Notícia
Última reunião de Draghi marcada por um "apelo à união" no Conselho do BCE
As atas da última reunião do ex-presidente do BCE, Mario Draghi, mostram que houve uma novidade: um "apelo à união" dentro do Conselho do BCE.
A última reunião de Mario Draghi não trouxe novidades de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Mas acabou por haver mesmo uma novidade, mostram as atas publicadas esta quinta-feira, 21 de novembro. Após as fortes críticas públicas que se seguiram ao pacote de estímulos decidido em setembro, houve um "apelo à união" dentro do Conselho do BCE.
"Olhando para o futuro, foi feito um forte apelo à união do Conselho do BCE", lê-se nas atas da reunião de 23 e 24 de outubro, a última de Draghi enquanto presidente do BCE, depois de oito anos de mandato. Como é habitual, as atas não referem quem disse ou defende o quê.
Esta é uma expressão nova nas atas do banco central e segue-se a um período em que a divergência dentro do Conselho do BCE foi um dos temas que mais atenção captou. Em causa está a polémica em alguns países causada pelo pacote de estímulos decidido em setembro, o qual envolveu um regresso do quantitative easing (ainda que com compras mensais de ativos num volume inferior) e uma descida da taxa de depósitos acompanhada por um sistema de escalonamento (tiering).
Logo a seguir a essa reunião, o governador do Banco da Holanda, Klaas Knot, divulgou um comunicado onde criticava a decisão do BCE, algo pouco comum (ou até inédito). Em entrevistas posteriores, os governadores de França ou de Alemanha também estiveram ao ataque. A imprensa alemã chegou mesmo a comparar Draghi ao Conde Drácula, argumentando que o BCE estaria a "sugar" as poupanças dos cidadãos.
Na sua última conferência de imprensa, após a reunião de outubro, Mario Draghi argumentou que o tempo lhe deu razão: "Infelizmente, tudo o que aconteceu desde setembro tem mostrado abundantemente que a determinação do conselho de governadores para agir foi justificada". O ex-presidente do BCE lembrou que em "todas as jurisdições [com bancos centrais] há desentendimentos". "Algumas vezes são públicas, outras vezes não. Mas esta também não foi a primeira vez" em que houve divisão, acrescentou.
Certo é que a divergência foi pública e tornou-se o principal tema de discussão à volta do BCE, tendo sido escrito que este grau de divisão entre os membros do Conselho do BCE não tinha precedentes. Para contrariar essa ideia, na última reunião de Draghi, a maioria dos governadores parece ter concordado que será melhor mostrar união perante os agentes económicos, nomeadamente os mercados financeiros.
"Ainda que tenha sido sublinhado que é absolutamente necessário e legítimo que haja discussões abertas e francas no Conselho do BCE, foi considerado importante formar um consenso e união que suporte o compromisso do Conselho do BCE de atingir o seu objetivo de inflação", lê-se ainda nas atas.
Agora caberá à nova presidente do BCE, Christine Lagarde, garantir essa união. O primeiro passo já foi dado: na semana passada, Lagarde levou os governadores dos bancos centrais nacionais para um "local de refúgio" onde houve discussões informais sobre o futuro do BCE.
"Olhando para o futuro, foi feito um forte apelo à união do Conselho do BCE", lê-se nas atas da reunião de 23 e 24 de outubro, a última de Draghi enquanto presidente do BCE, depois de oito anos de mandato. Como é habitual, as atas não referem quem disse ou defende o quê.
Logo a seguir a essa reunião, o governador do Banco da Holanda, Klaas Knot, divulgou um comunicado onde criticava a decisão do BCE, algo pouco comum (ou até inédito). Em entrevistas posteriores, os governadores de França ou de Alemanha também estiveram ao ataque. A imprensa alemã chegou mesmo a comparar Draghi ao Conde Drácula, argumentando que o BCE estaria a "sugar" as poupanças dos cidadãos.
Na sua última conferência de imprensa, após a reunião de outubro, Mario Draghi argumentou que o tempo lhe deu razão: "Infelizmente, tudo o que aconteceu desde setembro tem mostrado abundantemente que a determinação do conselho de governadores para agir foi justificada". O ex-presidente do BCE lembrou que em "todas as jurisdições [com bancos centrais] há desentendimentos". "Algumas vezes são públicas, outras vezes não. Mas esta também não foi a primeira vez" em que houve divisão, acrescentou.
Certo é que a divergência foi pública e tornou-se o principal tema de discussão à volta do BCE, tendo sido escrito que este grau de divisão entre os membros do Conselho do BCE não tinha precedentes. Para contrariar essa ideia, na última reunião de Draghi, a maioria dos governadores parece ter concordado que será melhor mostrar união perante os agentes económicos, nomeadamente os mercados financeiros.
"Ainda que tenha sido sublinhado que é absolutamente necessário e legítimo que haja discussões abertas e francas no Conselho do BCE, foi considerado importante formar um consenso e união que suporte o compromisso do Conselho do BCE de atingir o seu objetivo de inflação", lê-se ainda nas atas.
Agora caberá à nova presidente do BCE, Christine Lagarde, garantir essa união. O primeiro passo já foi dado: na semana passada, Lagarde levou os governadores dos bancos centrais nacionais para um "local de refúgio" onde houve discussões informais sobre o futuro do BCE.
Esta sexta-feira a presidente do BCE fará um discurso em Frankfurt, o qual deverá ser o primeiro que incidirá sobre a política monetária. A primeira reunião oficial de Lagarde será a 12 de dezembro.I was pleased to invite my new Governing Council colleagues to join me at an off-site retreat yesterday. We discussed in an open and informal setting the running of the Governing Council. pic.twitter.com/ifMxiNh7uh
— Christine Lagarde (@Lagarde) November 14, 2019