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Catarina e Jerónimo a uma só voz: acordos "não estão esgotados"

Bloco de Esquerda e PCP convergem no discurso: os acordos estão vivos e para durar. Mas, ao mesmo tempo, reclamam ao PS e ao Governo respostas concretas que permitam prosseguir com os compromissos assumidos.

07 de Fevereiro de 2017 às 20:17
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Os líderes dos dois partidos que garantem a maioria parlamentar do Governo de António Costa não podiam ser mais claros: o acordo que Bloco de Esquerda, de um lado, e PCP, do outro, assinaram com o PS é "sólido", levanta "um mar imenso de questões" e "não está esgotado". É desta forma que, primeiro Catarina Martins, e depois Jerónimo de Sousa respondem às dúvidas suscitadas nos últimos dias sobre a validade dos acordos que ergueram a actual solução governativa.

O impasse com a TSU levantou dúvidas sobre a capacidade de PS, PCP e Bloco se entenderem em matérias mais sensíveis que não estão explícitas nos acordos assinados. Por outro lado, a ideia de que os acordos começam a estar esgotados e a deixar a geringonça sem terreno para avançar ganhou força com as declarações do secretário-geral da CGTP. Neste momento, "os compromissos praticamente estão esgotados relativamente aos documentos que foram subscritos", afirmou em entrevista ao Negócios e Antena 1. Para o líder da maior central sindical do país, "entrámos numa outra fase em que, com ou sem novos acordos, é preciso é haver entendimento sobre matérias muito concretas" para que "possam evoluir". Em causa estão matérias laborais, que mereceram pouco aprofundamento nos acordos assinados entre os partidos que apoiam o Governo.


Arménio Carlos: É necessário "evoluir" para a negociação conjunta de outras matérias nos acordos entre Governo e a esquerda
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Arménio Carlos, em entrevista ao Negócios e Antena1, considera que os compromissos do Governo com os partidos de esquerda que sustentam o governo no parlamento "estão esgotados" e por isso é necessário "evoluir" para a negociação conjunta de outras matérias, como a contratação colectiva e a precariedade.


Também o comentador Marques Mendes disse, no domingo, na SIC, que "o Governo está paralisado, desarticulado e a perder gás". Para o ex-líder do PSD isto sucede porque "o Governo está sem agenda. A agenda que PS, PCP e BE tinham firmado esgotou-se com o último Orçamento".

Acordos levantam questões a que é preciso responder

Tanto Catarina Martins e Jerónimo de Sousa parecem convergir na ideia de que os acordos estão vivos e de boa saúde, procurando sacudir a pressão sobre a chamada geringonça. Porém, ao mesmo tempo, exortam o PS a dar um passo em frente para responder às questões que estes levantam e que ainda estão sem resposta, designadamente os temas laborais.

No sábado, em artigo publicado no semanário Expresso, Catarina Martins escreve que "o acordo não está esgotado". "Há quem leia na tensão política um sinal de esgotamento dos acordos assinados há mais de um ano". Na opinião da líder bloquista, isso "é um erro". "O acordo não é uma simples lista de tarefas e metas. É um compromisso político para dar conteúdo político a uma expectativa de mudança à esquerda. E essa está longe de esgotada; mal começou", escreve no Expresso. Para Catarina Martins "não restam dúvidas de que o acordo da mudança é sólido. Agora, é preciso "enfrentar cada problema em cada tempo", "saibamos pois colocar as questões para encontrar as soluções".

Também Jerónimo de Sousa vê muitas questões para responder: "Com essa posição conjunta, houve avanços, defesa e conquista de direitos", começa por admitir o líder comunista. "Mas há um mar imenso de questões que estão colocadas na posição conjunta", destaca. "Não é necessário [algo] estar inscrito na posição conjunta para se conseguir objectivos e convergência", afirma no que pode ser visto como uma referência à omissão das matérias laborais nesses acordos. "Num futuro próximo, pode não haver [nova] posição conjunta, que não significa o fim da possibilidade de convergência no quadro desta legislatura", disse hoje Jerónimo de Sousa, citado pela Lusa.

Confrontado com as declarações de Arménio Carlos, respondeu que "é claro que há um processo que não está esgotado", apontando para a necessidade de concretizar os compromissos assumidos nos orçamentos de 2016 e 2017, "grandes questões que não estão arrumadas". 

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