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BCE espera mais crescimento, mas inflação não recupera. Estímulos ficam, diz Draghi
Mario Draghi revela que o BCE está mais optimista quanto à evolução da economia da Zona Euro, mas o dinamismo não se está a traduzir em mais inflação. Possibilidade de corte de juros desapareceu, mas estímulos ficam. Draghi pede paciência.
O Banco Central Europeu (BCE) reviu em alta o crescimento da Zona Euro e já não vê riscos negativos sobre a recuperação, avançou Mario Draghi, em conferência de imprensa após a reunião do conselho de governador que decorreu em Tallinn, na Estónia, e na qual a autoridade monetária manteve juros e o programa de compra de activos. O presidente sublinhou, no entanto, que a retoma "ainda tem que se traduzir em dinâmicas mais fortes de inflação" – a inflação até foi revista em baixa face a Março – pelo que os estímulos ficam no terreno e ainda nem sequer se debate a sua retirada, garantiu.
A admissão de "riscos equilibrados" em relação à recuperação foi uma das novidades na comunicação do banco central. A outra foi a eliminação da admissão da hipótese de cortar juros perante uma degradação das condições económicas, avançada logo no comunicado inicial que antecede a conferencia de imprensa. O tom mais optimista foi recebido nos mercados como um primeiro pequeno passo no sentido da normalização da política monetária. Mas Draghi não quis confirmar essa interpretação.
Segundo o líder do BCE, as alterações decorrem de, na avaliação dos governadores, já não haver um risco de deflação na Zona Euro. "O risco de deflação foi-se de vez", afirmou Draghi, evidenciando por várias vezes o melhor momento económico da região, mas também o facto de a inflação subjacente (a que desconta efeitos de petróleo e alimentos) estar estabilizada em torno de 1% há vários meses. O presidente adiantou que a reunião dos governadores "não debateu uma normalização" da política monetária.
Os mercados praticamente não reagiram à nova informação. As principais bolsas europeias seguiam pelas 15 horas sem rumo definido, o euro desvaloriza 0,36% face ao dólar e as taxas de juro das obrigações europeias variaram apenas alguns pontos base, com a taxa nacional a dez anos a fixar-se em 3,025%.
A pouca informação quanto ao futuro da política monetária poderá ajudar a explicar a calma. Além de garantir que os governadores não debateram a retirada de estímulos, Mario Draghi respondeu ainda que entende que o programa de activos "corre de forma suave" e "tem flexibilidade suficiente" para ser prolongado se e quando acharem necessário para fazer face a escassez de obrigações de alguns Estados-membro – o que já acontece com Portugal e poderá colocar-se em relação à Alemanha.
Mais crescimento, menos inflação
As novas previsões do banco central apontam para um crescimento mais forte da Zona Euro, mas ainda com muita incerteza quanto à evolução da inflação.
O "staff" do BCE espera agora um crescimento de 1,9% em 2017, 1,8% em 2019 e 1,7% em 2017, uma revisão em alta face à previsão de Março, que apontava para crescimento de 1,8% este ano, 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019.
O líder da autoridade monetária gastou uma boa parte da conferência a explicar o que justifica que a recuperação da economia e do mercado de trabalho não se estejam já a traduzir em pressões inflacionistas. A resposta, defendeu, encontra-se em boa parte numa nova estrutura de negociação salarial do mercado de trabalho europeu, caracterizada por menores expectativas de inflação baseadas na inflação passada, no facto de muitos dos empregos criados serem em "part-time" e gerarem tantas pressões sobre os salários, e de haver mais flexibilidade na negociação na sequência de reformas nos mercados de trabalho.
Draghi pede paciência
Quando questionado se está em causa a capacidade do BCE de atingir a meta de inflação inferior, mas próxima de 2% – uma hipótese que tem vindo a ser colocada pela resistência do aumento de preços face à retoma – Draghi recusou essa hipótese, e pediu paciência, confiança e persistência.
