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Houve uma "clara maioria" no BCE para recomeçar compra de ativos

As atas do banco central referem que houve uma "clara maioria" no conselho de governadores que apoiou o reiniciar do programa de compra de ativos. Mas também relata as críticas feitas por quem se opôs.

EPA
10 de Outubro de 2019 às 14:41
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Uma "clara maioria" no conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) permitiu reiniciar o programa de compra de ativos na reunião de há um mês, a 12 de setembro, apesar de não ter sido unânime. É isso que mostram as atas publicadas esta quinta-feira, 10 de outubro.

"Uma clara maioria de membros concordou com a proposta do senhor Lane [o economista-chefe Philip Lane] de recomeçar as compras líquidas sob o programa de compra de ativos a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros a partir de 1 de novembro, continuando a vigorar pelo tempo que for necessário para reforçar o impacto acomodatício da política das taxas de juro e para terminá-las [as compras] pouco antes de as taxas de juro do BCE serem aumentadas", lê-se nas atas. 

Foi com base nesta maioria de apoio que o presidente do BCE, Mario Draghi, foi à conferência de imprensa de dia 12 de setembro defender o pacote de estímulos que o conselho de governadores acabara de aprovar. Mas, pouco tempo depois, vieram as duras críticas dos seus pares, nomeadamente do governador do Banco da Holanda, Klass Knot, que até publicou um comunicado no site do banco central apelidando o pacote de estímulos de "desproporcionado" face à atual situação macroeconómica.

O governador do Bundesbank, Jens Weidmann, também demonstrou o seu desagrado com o pacote e a imprensa alemã até comparou Draghi ao conde Drácula por considerar que o presidente do BCE está a sugar as poupanças dos aforradores alemães. Knot e Weidmann já são conhecidos pelas suas críticas, mas desta vez tiveram o apoio do governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, que disse que o recomeço da compra de ativos era injustificado

Contudo, segundo as atas, para a maioria dos membros do conselho de governadores - que junta os governadores dos bancos centrais da Zona Euro e os membros do comité executivo do BCE - continuar apenas a reinvestir os montantes adquiridos que chegam à maturidade é "insuficiente" para prevenir a "perda de duração" do efeito do balanço do BCE na economia.

Além disso, a maior parte dos membros do conselho de governadores preferia um pacote de estímulos, ou seja, uma "combinação de instrumentos com complementaridades e sinergias significativas". Isto porque, na avaliação desses membros, as medidas de política monetária, individualmente, estão a enfrentar "limitações" e o impacto de cada medida é "incerto" e "difícil de estimar".

Mas as atas também dão algumas luzes sobre os argumentos contra: "Diversos membros" consideraram que não havia razões para recomeçar tanto porque consideram este instrumento "menos eficiente" como por achar que é um instrumento de "último recurso" que só deveria ser utilizado em condições económicas mais severas, e que esse para já não seria o caso da Zona Euro.

Além disso, dado que os juros da dívida de longo prazo de alguns Estados já estão em terreno negativo, alguns membros argumentaram que não seria necessária tornar as condições de financiamento ainda mais favoráveis. 

Certo é que, apesar das divergências expressas, "todos os membros" concordaram que era necessário tornar a política monetária de alguma forma mais acomodatícia para a inflação voltar a convergir sustentadamente para o objetivo do BCE de próxima mas abaixo de 2%.
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