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Governadores do BCE atacam plano de compra de ativos de Draghi

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, provocou uma forte divisão no seio da instituição. Parte dos governadores dizem que o regresso do "quantitative easing" (QE) foi um erro. 

Reuters
13 de Setembro de 2019 às 18:54
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Apesar do anúncio de um mega pacote de estímulos monetários lançado sobre a economia da região pelo Banco Central Europeu, foram muitas as vozes dissonantes que se opuseram a várias medidas inscritas no plano de Mario Draghi.

Grande parte das críticas referiu-se ao regresso do QE ("quantitative easing", programa de compra de ativos), e para lá dos habituais opositores como a Alemanha ou a Holanda, que já tinham estado contra a sua introdução em 2015, também o governador do banco central da Áustria, Robert Holzmann, disse que foi possivelmente um erro.

Klass Knot, líder do banco da Holanda, que anteriormente já se tinha mostrado contra a postura "dovish" de Draghi, voltou a fazê-lo e argumentou que o BCE agiu de forma desproporcionada. Outro crítico das medidas impostas foi Jens Weidmann, que já tinha vindo a púbico rejeitar a necessidade de estímulos na região. O líder do Bundesbank considerou esta sexta-feira que o BCE está a sair "para fora de pé" com esta decisão de reiniciar o programa de compra de ativos.

As críticas dos países do centro da Europa à política monetária do BCE não partiu apenas dos governadores destes países. O ministro das Finanças da Holanda acusou o banco central de estar a penalizar as pensões do país e o jornal Bild, da Alemanha, comparou o italiano ao conde Drácula, por considerar que o presidente do BCE está a sugar as poupanças dos alemães. Em declarações ao tablóide, Weidmann assegurou que vai assegurar que o ciclo de subidas de juros não será adiado. 


O governador da Áustria, que entrou no Conselho do BCE este mês, acredita que Lagarde pode emendar o curso da política monetária. A anterior líder do FMI "não é uma pessoa fraca que fique presa" ao que está a ser implementado, atirou Holzmann, que confirmou que vários membros do banco central divergiram sobre a eficácia do novo pacote de estímulos.

O líder do banco central da Holanda emitiu mesmo um comunicado onde explica porque não concorda com o que foi decidido na reunião do BCE. Knot mostra-se preocupado com a escassez de ativos de baixo risco e com a excessiva assunção de risco no mercado imobiliário. O baixo nível de inflação "é preocupante, mas não implica que o reinício de um programa de longo alcance como o QE será o instrumento mais apropriado". 

A reunião de quinta-feira foi um teste difícil para Mario Draghi - que vai abandonar o cargo no dia 31 de outubro - uma vez que tinha como principais opositores França e Alemanha, as duas maiores economias da Zona Euro. 

O aumento de tom nas críticas por parte dos decisores políticos fez aumentar as dúvidas sobre a eficácia dos estímulos impostos, bem como a preocupação com os efeitos colaterais que podem causar. Oli Rehn, governador do banco da Finlândia, veio a público apelar à "união" no seio do BCE.

"É sempre melhor evitar divisão excessiva, especialmente em público", disse Rehn, à Bloomberg, acrescentando que "temos debates normais dentro do Conselho do BCE e é importante que mantenhamos a unidade nas aparições públicas". 

Segundo a Bloomberg, Draghi enfrentou uma "revolta sem precedentes" na reunião devido à decisão de reiniciar o programa. A Weidmann e Knot, que era expectável que se mostrassem contra, juntou-se o francês Villeroy de Galhau. 

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu baixar a taxa de juro de depósitos para território ainda mais negativo (passou de -0,40% para -0,50%), como reação ao abrandamento económico da Zona Euro e à manutenção de níveis de inflação persistentemente demasiado baixos. Além disso, avançou para a abertura de um novo programa de compra de ativos, mas de dimensão contida.

O programa de compra de ativos vai começar a 1 de novembro, já com Lagarde à frente do banco central, e terá uma dimensão líquida de 20 mil milhões de euros por mês. 
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