente aos últimos quatro anos do país, segundo o qual Portugal ter-se-á afastado da média europeia ao nível de investimentos em investigação científica e, em paralelo, terá perdido de forma significativa emprego qualificado e afectado a ligação entre conhecimento e empresas.

 

"Esse relatório da Comissão Europeia não fala nem no Syriza nem na extrema-esquerda", contrapôs o membro do Secretariado Nacional do PS.

 

Num debate em que o vice-presidente da Assembleia da República (o socialista) Jorge Lacão teve de interromper por três vezes para apelar ao silêncio dos deputados, o ministro da Ciência afirmou que a sua principal prioridade será "estimular a criação de emprego científico", acabando com "a emigração forçada de quadros qualificados".

 

Pela parte do PCP, o deputado Bruno Dias acusou o PSD e o CDS de "fazerem alertas sobre o futuro do país, quando o anterior Governo foi o mandante das políticas que empurraram muitos milhares de portugueses para a emigração" e que permitiram a "exploração de investigadores e bolseiros".

 

O deputado do Partido Ecologista "Os Verdes" José Luís Ferreira advertiu o Governo para a necessidade de se desburocratizarem os processos de candidaturas de micro e pequenas empresas aos fundos comunitários, enquanto o deputado do Bloco de Esquerda Luís Monteiro defendeu a necessidade de acabar com o emprego precário entre os investigadores.

 

"Não há inovação transposta para a economia sem estabilidade no trabalho", sustentou Luís Monteiro.

Ver comentários
Saber mais Programa Nacional de Reformas Pedro Mota Soares
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio