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Mercados aliviam pressão sobre a Grécia no dia em que o Parlamento vai ser dissolvido

Um dia depois da Grécia avançar para eleições legislativas antecipadas e da reacção violenta na bolsa de Atenas e nos juros da dívida, os mercados dão sinais de acalmia. Os partidos políticos gregos estão a dar os primeiros passos na campanha eleitoral.

Reuters
30 de Dezembro de 2014 às 12:13
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Após o parlamento helénico ter falhado ontem a eleição do Presidente da República, os mercados reagiram violentamente: a bolsa grega afundou 12% e os juros da dívida escalaram no mercado secundário.

 

Mas, apesar dos mercados de capitais e de obrigações soberanas continuarem em terreno negativo, os investidores estão a dar sinais de tréguas à Grécia. Isto no dia em que o primeiro-ministro Antonis Samaras vai-se reunir com o Presidente da República, Karolos Papouilas, para pedir a dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas para o dia 25 de Janeiro.

 

A bolsa de Atenas está a perder 1,08% para 263 pontos na sessão desta terça-feira, 30 de Dezembro. Dois bancos gregos estão hoje entre as maiores quedas. O Piraeus perde 2,73% e o Eurobank recua 2,09%. As quedas são lideradas pela gestora de jogos de fortuna e azar OPAP (-2,79%) e pela gestora do porto de Piraeus (-2,73%).

 

A praça grega chegou a perder ontem mais de 12% e fechou a recuar 3,46%. A banca foi a grande afectada na sessão anterior com quatro dos principais bancos do país, que chegaram a recuar mais de 15% durante a negociação.

 

As principais bolsas europeias estão também a negociar em terreno negativo: Madrid (-0,79%), Londres (-0,69%), Paris (-0,61%) e Frankfurt (-0,65%). A praça de Lisboa lidera as quedas ao recuar 1,38%.

 

No mercado da dívida soberana, as taxas de juro continuam a negociar em alta no mercado secundário. A dívida a três ganha 64 pontos base para 12,725%; a cinco anos, mais 36,3 pontos para 10,642%; a 10 anos, mais 5,7 pontos para 9,589%.

 

As yields helénicas estão assim a sofrer uma subida menos acentuada face à sessão anterior. É que os juros da dívida grega subiram ontem mais de 130 pontos base nas diferentes maturidades: a três anos (mais 175 pontos para 12,210%); a cinco anos (mais 160 pontos para 10,679%); a 10 anos alcançou o nível mais elevado desde Setembro de 2013 (mais 135 pontos para 9,854).

 

Em sentido contrário, seguem as restantes economias do Sul da Europa. O juro da dívida portuguesa a 10 anos está a recuar 5,4 pontos base para 2,699%, enquanto Espanha recua 4,8 pontos para 1,625% e Itália desce 6,3 pontos para 1,919%.

 

Nas maiores economias, as taxas de juro de referência estão a subir ligeiramente. O bund alemão ganha 1,3 pontos para 0,557% e o juro francês avança 0,9 pontos para 0,840%.

 

Contágio a outros países afastado no médio prazo

 

Olhando para a situação na Grécia, os analistas duvidam que a actual situação política na Grécia possa vir a ter repercussões noutros países periféricos, entre os quais se inclui Portugal.

 

"Estamos a olhar para um problema da Grécia. A crise da Zona Euro acabou", disse à Bloomberg o economista-chefe do Berenberg, Holger Schmieding. "A crise da Zona Euro era principalmente sobre o risco de contágio. Eu não espero que os mercados ameacem a Europa através do contágio".

 

Numa perspectiva temporal mais alargado, os analistas do JP Morgan Chase também rejeitam o contágio a outros países. "Historicamente, os problemas nos mercados financeiros gregos têm impactado negativamente outros mercados, mas estamos inclinados a menorizar o impacto da crise política grega no médio prazo", defendem os analistas do banco norte-americano, numa nota divulgada pela Bloomberg.

 

Syriza continua à frente nas sondagens 

 

A sondagem mais recente a chegar da Grécia continua a colocar o Syriza na liderança. A coligação liderada por Alexis Tsipras obteve 28,1% das intenções de voto face aos 25,1% do Nova Democracia, segundo o inquérito da Marc para a Alpha TV.

 

Com menos de um mês para as eleições, o tiro de partida para a campanha eleitoral já foi dado. O Syriza já veio a público garantir que os gregos não devem recear pelos seus depósitos bancários, se o partido de extrema-esquerda chegar ao poder.

 

"Um Governo do Syriza e dos seus aliados vai salvaguardar os depósitos dos cidadãos nos bancos gregos, em cooperação com o Banco Central Europeu e os parceiros europeus", disse Alexis Tsipras em Atenas.

 

Pela sua parte, Antonis Samaras vai reunir hoje a liderança do Nova Democracia para acertar a estratégia para a campanha. Os conservadores já contrataram também a agência de publicidade que vai ficar responsável pela campanha, conforme avança o jornal Kathimerini.

 

O primeiro-ministro cessante pediu aos gregos para tomem nas suas mãos o futuro do país. "É agora tempo para o povo grego fazer o que o parlamento falhou em fazer. Está a ser chamado para banir a incerteza e restabelecer a estabilidade", afirmou ontem Samaras em Atenas.

 

Depois da primeira reacção de Bruxelas, que pediu o "compromisso" e o "apoio" dos gregos às reformas exigidas pela troika, a Comissão Europeia veio hoje garantir que não há "nada a temer" na Zona Euro. 

 

Pierre Moscovici, comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros, disse hoje que tem "respeito total pelas escolhas democráticas feitas pelos povos da Europa", disse, em entrevista à rádio francesa RTL.

 

"Eu quero, nós queremos, que a Grécia permaneça na Zona Euro; é bom para a região e é bom para a Grécia", afirmou, defendendo a necessidade de "preservar o euro, que é um bem comum".

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