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Ex-primeiro-ministro grego cria novo partido que pode ser decisivo nas eleições antecipadas

Está na forja o Movimento para a Mudança, um novo partido na Grécia, criado pelo antigo líder dos socialistas gregos George Papandreou, que deverá apresentar-se às eleições parlamentares de 25 de Janeiro e pode mesmo tornar-se decisivo ao condicionar o resultado final do próximo acto eleitoral.

Reuters
02 de Janeiro de 2015 às 17:47
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O antigo primeiro-ministro da Grécia e ex-líder dos socialistas gregos do Pasok, George Papandreou, está a trabalhar para a formação de um novo partido que deverá apresentar-se às eleições legislativas antecipadas para o próximo dia 25 de Janeiro.

 

O anúncio da criação do partido Movimento pela Mudança foi feito esta sexta-feira, mas apesar de esta força partidária não estar ainda formalmente criada, fonte próxima de Papandreou, citada pelo Financial Times, garantiu que o novo partido estará operacional no prazo "de dois ou três dias". E vai concorrer às eleições.

 

Eleito primeiro-ministro helénico em 2009, George Papandreou renunciou ao cargo já depois de a crise financeira grega ter explodido, situação que levou o país a recorrer a dois programas de assistência financeira externa.

 

Papandreou, filho do fundador dos socialistas do Pasok e descendente directo de dois antigos primeiros-ministros do país, prepara-se para abandonar os socialistas pan-helénicos já depois de um período conturbado que surgiu na sequência da queda do seu Governo em 2011, numa altura em que a sua proposta de referendo popular sobre a aceitação do segundo resgate financeiro causou o pânico nos mercados de capitais e na governança da Zona Euro.

 

Apesar de não ser ainda conhecida a estrutura programática deste novo partido, a Reuters escreve que esta deverá ser muito próxima das principais linhas ideológicas que orientam o Pasok, partido que apesar de minoritário na coligação governamental se depara com sondagens que lhe atribuem intenções de voto penalizadoras, num intervalo compreendido entre os 4% e os 6%.

 

Em Maio passado, aquando das eleições europeias, o Pasok, que governou de forma praticamente ininterrupta a Grécia a partir dos anos 80, alcançou somente 8,2% dos votos, ficando atrás dos neonazis do Aurora Dourada. Será também o preço a pagar pela difícil situação financeira grega. 

 

É chegado o tempo de as forças progressistas darem o próximo grande passo pelo país
 
George Papandreou

 

Papandreou pretende capitalizar a crescente desconfiança dos eleitores helénicos face ao Pasok e, se possível, substituir este partido no panorama político grego, algo visível na mensagem de Facebook postada recentemente pelo anterior primeiro-ministro do país. "É chegado o tempo de as forças progressistas darem o próximo grande passo pelo país", escreveu, citado pela Reuters.

 

O Pasok perdeu o contacto com a sua verdadeira base eleitoral, acusou George Papandreou, que sustenta que o seu antigo partido está a caminhar em direcção "a sítio nenhum", no que é um ataque à actual liderança do partido, protagonizada por Evangelos Venizelos, actual vice-primeiro-ministro e que substituiu precisamente Papandreou na liderança dos socialistas gregos.

 

Tal como avança o FT, esta força partidária liderada por George Papandreou poderia, segundo uma sondagem da semana passada, recolher entre 4% e 5% dos votos dos eleitores gregos, facto que poderia condicionar a hipotética vitória do partido de extrema-esquerda Syriza, que permanece, porém, na dianteira das sondagens.

 

Isto porque, segundo a publicação britânica, verifica-se uma tendência para que os votos canalizados para Papandreou sejam, essencialmente, provenientes de eleitores do partido de Alexis Tsipras, que vem perdendo algum terreno nas sondagens para o Nova Democracia. As sondagens mais recentes dão sempre uma vitória ao Syriza com uma vantagem sobre o Nova Democracia inferior a cinco pontos percentuais. 

 

Verifica-se que apesar de os estudos de opinião continuarem a atribuir a vitória ao Syriza, há uma maioria dos gregos que defende a manutenção da Grécia no seio da moeda única europeia. O próprio Tsipras fez uma inflexão no seu discurso nos tempos mais recentes, garantindo que mesmo que o Syriza vença o acto eleitoral que se avizinha, a Grécia continuará integrada no euro e na União Europeia.

 

A crise espoletada pela antecipação das eleições presidenciais decidida pelo primeiro-ministro do Nova Democracia Antonis Samaras, acabou por, confirmada a incapacidade da maioria governamental para recolher os 180 necessários à eleição de Stavros Dimas, obrigar à convocação de eleições legislativas também elas antecipadas.

 

A vitória neste acto eleitoral é, certamente, importante, mas tendo em conta o regime eleitoral helénico e a previsível fragmentação dos eleitores pelos vários partidos, será fundamental perceber qual o partido capaz de gerar uma coligação a que o ainda Presidente Karolos Papoulias possa entregar o poder.

 

Os mercados e a Europa estão expectantes para perceber o que resultará das eleições: um governo a favor das políticas de contenção orçamental, pró-troika, ou um Executivo contra as medidas de austeridade, anti-troika.

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