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Sol: Livro de Sócrates foi escrito por um professor
Escutas telefónicas a José Sócrates indiciam que o livro que editou foi escrito por um professor de filosofia, que já estaria contratado para escrever uma nova publicação, intitulada Carisma, escreve o jornal Sol.
José Sócrates não será o real autor do livro "A Confiança no Mundo – sobre a tortura em democracia". A obra terá sido escrita por um professor de filosofia a quem o antigo primeiro-ministro encomendou o serviço. A notícia é avançada esta sexta-feira pelo jornal Sol, que cita uma fonte ligada à Operação Marquês.
A conclusão de que o livro terá resultado, afinal, de uma encomenda, é extraída das escutas telefónicas a que José Sócrates esteve sujeito durante vários meses. A partir delas, os investigadores consideram que o livro foi escrito por um professor universitário, de nacionalidade portuguesa e da mesma geração de José Sócrates.
Em Novembro de 2014, quando Sócrates foi preso, este professor já teria inclusivamente uma nova encomenda para escrever um segundo livro, intitulado Carisma, descreve o jornal.
Segundo relatos de diversos órgãos de comunicação social, o sucesso editorial do livro a "Confiança no Mundo" é um dos elementos que a acusação usa para provar que José Sócrates era o titular de uma fortuna de vários milhões de euros gerida pelo seu amigo Carlos Santos Silva.
Das contas de Carlos Santos Silva saíram cerca de 170 mil euros para comprar livros do ex-primeiro-ministro. Este dinheiro terá sido entregue a diversos amigos e figuras próximas de Sócrates, entre as quais os deputados socialistas Renato Sampaio e André Figueiredo, que adquiram em média 10 mil exemplares cada um.
Estes factos levaram os juízes do Tribunal da Relação a fazer uma dura avaliação moral do perfil do primeiro-ministro. Segundo transcrições do Sol, os juízes consideram que a "aparente publicidade e êxito editoriais muito acima do que seria resultante do real interesse de aquisição e de sucesso da obra demonstra, pelo menos indiciariamente, uma falha grave de seriedade intelectual, sobretudo de alguém que, como ele, exerceu altas funções governativas, mas de quem se esperara um comportamento de transparência e probidade".
Esta situação reforça a tese de que, caso José Sócrates fosse solto para aguardar o julgamento em liberdade, interferiria com o curso do processo e poderia destruir provas.