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Trump avisa a Coreia do Norte que “todas as opções estão sobre a mesa”
Não tardou a resposta americana ao lançamento de um míssil, pela Coreia do Norte que sobrevoou parte do território japonês. Donald Trump garante que nesta altura “todas as opções estão sobre a mesa”.
Apesar das indicações de que a estratégia dos Estados Unidos passaria por tentar não contribuir para a escalada da tensão na península coreana, Donald Trump não está para meias medidas e avisou Pyongyang de que nesta altura "todas as opções estão sobre a mesa". O mesmo é dizer que o presidente americano não exclui o recurso à força militar como resposta ao cada vez mais rápido ritmo de provocações feitas pelo regime ditatorial da Coreia do Norte.
Através de comunicado enviado às redacções pelo gabinete de imprensa da Casa Branca, Donald Trump nota que o "mundo recebeu a última mensagem da Coreia do Norte de forma clara e inequívoca" e defende que a mesma mostra o "desprezo" de Pyongyang relativamente aos seus vizinhos e a todos os países-membros das Nações Unidas.
"Ameaças e acções desestabilizadoras apenas aumentam o isolamento do regime norte-coreano, na região e entre todas as nações mundiais. Todas as opções estão sobre a mesa", conclui o comunicado da Casa Branca.
Minutos antes, a agência Reuters citava um diplomata da Coreia do Norte a responsabilizar os Estados Unidos pelo lançamento de um míssil balístico na última madrugada, na região asiática.
Han Tae Song, embaixador de Pyongyang junto do escritório das Nações Unidas em Genebra, considera que os testes militares conjuntos dos EUA e da Coreia do Sul, iniciados há pouco mais de uma semana "apesar dos repetidos avisos", provocaram esta resposta da Coreia do Norte, embora o diplomata não se tenha referido directamente ao míssil que sobrevoou o Japão.
Ao início da noite desta segunda-feira em Lisboa (madrugada no leste asiático), a Coreia do Norte lançou, a partir da capital Pyongyang, um míssil balístico que sobrevoou a região norte do Japão acabando depois, segundo as autoridades nipónicas, por se desintegrar e partir em três antes de cair no Pacífico Norte, mais concretamente a cerca de mil km a leste do Cabo de Erimo, na ilha de Hokkaido.
O Defense News, um site especializado em assuntos de Defesa, escreve que este terá sido o primeiro projéctil a atravessar território japonês desde 2009. Será também o terceiro projéctil a sobrevoar território nipónico depois dos ensaios realizados em 2009 e em 1998. No entanto, não se tratando o Japão de um inimigo estratégico do regime comunista dinástico liderado por Kim Jong-un, o Defense News sustenta que este exercício mostra que a Coreia do Norte está "um passo mais próxima de atingir o objectivo" de possuir um arsenal de mísseis nucleares capazes de atingir os Estados Unidos.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, foi dos primeiros a reagir dizendo que o teste ontem realizado pela Coreia do Norte configura uma "ameaça grave e sem precedentes" para a segurança do país. Logo de seguida Abe revelou que, após conversar telefonicamente com Trump, os EUA e o Japão acordaram a convocação de um encontro com carácter de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas que, sabe-se entretanto, reunirá ainda na tarde desta terça-feira.
Em declarações à BBC, Robert Kelly, professor na Universidade Pusan National, na Coreia do Sul, sustenta que este teste norte-coreano tem como objectivo essencial prevenir eventuais acções estratégicas vindas de Seul ou de Washington, os dois verdadeiros inimigos de Pyongyang. Ainda assim este professor considera que o lançamento de ontem terá efeitos no Japão, sendo previsível que os "falcões" japoneses vejam neste acto a necessidade de o país reforçar a sua capacidade militar bem como o sistema de defesa anti-mísseis.
Pronta foi a resposta da Coreia do Sul, que admite que o míssil lançado por Pyongyang terá voado a mais longa distância no que se refere a engenhos disparados pela Coreia do Norte. Perante a ameaça que a proximidade da capacidade nuclear por Pyongyang representa, Seul lançou oito bombas no norte do país, próximo da fronteira entre os dois países, por sinal a zona mais militarizada do mundo. A adensar os receios da comunidade internacional estão as informações que indicam que a Coreia do Norte estará muito próxima de conseguir introduzir ogivas nucleares em mísseis balísticos de médio e longo alcance.
Depois da acalmia a tempestade
Após duas semanas em que a se verificava um desanuviamento da tensão entre os EUA e a Coreia do Norte, a acção agora desencadeada mostra que Pyongyang está disposto a promover uma escalada, isto depois de no início do mês ter ameaço atingir a ilha americana de Guam, situada no Pacífico. As autoridades japonesas e sul-coreanas acreditam que o míssil lançado é um novo modelo de médio alcance do Hwasong-12, o míssil balístico com que Pyongyang ameaçou atingir Guam.
Contudo, este reescalar da tensão internacional surge na sequência de uma troca de ameaças espoletada pela imposição de novas sanções pelas Nações Unidas à Coreia do Norte devido à persistência em continuar a desenvolver o seu programa nuclear. Pyongyang respondeu com ameaças militares às novas penalizações financeiras aplicadas pela comunidade internacional, com o apoio da China, actualmente o único aliado diplomático do regime comunista norte-coreano, o que levou Trump a ameaçar com "fogo e fúria" o país.
Condenações em catadupa à acção norte-coreana
Sucedem-se as condenações ao mais recente teste realizado pela Coreia do Norte. A França, através do presidente Emmanuel Macron, afiança que continuará intransigente na prossecução de medidas que dissuadam Pyongyang do programa nuclear e avisa que proporá novas iniciativas contra a Coreia do Norte. Ou seja, há a perspectiva de mais sanções na calha.
O Reino Unido fala em "provocação irresponsável", enquanto a União Europeia vai reunir-se com o objectivo de encontrar uma "resposta apropriada" ao sucedido.
Já a Rússia condena o lançamento de mais um míssil balístico e insta a Coreia do Norte a mostrar "contenção".
Também Portugal reagiu através de um comunicado em que o Ministério dos Negócios Estrangeiros "condena" o acto norte-coreano e "exorta novamente a República Popular Democrática da Coreia a retomar um diálogo sério com a comunidade internacional, no sentido de um abandono completo, verificável e irreversível dos seus programas balístico e nuclear".
Mais contida foi a reacção da China, com Pequim a reiterar o apelo à opção pelo diálogo como forma de resolver a crise resultante da prossecução do programa nuclear norte-coreano.
(Notícia actualizada pela última vez às 13:52)