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Lagarde garante que ajustamento à política monetária será gradual perante incertezas

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) garantiu esta segunda-feira que "qualquer ajustamento" à política monetária será gradual, assegurando salvaguardas contra "um aumento prematuro das taxas de juro", numa altura de incerteza devido à inflação.

KAI PFAFFENBACH
07 de Fevereiro de 2022 às 17:40
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"Qualquer ajustamento à nossa política será gradual", vincou Christine Lagarde, falando por videoconferência numa audição na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Assegurando que "uma subida da taxa não ocorrerá antes do fim das compras de ativos", a responsável apontou existirem "três condições que terão de ser cumpridas antes que o Conselho do BCE se sinta suficientemente confiante de que uma subida é apropriada".

"As três condições destinam-se a servir de salvaguarda contra um aumento prematuro das taxas de juro", indicou, sem precisar.

Comparando a política monetária europeia com a norte-americana, quando questionada por um eurodeputado sobre as diferentes posturas relacionadas com as taxas de juro, Christine Lagarde vincou que a da zona euro incide sobre "uma abordagem passo a passo".

"Tendo em conta a atual incerteza, precisamos mais do que nunca de manter a flexibilidade e a opcionalidade na condução da política monetária", referiu.

Além disso, "a nossa política monetária é sempre dependente de dados e isto é ainda mais importante na situação que enfrentamos neste momento, [pelo que] nos manteremos atentos aos dados recebidos e avaliaremos cuidadosamente as implicações para as perspetivas de inflação a médio prazo", elencou a responsável, aludindo à elevada inflação, 'empurrada' pelos altos custos da energia e os problemas de fornecimento em altura de tensão geopolítica.

Christine Lagarde exemplificou ainda: "Se tomássemos medidas de política monetária como pôr fim à compra de ativos e de subida rápida das taxas de juro, isso teria de imediato um impacto nos preços da energia? Não creio".

A líder do BCE apontou, porém, que o banco central irá "tomar as decisões necessárias" mediante uma "análise cuidadosa dos dados".

Na passada quinta-feira, o BCE anunciou que decidiu deixar as taxas de juro inalteradas, em mínimos históricos, com a principal taxa de refinanciamento em zero e a taxa aplicada aos depósitos em -0,50%.

Ainda assim, a presidente do BCE disse não excluir completamente uma subida das taxas de juro em 2022.

Depois de Christine Lagarde e outros dirigentes do BCE terem vindo a considerar muito improvável que este ano estivessem reunidas as condições para avançar com tal medida, a responsável admitiu que "a situação mudou".

Também na semana passada, a instituição monetária confirmou que termina no final de março o seu programa de compra de dívida de emergência devido à pandemia (PEPP).

O BCE também decidiu em dezembro comprar dívida com um outro programa que já existia antes, conhecido como APP, uma vez concluídas as compras de emergência devido à pandemia, mas a um ritmo mais lento do que com o PEPP.

O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, pelo que definiu, em 2021, uma nova estratégia que contempla um objetivo de inflação de 2% a médio prazo.

A contribuir para a elevada inflação, que atingiu um recorde de 5,1% em janeiro deste ano, estão os custos energéticos e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, por questões como a tensão geopolítica mundial, numa altura em que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia se intensifica e causa novas perturbações no fornecimento de gás russo à Europa.

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