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BCE desce taxa de depósitos e inicia novo programa de compra de ativos
Na sua penúltima reunião de decisão de política monetária, Mario Draghi baixou ainda mais a taxa de depósitos, para -0,50%. Também avançou com a abertura de um novo programa de compra de ativos, mas pequeno: 20 mil milhões por mês.
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O Banco Central Europeu (BCE) decidiu baixar a taxa de juro de depósitos para território ainda mais negativo (passou de -0,40% para -0,50%), como reação ao abrandamento económico da Zona Euro e à manutenção de níveis de inflação persistentemente demasiado baixos. Além disso, avançou para a abertura de um novo programa de compra de ativos, mas de dimensão contida. As decisões foram tomadas esta quinta-feira, 12 de setembro e foram explicadas por Mario Draghi em conferência de imprensa.
As decisões do BCE não foram tão expressivas como chegou a ser imaginado pelos mercados, mas o Conselho aparece hoje com um conjunto de medidas suficientemente grande para poder ser considerado um pacote de estímulos à Zona Euro – e que aparece sem data certa para terminar. Draghi e os mercados parecem ter derrotado os falcões do norte da Europa.
Primeiro, o BCE decidiu cortar a taxa de juro dos depósitos em 0,1 pontos percentuais. Vários analistas dos bancos equacionavam a hipótese de o conselho do banco central poder ir mais longe, até aos 0,2 pontos, mas Draghi foi mais comedido. As outras taxas – a das principais operações de refinanciamento e a da facilidade permanente de cedência de liquidez - ficaram inalteradas, em 0% e 0,25%, respetivamente.
Mas em contrapartida, o BCE reforçou a sua mensagem sobre a evolução futura das taxas de juro, eliminando a data para o fim dos estímulos.
"O Conselho agora espera que as principais taxas de juro do BCE se mantenham nos seus níveis atuais, ou mais baixos, até que o cenário de inflação convirja de forma robusta para um nível suficientemente perto, mas abaixo, de 2% dentro do seu horizonte de projeção, e que tal convergência seja refletida consistentemente na dinâmica subjacente da inflação", lê-se no comunicado.
Novo programa de compras de 20 mil milhões por mês
Depois, reabriu um novo programa de compra líquida de ativos, mas numa dimensão mais pequena – e que alguns analistas consideram de impacto irrelevante – do que o esperado. As compras vão começar a 1 de novembro e terão a dimensão líquida de 20 mil milhões de euros por mês. Os analistas dos bancos falavam em compras entre 30 e 40 mil milhões de euros mensais.
Uma das razões para Draghi ter optado por um programa mais pequeno poderá ser a resistência de alguns membros do conselho do BCE, nomeadamente os do norte da Europa, céticos quanto à utilidade e bondade da medida: Alemanha, Holanda e Áustria, por exemplo. Além disso, o BCE enfrenta a possibilidade de ficar sem dívida disponível para comprar.
Em contrapartida, uma vez mais o programa foi iniciado sem fim à vista: "O Conselho espera que as compras decorram por tanto tempo quanto o necessário para reforçar o impacto acomodatício da sua política de taxas de juro," diz o comunicado, adiantando apenas que estas compras líquidas "devem terminar pouco antes de o BCE começar a subir juros". Já a fase de reinvestimentos, que está neste momento em curso e que significa que o BCE só reinveste na medida em que a dívida chega à maturidade, deve prolongar-se "por um período extenso de tempo para lá da data em que o Conselho começar a subir as principais taxas de juro, e em qualquer caso, durante quanto tempo seja necessário".
Medidas para ajudar os bancos em ambiente de juros baixos
Tendo em conta que o BCE acaba de anunciar que os juros vão continuar baixos sem limite de tempo à vista, o Conselho tomou também medidas para ajudar a banca a conseguir rentabilidade num ambiente prolongado de baixas taxas de juro. Desde logo, avançou para o chamado "tiering", que se trata de isentar os bancos do pagamento das taxas de juro negativas nos depósitos em parte das suas reservas. Aqui, o BCE criou dois escalões.
