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Bloco não quer Governo a "pescar à linha" e PCP ameaça regressar à rua

Os bloquistas avisam o primeiro-ministro para não se fiar na aritmética parlamentar que determina que a direita só pode derrubar o Governo com o apoio das forças da esquerda. Os comunistas também criticam cálculos e avisam que se governação mudar de rumo, o caminho dos trabalhadores terá como destino o regresso às ruas.

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30 de Outubro de 2019 às 17:50
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Se a parte da manhã da discussão do programa do Governo mostrou o Executivo de António Costa e a esquerda a trocarem declarações de vontade de prossecução de compromissos, a tarde mostrou que a geringonça já lá vai e que os novos tempos terão maior conflitualidade.


Depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter notado, ainda durante a manhã, que só com o apoio das forças da esquerda a direita poderia derrubar ou inviabilizar a governação socialista, Bloco de Esquerda e PCP juntaram-se na crítica ao que antecipam como mau augúrio.


O líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares, defendeu que "nem tudo está igual a 2015", pois já não há acordos formais nem "medidas concretas negociadas à esquerda", havendo sim um programa "decidido e apresentado só pelo PS".


Para este deputado, onde antes havia "promessas de cooperação com o Parlamento, hoje parece existir um tom de ameaça". Pedro Filipe Soares falava nas contas enunciadas pelo primeiro-ministro que constituem o aviso de que caberá à esquerda o ónus do regresso da direita ao poder se a esta se juntar para bloquear a ação governativa do PS.


O bloquista notou que em vez de mostrar contas sobre as condições necessárias para derrubar o Governo, António Costa devia preocupar-se em propor medidas para não existirem motivos para ser derrubado.


"Cooperação não é submissão", avisou recordando que os socialistas rejeitaram a disponibilidade demonstrada pelo Bloco para trabalhar em conjunto no programa do Governo. "Negociar é dialogar, envolver, comprometer", concluiu, defendendo que "pescar à linha medidas de um e de outro pode servir para mostrar abertura, mas nesse engano ninguém deve cair".


O PCP também acusou o toque da contabilização feita pelo primeiro-ministro. "É mau prenúncio que o Governo parta já do princípio de que as suas propostas poderão suscitar a necessidade de derrota com tal aritmética", criticou João Oliveira.


O líder do grupo parlamentar comunista teme mesmo que estas contas possam significar que o Governo poderá provocar a própria queda de modo a atingir algum "objetivo tremendista".


Tal como fizera o BE, também João Oliveira gostaria que o Governo "se concentrasse em fazer as contas à soma de forças e votos necessários para fazer aprovar as medidas de avanço nos direitos". Porque "a aritmética que conta para uma política alternativa é bem diferente".


Oliveira critica o excesso de zelo do Governo relativamente às regras europeias, considerando que "contas certas" não são aquelas que são impostas por Bruxelas, antes as que resolvem os problemas dos trabalhadores. Foi então que chegou o momento para deixar um aviso solene, ou o Governo mantém a linha seguida na última legislatura, ou será hora de a contestação regressar às ruas.


"A experiência da última legislatura demonstra que opções erradas ou insuficientes podem sempre ser superadas com iniciativa política e desenvolvimento da luta", alertou.


PS exige empenhamento aos parceiros

Pelo PS tinha falado o deputado Porfírio Silva, que aproveitou para reiterar a vontade socialista em dar continuidade ao caminho trilhado desde há quatro anos, porém exigindo aos parceiros da esquerda (e ao PAN) "nada mais, nada menos, do que um empenhamento tão nítido quanto" o assumido pelo PS.

Porfírio Silva assegurou, porém, que os socialistas não vão deixar de manter abertura para "estudar propostas de todos os representantes eleitos".


Do lado da direita, coube ao deputado social-democrata Fernando Negrão deixar duras críticas a um Executivo "recauchutado" que sucede a um Governo que "não soube cuidar do futuro" nem aproveitar "a conjuntura de que beneficiou para preparar Portugal para um ciclo económico menos favorável e mais exigente".


Para Negrão a nova fórmula governativa não oferece nem de perto as mesmas condições de estabilidade providenciadas pela geringonça, pelo que o deputado deixa no ar a dúvida se haverá "pântanos no caminho" do Governo.

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