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Trump propôs a Pequim cortes nas tarifas sobre automóveis americanos

O Wall Street Journal avança que o presidente dos EUA enviou para as autoridades chinesas uma lista de produtos sobre os quais deveriam ser reduzidas as tarifas aduaneiras de forma a equilibrar o défice comercial americano face a Pequim. O governo chinês está disponível para conversações com Washington.

Saul Loeb/Reuters
26 de Março de 2018 às 11:11
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Os Estados Unidos propuseram à China que reduza as tarifas alfandegárias aplicadas às importações de um conjunto de bens americanos enquanto forma de reduzir o défice externo americano relativamente a Pequim.

O Wall Street Journal noticia esta segunda-feira, 26 de Março, citando fontes anónimas, que na semana passada a administração norte-americana enviou uma lista de medidas que as autoridades chinesas devem adoptar para equilibrar a relação comercial entre as duas maiores economias mundiais.

A lista começa por fazer referência a uma exigência de cortes nas tarifas sobre automóveis americanos. Depois faz um pedido para que a China compre mais semicondutores produzidos nos EUA e que liberalize o acesso do sector financeiro norte-americano ao mercado chinês. O Financial Times adiantou já esta manhã que a China disse estar disponível para aumentar o volume de compras de semicondutores americanos, diminuindo as aquisições feitas à Coreia do Sul e Taiwan. 

Ainda segundo o Wall Street Journal, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, está a ponderar a possibilidade de realizar uma visita de Estado à China, isto depois de, na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter afirmado que a Casa Branca não só está disponível para negociar com Pequim como está já a fazê-lo.


Entretanto, esta manhã o Ministério dos Negócios Estrangeiros revelou que as autoridades chinesas querem dialogar com Washington com vista à resolução do diferendo relativo ao comércio entre os dois países. Mnuchin garante que o diálogo com Pequim tem sido "muito produtivo" e a porta-voz do Ministério chinês dos Estrangeiros, Hua Chunying, assegurou que as autoridades chinesas "sempre" estiveram dispostas a negociar com Washington "numa base de mútuo respeito e mútuo benefício". 


Na quinta-feira passada, Trump anunciou a imposição de novas tarifas aduaneiras sobre bens importados na China que poderão ascender a um valor anual de 60 mil milhões de dólares. Donald Trump justificou a decisão com a necessidade de um maior equilíbrio na relação comercial entre os dois Estados, já que os Estados Unidos registam actualmente um défice comercial com a China na ordem dos 375 mil milhões de dólares, mais de metade (59%) do total do défice externo dos Estados Unidos (568 mil milhões de dólares).

Trump instou então Pequim a tomar medidas por forma a garantir pelo menos uma redução de 100 mil milhões de dólares do excedente comercial da China nas relações com os EUA.  

 

Pequim ameaça retaliar

Se já tinha avisado que retaliaria contra quaisquer medidas proteccionistas americanas, a confirmação das mesmas levou, logo na sexta-feira, as autoridades chinesas a sinalizarem a possibilidade de incrementarem em até 3 mil milhões de dólares as taxas aduaneiras sobre as importações de bens americanos.

A lista de possíveis produtos alvo americanos não fazia referência a soja nem aviões, os dois bens mais importados pela China, porém apontava para outros produtos agrícolas e para veículos motorizados (automóveis e motas, que representam cerca de 8% do total de importações de bens americanos). Actualmente, os automóveis americanos pagam uma tarifa de 25% para entrar na China.

O pacote aduaneiro aplicado à China é mais ou menos o dobro das tarifas já em vigor desde sexta-feira sobre as importações de aço e alumínio, que ascende a 30 mil milhões de dólares.

Para já, além das isenções conhecidas à importação destas matérias-primas do Canadá e do México, o conjunto dos Estados-membros da União Europeia beneficia de uma isenção temporária a estas tarifas até ao dia 1 de Maio. Até lá vão continuar as negociações entre Bruxelas, que quer uma isenção permanente, e Washington, embora o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já tenha avisado que este curto espaço de tempo não será suficiente para garantir um acordo. 

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