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Draghi: "A melhoria na economia mais do que compensou efeito negativo da política monetária"

O presidente do BCE, Mario Draghi, defendeu o seu legado na última reunião de política monetária do Conselho do BCE.

Reuters
24 de Outubro de 2019 às 14:12
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Logo na primeira questão dos jornalistas, na conferência de imprensa após a sua última reunião de política monetária desta quinta-feira, 24 de outubro, Mario Draghi teve a oportunidade de fazer a defesa do seu mandato de oito anos. E não hesitou: "A melhoria na economia mais do que compensou o efeito negativo da política monetária", afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE) que abandona o cargo a 31 de outubro.

Questionado sobre se o impacto positivo da política monetária do BCE dos últimos anos foi superior ao impacto negativo, o ainda presidente do BCE admitiu que está ciente dos riscos, mas a sua conclusão continua a ser que "a avaliação global dos juros negativos é positiva".

"Os juros negativos têm sido uma experiência muito positiva. Estamos na direção que queremos estar", afirmou Mario Draghi. Ainda assim, o italiano não negou que, tal como o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou recentemente, há potenciais efeitos negativos de manter os juros em níveis historicamente baixos durante um longo período de tempo. "Estamos cientes disso e estamos a monitorizar esses riscos", disse.

Exemplo disso, acrescentou Draghi, é o sistema de escalonamento (tiering) que vai ser implementado nos depósitos dos bancos junto do BCE, os quais passaram a ter uma taxa ainda mais negativa (passou de -0,4% para -0,5%). É uma forma de "compensar" a banca europeia, admitiu. Tal acontece porque, apesar de a taxa ser mais negativa, o tiering vai reduzir a fatura global dos bancos com os juros negativos. 

Quanto à discórdia dentro do BCE, que tem sido classificada como uma divisão "sem precedentes", Mario Draghi argumentou que em "todas as jurisdições [com bancos centrais] há desentendimentos". "Algumas vezes são públicas, outras vezes não. Mas esta também não foi a primeira vez" em que houve divisão, recordou o presidente do banco central da Zona Euro. Basta recordar o caso constitucional desencadeado na Alemanha por causa do programa de Transações Monetárias Definitivas (OMT, na sigla inglesa), sobre o qual o Tribunal de Justiça da União Europeia viria a dar razão ao BCE.

"Infelizmente tudo o que aconteceu desde setembro tem mostrado abundantemente que a determinação do conselho de governadores para agir foi justificada", argumentou Draghi, referindo-se ao novo pacote de estímulos anunciado no mês passado, nomeadamente o recomeço do programa de compra de ativos a um ritmo de 20 mil milhões de euros por mês a partir de 1 de novembro, o mesmo dia em que Lagarde entra no cargo. Mario Draghi revelou também que na reunião de hoje houve um "pedido geral para que haja unidade" entre os membros do Conselho do BCE na implementação do novo pacote de estímulos.

Para o presidente do BCE, o seu maior orgulho é "nunca ter desistido". "Se há uma coisa de que tenho orgulho é que nós cumprimos o nosso mandato", afirmou Draghi, referindo que tentou implementar o mandato "da melhor forma possível" e que isso faz parte do seu legado. Mesmo evitando responder aos críticos, o italiano disse que muitas das críticas que lhe são feitas "não são pertinentes tendo em conta o mandato". "

No arranque da conferência de imprensa, Mario Draghi revelou que Christine Lagarde, a sua sucessora, esteve presente nesta reunião de política monetária do Conselho do BCE, mas não participou ativamente nas discussões. Questionado sobre que conselho daria a Lagarde, o presidente do BCE disse que "nenhum conselho é preciso porque ela sabe perfeitamente bem o que tem de fazer".

(Notícia atualizado às 14h56 com mais informação)
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