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Fitch: "Existe a possibilidade" da troika e do Syriza "chegarem a compromisso"
A agência de notação financeira considera que o Syriza e a troika poderão chegar a um acordo após as eleições, caso a Coligação de Esquerda Radical vença o escrutínio.
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Na nota de análise divulgada esta terça-feira, 30 de Dezembro, a Fitch alerta que, após as eleições legislativas, a "incerteza política vai permanecer elevada" até que seja formado um novo Governo e retomadas as negociações com os credores internacionais.
É que a Grécia, nas contas da troika, ainda tem um buraco orçamental de 1,7 mil milhões de euros para tapar. A última tranche do programa de resgate europeu está, por isso, suspensa até Atenas aprovar medidas para tapar este buraco. O novo Governo vai ter assim de lidar com este dossiê mal tome posse.
A Fitch considera ainda que "existe a possibilidade da troika e de um novo Governo grego chegarem a um compromisso", o que também poderá acontecer se for o Syriza a chegar ao poder. "Isto também se aplica a um Governo liderado pelo Syriza, apesar das negociações poderem vir a causar mais preocupações", defende.
O Syriza, de extrema-esquerda, continua a liderar as sondagens com a sua retórica anti-austeridade e anti-troika, mas Alexis Tsipras tem vindo a moderar o discurso do seu partido desde 2012, aponta a Fitch, e comprometeu-se, inclusivamente, a "manter um excedente orçamental primário e a honrar os compromissos da Grécia com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os credores privados".
Mas se o Syriza chegar ao poder vão, certamente, ocorrer mudanças: o programa de privatizações "vai certamente parar", o imposto sobre imóveis pode cair, o que poderá provocar um aumento do risco sobre as receitas fiscais. Os salários no sector público também poderão vir a ser alvo de aumentos, sublinha a Fitch.
A Fitch sublinha que se o Syriza vencer as eleições, mesmo que por uma escassa vantagem, vai ter direito a um bónus de 50 assentos no Parlamento. Isto significa que o Syriza vai "ser parte de qualquer Governo que venha a ser formado".
Contudo, vão ter lugar novas eleições se a formação de uma nova coligação não for possível, o que "poderá prolongar a incerteza política". Existem assim dois factores que podem vir a "colocar pressão sobre o perfil de crédito da Grécia". O primeiro é o risco de um impasse prolongado com a troika, o que poderia "limitar o 'cash-flow' do Governo a partir do Verão, mesmo assumindo que o orçamento era mantido debaixo de controlo".
O segundo factor envolve os riscos financeiros, como a reacção dos depositantes bancários à situação política na Grécia e a fuga de capitais do país. Estes riscos "podem também vir a colocar pressão no novo Governo grego e nos seus credores estrangeiros para chegarem a acordo".