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Draghi não vê recessão em breve, mas admite travagem duradoura

O presidente do Banco Central Europeu não espera ver a economia europeia entrar em recessão nos próximos anos, mas admite que a desaceleração possa ter chegado para ficar.

Reuters
15 de Janeiro de 2019 às 18:41
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Mario Draghi considera que já não é possível ignorar que as causas do abrandamento económico não são apenas temporárias, mas também permanentes. Não que a economia europeia vá entrar em recessão novamente, assegura o presidente do Banco Central Europeu (BCE), mas certamente passará por um período de travagem mais duradouro. 

Esta previsão foi feita por Draghi esta terça-feira, 15 de janeiro, em resposta aos eurodeputados, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, onde está para comemorar os 20 anos do euro e para discutir as decisões de política monetária do BCE. 

Estas declarações vão ao encontro da mensagem que o banco central tem passado nos últimos meses. Nas últimas reuniões do conselho de governadores, o BCE tem revisto em baixa as previsões de crescimento económico para a Zona Euro, tal como fez o Banco de Portugal em específico para a economia portuguesa. 

Mas a questão para o médio-prazo impõe-se: esta é uma travagem temporária ou estamos a avançar para uma recessão? Para Mario Draghi este "é um abrandamento que não nos conduz a uma recessão, mas que pode demorar mais tempo do que o esperado". Tal deve-se à avaliação do BCE de que esta desaceleração económica não se deve apenas a fatores temporários - como é exemplo a travagem do setor automóvel na Alemanha -, mas também por fatores estruturais. 

O consumo, o investimento, as exportações e o emprego deverão continuar a aumentar. "No entanto, tudo isto está a acontecer com níveis de crescimento mais baixos", refere Draghi, admitindo que o banco central não esperava que a travagem fosse sentida já. Dado que 2017 foi um ano "excecional quando comparado com as médias históricas, deveremos voltar a um ritmo de crescimento baixo". 

O quão mais baixo dependerá dos fatores que o presidente do BCE considera estar a impedir o PIB de dar saltos maiores: o abrandamento económico na China e as incertezas geopolíticas que põem em causa a União Europeia, tal como por exemplo o Brexit, as tensões comerciais entre os EUA e a China ou a negação do multilateralismo. 

"Isto tem um custo: uma confiança mais reduzida por parte das empresas e dos consumidores", explica, o que se traduz em menor crescimento económico. Mas Draghi também deixou um aviso aos países: "Quer pertençam ou não ao euro, as reforças são necessárias. Os roteiros não são os mesmos para todos os países dado que cada país tem a sua própria história, mas sem reformas não há crescimento". 

O jornalista em Estrasburgo, a convite do Parlamento Europeu. 
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