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Estímulo orçamental permitiria subir juros mais depressa, diz Draghi
O presidente do BCE considera que, se houver uma coordenação orçamental entre os Estados da Zona Euro, o banco central poderá conseguir subir os juros mais cedo do que o previsto.
A cerca de um mês do fim do seu mandato, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) quer que a Zona Euro tente imitar mais os Estados Unidos, evitando cometer os mesmos erros do Japão. Em causa está um estímulo orçamental coordenado que possibilite a subida dos juros mais cedo do que o esperado atualmente.
Num discurso em Atenas esta terça-feira, 1 de outubro, Mario Draghi foi mais longe no seu pedido para que os Estados-membros gastem mais (e melhor), comparando a evolução da Zona Euro com a dos EUA e do Japão.
"Se as políticas orçamentais e estruturais também exercessem o seu papel em paralelo [com a política monetária], os efeitos secundários da política monetária seriam menores e o regresso a taxas de juro mais elevadas seria mais rápido", afirmou Draghi, a quatro semanas de abandonar a "euro tower" (sede do BCE) de Frankfurt, dando lugar a Christine Lagarde que começa a 1 de novembro.
Para o atual presidente do banco central da Zona Euro essa foi, e ainda é, a principal diferença entre a economia europeia e a norte-americana. "O facto de as taxas de juro terem conseguido subir mais depressa nos EUA do que na Zona Euro desde a crise é porque a política orçamental exerceu um grande papel ao lado da política monetária", explicou.
E deu o exemplo contrário: "A falta de alinhamento na política [económica] no Japão face às forças deflacionistas de décadas levou a uma situação em que tanto a política orçamental como a monetária tiveram de ser extremamente acomodaticias para tirar a desinflação enraizada da economia".
"A resposta mais eficaz seria um estímulo através do investimento ao nível da Zona Euro", disse Draghi, referindo a necessidade de haver um instrumento orçamental na economia do euro. Para o presidente do BCE o acordo que existe em torno de um instrumento orçamental para a convergência e a competitividade na Zona Euro é um "passo na direção certa, mas ainda não cumpre os critérios necessários em termos de tamanho ou design".
Certo é que uma maior despesa pública levaria à emissão de mais dívida pública, o que "aumentaria a oferta de ativos de refúgio e ajudaria a absorver o excesso de poupanças" que existe em alguns países da Zona Euro. Além disso, "as políticas orçamentais poderiam ser usadas para reduzir a desigualdade e encorajar uma maior participação da força de trabalho nos trabalhadores mais velhos, levando a uma redução da poupança", elaborou, referindo que isso ajudaria a tirar o "peso" que atualmente incide sobre a política monetária.
Esta poderia ser também uma forma de ajudar os países mais endividados e que têm sido incapazes de convergir para a média europeia. "O 'gap' entre o PIB per capita real nestes países [bálticos, Eslováquia, Malta e Eslovénia] foi reduzido em cerca de um terço desde 1999. Contudo, outros países que também começaram afastados da média da Zona Euro - como é o caso de Portugal e da Grécia - não têm conseguido, em última análise, fechar o 'gap' de forma significativa", notou Draghi.
Num discurso em Atenas esta terça-feira, 1 de outubro, Mario Draghi foi mais longe no seu pedido para que os Estados-membros gastem mais (e melhor), comparando a evolução da Zona Euro com a dos EUA e do Japão.
Para o atual presidente do banco central da Zona Euro essa foi, e ainda é, a principal diferença entre a economia europeia e a norte-americana. "O facto de as taxas de juro terem conseguido subir mais depressa nos EUA do que na Zona Euro desde a crise é porque a política orçamental exerceu um grande papel ao lado da política monetária", explicou.
E deu o exemplo contrário: "A falta de alinhamento na política [económica] no Japão face às forças deflacionistas de décadas levou a uma situação em que tanto a política orçamental como a monetária tiveram de ser extremamente acomodaticias para tirar a desinflação enraizada da economia".
Ou seja, a diferença entre os EUA e o Japão esteve na coordenação da política económica e a Zona Euro deve tirar lições dessas experiências passadas. "Quem decide as políticas tem a responsabilidade de aprender com as lições do passado, estudar as experiências dos outros e evitar riscos previsíveis para o público alterando as políticas atuais", considera Mario Draghi.President Mario Draghi calls for more supportive fiscal policy alongside monetary policy for a faster return to price stability with fewer side effects. Read the full speech https://t.co/uVn1Kzvkyz pic.twitter.com/CNzhT1hH05
— European Central Bank (@ecb) October 2, 2019
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"A resposta mais eficaz seria um estímulo através do investimento ao nível da Zona Euro", disse Draghi, referindo a necessidade de haver um instrumento orçamental na economia do euro. Para o presidente do BCE o acordo que existe em torno de um instrumento orçamental para a convergência e a competitividade na Zona Euro é um "passo na direção certa, mas ainda não cumpre os critérios necessários em termos de tamanho ou design".
Certo é que uma maior despesa pública levaria à emissão de mais dívida pública, o que "aumentaria a oferta de ativos de refúgio e ajudaria a absorver o excesso de poupanças" que existe em alguns países da Zona Euro. Além disso, "as políticas orçamentais poderiam ser usadas para reduzir a desigualdade e encorajar uma maior participação da força de trabalho nos trabalhadores mais velhos, levando a uma redução da poupança", elaborou, referindo que isso ajudaria a tirar o "peso" que atualmente incide sobre a política monetária.
Esta poderia ser também uma forma de ajudar os países mais endividados e que têm sido incapazes de convergir para a média europeia. "O 'gap' entre o PIB per capita real nestes países [bálticos, Eslováquia, Malta e Eslovénia] foi reduzido em cerca de um terço desde 1999. Contudo, outros países que também começaram afastados da média da Zona Euro - como é o caso de Portugal e da Grécia - não têm conseguido, em última análise, fechar o 'gap' de forma significativa", notou Draghi.