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Draghi faz balanço do mandato: "Temos uma União Monetária mais forte do que em 2008"

Na sua última presença no Parlamento Europeu, Mario Draghi despediu-se dos eurodeputados com um balanço positivo do seu mandato.

Reuters
15 de Janeiro de 2019 às 17:32
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O presidente do Banco Central Europeu (BCE) garantiu esta terça-feira, 15 de janeiro, que a União Monetária está "mais forte" do que em 2008, ano que marca o início da crise financeira internacional. No último discurso no Parlamento Europeu, Mario Draghi - cujo mandato termina no final deste ano - alertou que é necessário mais trabalho para completar a arquitetura da Zona Euro e torná-la mais forte perante uma eventual nova crise. 

No seu discurso, o responsável pela política monetária da Zona Euro fez um balanço positivo dos últimos sete anos enquanto presidente do BCE, cargo que assumiu em 2011. Perante os eurodeputados, Draghi elencou as três as lições que tirou: é preciso um mandato claro para atingir a estabilidade dos preços; é necessária independência sobre os instrumentos que se podem utilizar para alcançar os objetivos da política monetária; e é preciso um forte enquadramento de prestação de contas.

Foi com base nesta terceira lição que Mario Draghi referiu os "esforços" do BCE em melhorar a sua comunicação e o escrutínio das suas decisões nos últimos anos. Exemplo disso é que o conselho de governadores do banco central - órgão onde estão os presidentes dos bancos centrais dos países da Zona Euro - passou a publicar as minutas das suas reuniões de decisões de política monetária, tal como faz a Reserva Federal norte-americana. 

"Comunicar as nossas expectativas sobre o futuro da política [monetária], ao mesmo tempo que referimos as condições que poderiam justificar uma mudança no rumo dessa política, tem contribuído de forma bem sucedida para reduzir a incerteza à volta do que se espera que seja o caminho futuro da taxa de juro", explicou Draghi.

Além disso, o BCE e o Parlamento Europeu começaram a colaborar mais, permitindo "mais oportunidades" de explicar as decisões tomadas, "o que é um pilar fundamental da legitimidade [do BCE]".

"Uma vez que esta é a minha última audição neste plenário como presidente do BCE, deixem-me agradecer a todos pela forma como este processo foi guiado durante o meu mandato, pelas interações valiosas convosco e pela oportunidade que me deram de explicar as políticas do BCE", sublinhou Draghi.

Mais forte, mas a travar
Mais de dez anos depois da crise, o líder do banco central considera ter vitórias na bagagem. "Em grande medida, nós temos uma União Monetária mais forte agora do que em 2008", garantiu, ressalvando logo de seguida que é preciso mais trabalho para completar a integração do euro de forma a que este fique mais resiliente face a uma futura crise.

Olhando para o futuro, Draghi aconselha os líderes europeus a aproveitarem este tempo de bonança para completar a arquitetura da Zona Euro. "Aumentar a resiliência da União irá também fortalecer a transmissão da política monetária em futuras recessões. A resiliência depende da capacidade da Zona Euro de usar uma série de instrumentos de políticas envolvendo a política monetária, a orçamental, a prudencial e os instrumentos estruturais", explicou o italiano. 


Esse cenário de piores condições macroeconómicas pode estar para breve, tal como o BCE já sinalizou. Os recentes desenvolvimentos económicos da Zona Euro "têm sido mais fracos do que o esperado e as incertezas, principalmente relacionadas com fatores globais, mantêm-se proeminentes", admitiu Draghi.

Um contexto que leva o presidente do BCE a dizer que "não há espaço para complacência" e que continua a ser necessária uma "quantidade significativa" de estímulos monetários a médio prazo, ainda que tenha terminado com o programa de compras de dívida pública no final de 2018. 

"Decidimos acabar com as compras líquidas [de dívida pública] em dezembro do ano passado, confiantes de que vai continuar a convergência sustentada da inflação em torno do nosso objetivo", justificou o presidente do banco central. 

No entanto, recordando a necessidade que o BCE teve de adaptar a sua política nas duas últimas décadas, Mario Draghi deixou um compromisso. "Continuaremos a fazê-lo se e quando for necessário", garantiu, prometendo flexibilidade na sua atuação até ao final do mandato que termina no fim deste ano.


O jornalista em Estrasburgo, a convite do Parlamento Europeu. 
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