Além disso, avançou alterações nas taxas aplicadas às linhas de crédito aos bancos, para tornar os empréstimos à banca ainda mais favoráveis. "A taxa de juro de cada operação vai agora ser definida pelo nível da taxa média aplicada no Euro sistema nas principais operações de refinanciamento, durante o período de vida" da respetiva operação, indica o comunicado. Para os bancos cujos empréstimos líquidos excedam o benchmark, o juros aplicados "serão mais baixos e podem ser tão baixos quanto a média da taxa de juro da facilidade de depósitos que prevaleça ao longo do período de vida da operação", adianta ainda. Mais: a maturidade destas operações vai ser alargada de dois para três anos.
O BCE vai enviar ainda um novo comunicado com mais detalhes sobre as medidas tomadas. Mas entretanto, Mario Draghi vai explicar as decisões do Conselho numa conferência de imprensa, marcada para as 13:30, hora de Lisboa.
(Notícia atualizada às 13:30)
As decisões do BCE não foram tão expressivas como chegou a ser imaginado pelos mercados, mas o Conselho aparece hoje com um conjunto de medidas suficientemente grande para poder ser considerado um pacote de estímulos à Zona Euro – e que aparece sem data certa para terminar. Draghi e os mercados parecem ter derrotado os falcões do norte da Europa.
Mas em contrapartida, o BCE reforçou a sua mensagem sobre a evolução futura das taxas de juro, eliminando a data para o fim dos estímulos.
"O Conselho agora espera que as principais taxas de juro do BCE se mantenham nos seus níveis atuais, ou mais baixos, até que o cenário de inflação convirja de forma robusta para um nível suficientemente perto, mas abaixo, de 2% dentro do seu horizonte de projeção, e que tal convergência seja refletida consistentemente na dinâmica subjacente da inflação", lê-se no comunicado.
Novo programa de compras de 20 mil milhões por mês
Depois, reabriu um novo programa de compra líquida de ativos, mas numa dimensão mais pequena – e que alguns analistas consideram de impacto irrelevante – do que o esperado. As compras vão começar a 1 de novembro e terão a dimensão líquida de 20 mil milhões de euros por mês. Os analistas dos bancos falavam em compras entre 30 e 40 mil milhões de euros mensais.
Uma das razões para Draghi ter optado por um programa mais pequeno poderá ser a resistência de alguns membros do conselho do BCE, nomeadamente os do norte da Europa, céticos quanto à utilidade e bondade da medida: Alemanha, Holanda e Áustria, por exemplo. Além disso, o BCE enfrenta a possibilidade de ficar sem dívida disponível para comprar.
Em contrapartida, uma vez mais o programa foi iniciado sem fim à vista: "O Conselho espera que as compras decorram por tanto tempo quanto o necessário para reforçar o impacto acomodatício da sua política de taxas de juro," diz o comunicado, adiantando apenas que estas compras líquidas "devem terminar pouco antes de o BCE começar a subir juros". Já a fase de reinvestimentos, que está neste momento em curso e que significa que o BCE só reinveste na medida em que a dívida chega à maturidade, deve prolongar-se "por um período extenso de tempo para lá da data em que o Conselho começar a subir as principais taxas de juro, e em qualquer caso, durante quanto tempo seja necessário".
Medidas para ajudar os bancos em ambiente de juros baixos
Tendo em conta que o BCE acaba de anunciar que os juros vão continuar baixos sem limite de tempo à vista, o Conselho tomou também medidas para ajudar a banca a conseguir rentabilidade num ambiente prolongado de baixas taxas de juro. Desde logo, avançou para o chamado "tiering", que se trata de isentar os bancos do pagamento das taxas de juro negativas nos depósitos em parte das suas reservas. Aqui, o BCE criou dois escalões.
Além disso, avançou alterações nas taxas aplicadas às linhas de crédito aos bancos, para tornar os empréstimos à banca ainda mais favoráveis. "A taxa de juro de cada operação vai agora ser definida pelo nível da taxa média aplicada no Euro sistema nas principais operações de refinanciamento, durante o período de vida" da respetiva operação, indica o comunicado. Para os bancos cujos empréstimos líquidos excedam o benchmark, o juros aplicados "serão mais baixos e podem ser tão baixos quanto a média da taxa de juro da facilidade de depósitos que prevaleça ao longo do período de vida da operação", adianta ainda. Mais: a maturidade destas operações vai ser alargada de dois para três anos.
O BCE vai enviar ainda um novo comunicado com mais detalhes sobre as medidas tomadas. Mas entretanto, Mario Draghi vai explicar as decisões do Conselho numa conferência de imprensa, marcada para as 13:30, hora de Lisboa.
(Notícia atualizada às 13:30)