"Precisamos de ser pacientes porque sabemos que a fraqueza do mercado de trabalho está a diminuir e o ‘output gap’ [crescimento abaixo do potencial] está a fechar-se" e que com o tempo a inflacão chegará. "Precisamos de estar confiantes, porque a incerteza quanto à trajectória da inflação está a desaparecer - já não há risco de deflação, e estamos mais confiantes que a inflação convergirá para o nosso objectivo de forma durável". "Precisamos de ser persistentes. Vamos continuar a acompanhar a retoma com a nossa política monetária", afirmou.
Para que não restassem dúvidas, Draghi afirmou por duas vezes que os governadores "confiam na força e no poder da nossa política monetária".
A admissão de "riscos equilibrados" em relação à recuperação foi uma das novidades na comunicação do banco central. A outra foi a eliminação da admissão da hipótese de cortar juros perante uma degradação das condições económicas, avançada logo no comunicado inicial que antecede a conferencia de imprensa. O tom mais optimista foi recebido nos mercados como um primeiro pequeno passo no sentido da normalização da política monetária. Mas Draghi não quis confirmar essa interpretação.
Os mercados praticamente não reagiram à nova informação. As principais bolsas europeias seguiam pelas 15 horas sem rumo definido, o euro desvaloriza 0,36% face ao dólar e as taxas de juro das obrigações europeias variaram apenas alguns pontos base, com a taxa nacional a dez anos a fixar-se em 3,025%.
A pouca informação quanto ao futuro da política monetária poderá ajudar a explicar a calma. Além de garantir que os governadores não debateram a retirada de estímulos, Mario Draghi respondeu ainda que entende que o programa de activos "corre de forma suave" e "tem flexibilidade suficiente" para ser prolongado se e quando acharem necessário para fazer face a escassez de obrigações de alguns Estados-membro – o que já acontece com Portugal e poderá colocar-se em relação à Alemanha.
Mais crescimento, menos inflação
As novas previsões do banco central apontam para um crescimento mais forte da Zona Euro, mas ainda com muita incerteza quanto à evolução da inflação.
O "staff" do BCE espera agora um crescimento de 1,9% em 2017, 1,8% em 2019 e 1,7% em 2017, uma revisão em alta face à previsão de Março, que apontava para crescimento de 1,8% este ano, 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019.
Já a inflação global "deverá permanecer nos níveis actuais [1,4%] nos próximos meses" e fechar o ano com um crescimento médio de 1,5%, a que se seguirão 1,3% em 2018 e 1,6% em 2019. Em Março, o banco central apontava para 1,7% este ano, 1,6% em 2018 e 1,7% em 2019. A revisão em baixa foi justificada por Draghi com a evolução dos preços da energia, tendo afirmado várias vezes que "nada de significativo mudou" no cenário de inflação.
O líder da autoridade monetária gastou uma boa parte da conferência a explicar o que justifica que a recuperação da economia e do mercado de trabalho não se estejam já a traduzir em pressões inflacionistas. A resposta, defendeu, encontra-se em boa parte numa nova estrutura de negociação salarial do mercado de trabalho europeu, caracterizada por menores expectativas de inflação baseadas na inflação passada, no facto de muitos dos empregos criados serem em "part-time" e gerarem tantas pressões sobre os salários, e de haver mais flexibilidade na negociação na sequência de reformas nos mercados de trabalho.
Draghi pede paciência
Quando questionado se está em causa a capacidade do BCE de atingir a meta de inflação inferior, mas próxima de 2% – uma hipótese que tem vindo a ser colocada pela resistência do aumento de preços face à retoma – Draghi recusou essa hipótese, e pediu paciência, confiança e persistência.
"Precisamos de ser pacientes porque sabemos que a fraqueza do mercado de trabalho está a diminuir e o ‘output gap’ [crescimento abaixo do potencial] está a fechar-se" e que com o tempo a inflacão chegará. "Precisamos de estar confiantes, porque a incerteza quanto à trajectória da inflação está a desaparecer - já não há risco de deflação, e estamos mais confiantes que a inflação convergirá para o nosso objectivo de forma durável". "Precisamos de ser persistentes. Vamos continuar a acompanhar a retoma com a nossa política monetária", afirmou.
Para que não restassem dúvidas, Draghi afirmou por duas vezes que os governadores "confiam na força e no poder da nossa política monetária".