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Draghi: riscos baixaram, mas inflação não convence. Estímulos ficam

Presidente do BCE faz um balanço mais optimista da situação económica da Zona Euro, mas diz que a evolução da inflação ainda não parece sustentada. Estímulos estão para ficar pelo menos até final o ano.

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27 de Abril de 2017 às 14:27
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A economia está recuperar e os riscos baixaram, mas a evolução dos preços na Zona Euro está longe de convencer o BCE de que a inflação caminha de forma sustentada para o objectivo do banco central de garantir uma taxa de inflação inferior mas próxima de 2% na união monetária. Neste contexto, os estímulos monetários, sejam as baixas taxas de juro ou a compra de 60 mil milhões de euros de activos por mês, ficam no terreno pelo menos até ao final do ano, tal como comunicados até agora, reafirmou Mario Draghi na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de final de Abril de 2017. O presidente do BCE nem sequer quis entrar no debate sobre como comunicar uma estratégia de saída, evitando também comentar os riscos políticos na Europa.

Pelas 15:00 horas de Lisboa, cerca de meia hora após o final da conferência de imprensa, as principais bolsas europeias permaneceram em terreno negativo, o euro desvalorizava 0,45% para 1,09 dólares,  e o juros da dívida pública nacional cairam para mínimos. As reacções podem indicar que Draghi conseguiu um dos seus objectivos para hoje: passar uma mensagem de optimismo cauteloso quanto à economia da Zona Euro, mas que ao mesmo tempo realce que os actuais estímulos monetários são para manter. Ou como lhe chamou Holger Schmieding, economista do banco Berenberg, trata-se de "uma estratégia de saída a passo de caracol".


Economia melhor, inflação não 
      

"A recuperação cíclica da economia está a tornar-se cada vez mais sólida, e os riscos negativos" sobre a actividade económica diminuíram, tanto na Zona Euro, como a nível global. Ainda assim, "embora os riscos sobre o crescimento se tenham movido para mais próximo do equilíbrio, ainda estão enviesados para o lado negativo, principalmente devido a factores globais", afirmou, revelando que esta avaliação sobre a saúda da economia da Zona Euro ocupou uma boa parte do debate entre os governadores, que acabaram por concordar com ela por unanimidade.

Do lado dos preços, a situação continua a exigir mais cuidado, sublinhou Draghi. A inflação permanece volátil, como evidenciou a queda superior ao esperado para 1,5% em Março, e a inflação subjacente (a que desconta o efeito dos preços do petróleo e bens alimentares) não está a aumentar. Além disso, não há sinais de pressão salariais evidentes, destacou o líder do banco central, para assim justificar a necessidade de manter um política monetária "muito acomodatícia".

"Ainda temos de observar uma tendência convincente de recuperação da inflação" e temos de "olhar para lá de efeitos transitórios" na inflação global, afirmou, sintetizando depois o sentimento entre os governadores da moeda única: "Não estamos suficientemente convencidos que a inflação vai convergir para o nosso objectivo de inflação abaixo, mas próxima de 2% de forma sustentada e duradoura".

Na conferência de imprensa, Draghi foi várias vezes questionado pelos jornalistas sobre oportunidade de começar a comunicar uma estratégia de saída dos actuais estímulos, e a todos respondeu que esse tempo não chegou. "Não vejo qualquer necessidade de discutir isso agora", respondeu uma das vezes.

Draghi reafirma quatro critérios para avaliar inflação

O presidente do BCE reafirmou os quatro critérios que havia avançado em Janeiro para avaliar a evolução da inflação. "A minha avaliação não mudou", afirmou, relembrando: a inflação tem de estar numa trajectória a caminho dos 2%, de forma duradoura e auto-sustentável. Ou seja, variações temporárias não contam e deve a inflação deve permanecer próxima do objectivo do BCE mesmo sem os estímulos que agora estão no terreno. Finalmente, o que conta não é a inflação de um só país, mas a média da região, defendeu.

Perante esta mensagem, Frederik Ducrozet, da Pictet, escreveu ao clientes que antes de o BCE reduzir estímulos, quererá garantir duas condições: "primeiro, a inflação subjacente tem de subir dos actuais cerca de 0,9% (…) para próximo de 1,1% a 1,2%" e, "em segundo lugar, é preciso que por aí permaneça ou até suba um pouco mais, para seja considerada auto-sustentável", defende o economista, que espera que o banco central adopte uma posição equilibrada quanto aos riscos da economia em Junho. Holger Schmieding, concorda.
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