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Economista-chefe do BCE diz que há margem para mais descidas dos juros, se necessário

O economista-chefe do BCE considera que há margem para descer mais os juros, caso seja necessário. Numa entrevista a um jornal alemão, Philip Lane defendeu a estratégia do banco central.

D.R.
26 de Setembro de 2019 às 19:56
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Caso seja necessário, o Banco Central Europeu (BCE) terá espaço para descer os juros diretores novamente, tal como fez há duas semanas quando baixou a taxa de depósitos dos -0,4% para os -0,5%. 

Quem o diz é Philip Lane, economista-chefe do BCE: "Nós vemos margem de manobra suficiente para mais cortes nas taxas de juro, caso venham a ser necessários". A afirmação foi feita numa entrevista ao jornal alemão Handelsblatt publicada esta quinta-feira, 26 de setembro, e divulgada em inglês pelo BCE.


Recorde-se que a Alemanha é um dos países onde a opinião pública mais critica a política expansionista do BCE dado que esta tem afetado as suas poupanças. Após o último pacote de estímulos do BCE, o jornal alemão Bild comparou Mario Draghi ao conde Drácula, por considerar que o presidente do BCE está a sugar as poupanças dos alemães.

A perspetiva de mais cortes nos juros deverá ser um balde de água fria para a Alemanha, mas Philip Lane argumentou que há alguns países, como é o caso da Dinamarca ou da Suíça, onde as taxas são ainda mais negativas (-0,75%). Ao contrário do BCE que se foca na inflação, esses dois bancos centrais focam-se no controlo da taxa de câmbio da respetiva divisa.


Em resposta às críticas públicas que alguns governadores fizeram às decisões da última reunião, o economista-chefe do BCE considerou que o pacote introduzido há duas semanas "não é assim tão grande". Exemplo disso é que, na prática, tal como o Negócios já escreveu, a banca europeia acabou por ficar numa situação melhor do que a anterior ao corte dos juros graças ao sistema de escalonamento ("tiering"). Outro exemplo é que o programa de compra de ativos vai voltar com 20 mil milhões de euros por mês, abaixo dos 80 mil milhões de euros por mês que havia no anterior programa.

"Houve um acordo amplo sobre a necessidade de agir nesta situação e isso é crucial. Houve opiniões diferentes apenas no alcance e na natureza das medidas", revelou Lane, argumentando que a decisão do BCE foi tomada tendo em vista que a "médio-prazo" a economia melhore, criando mais inflação que possibilite o regresso das taxas de juro diretoras a terreno positivo. 

Neste momento, a crítica principal - feita por responsáveis da Alemanha, Áustria e Holanda - tinha como alvo o programa de compra de ativos, incluindo dívida pública, que vai regressar a partir de 1 de novembro após ter sido encerrado no final de 2018. Um sinal (não confirmado) de que houve dissidência até dentro do comité executivo do BCE é que a alemã Sabine Lautenschlaeger, uma forte oponente do recomeço desse programa, demitiu-se ontem sem ter sido dado nota da razão.

Certo é que com estas declarações Philip Lane abre a porta a um novo corte de juros caso a Zona Euro entre em recessão, tal como se teme atualmente. Apesar disso, o economista-chefe do banco central da Zona Euro considera na entrevista que o risco de deflação é baixo e que uma recessão no conjunto da área do euro ainda não está à espreita.

Ainda assim, o responsável do banco central afirmou que é necessário revisitar os instrumentos de política monetária do BCE, talcomo a Reserva Federal norte-americana está a fazer, após vários anos consecutivos em que não foi alcançado o objetivo de ter uma inflação próxima, mas inferior de 2%.

"O mundo está a mudar. Nós deveríamos analisar a forma como outros bancos centrais se comportam em termos do seu objetivo de inflação", afirmou Lane. 

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