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UE considera "impossível" acordo com EUA sobre isenção permanente até 1 de Maio
O presidente da Comissão Europeia considera que a isenção temporária concedida pelos Estados Unidos em relação às importações de aço e alumínio são "boas e más notícias". Más porque Juncker não acredita que seja possível alcançar um acordo com Washington até 1 de Maio, dia em que termina a suspensão na aplicação das novas tarifas aduaneiras.
A suspensão da aplicação de novas tarifas aduaneiras sobre as importações da União Europeia, anunciada na quinta-feira por Donald Trump, é, para Bruxelas, uma "boa e má notícia". No final do Conselho Europeu que decorreu no último dia e meio, na capital belga, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mostrou-se satisfeito por o presidente dos Estados Unidos ter aceitado que a UE não pode ser dividida em 28 partes, o que "é a parte boa das notícias", mas avisou que não será possível alcançar um entendimento com Washington nos prazos estabelecidos por Trump.
No entanto, a isenção temporária às tarifas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, que entram em vigor esta sexta-feira, 23 de Março, termina no próximo dia 1 de Maio. E Juncker considera que "é impossível concluir a discussão [com os EUA]" até essa data, um prazo de pouco mais de uma semana que o líder da Comissão diz ser "pouco realista" para permitir que um acordo seja alcançado.
Juncker reiterou que a intenção de Bruxelas nas negociações em curso com Washington é assegurar "uma isenção permanente", um mandato conferido à comissária europeia para o Comércio,Cecilia Malmström. Contudo, a discussão de alto nível liderada por Malmström não permitirá "cobrir todos os temas" em cima da mesa até 1 de Maio. Trump disse que esta isenção temporária permitirá concluir as conversações.Numa mensagem dirigida a Trump, Juncker afiançou que a UE vai manter-se fiel ao "respeito pelas regras internacionais" estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
No mesmo dia em que anunciou a concessão destas isenções, Donald Trump confirmou o esperado anúncio da imposição de novas taxas aduaneiras à importação de bens oriundos da China, um pacote proteccionista que poderá ascender aos 60 mil milhões de dólares. Trump lembrou que mais de metade do défice comercial dos Estados Unidos face ao resto do mundo é provocada pela desnivelada relação comercial Washington-Pequim. O défice comercial americano em relação à China fixa-se em torno dos 375 mil milhões de dólares.
Para já, Trump centrou a sua estratégia numa guerra comercial com a segunda maior economia mundial, deixando num segundo plano a UE, à qual apenas anunciara a aplicação de tarifas sobre dois bens. Pequim anunciou entretanto que responderá na mesma moeda à política alfandegária dos EUA.
Macron diz que estratégia de Trump é errada
Ao mesmo tempo que decorria a conferência de imprensa de Juncker, também os líderes da França e da Alemanha falavam em conjunto aos jornalistas, com Paris e Berlim unidas contra Trump. O presidente gaulês, Emmanuel Macron, considera que a "estratégia americana é uma má estratégia para lidar com um problema real". Macron declarou que a isenção concedida não é "satisfatória" e avisou que se a UE for "atacada reagirá de forma irrepreensível". Também o líder francês, que garante que a "Europa não está à procura de uma guerra comercial", assegurou que a UE vai agir no quadro das regras da OMC.
Macron avisou depois Trump que não a Europa não aceita negociar sob ameaça, dizendo que a UE está indisponível para negociar com uma "arma apontada à cabeça".
Numa linha mais apaziguadora, a chanceler alemã, Angela Merkel, frisou que a União quer evitar uma "espiral de que todos sairiam a perder" e insistiu que a Europa continuará "a discussão com base nas regras da OMC que todos nós subscrevemos".
(Notícia actualizada às 14:45)