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Coreia do Norte mostra não ter medo das ameaças de Donald Trump
A mais recente provocação feita pela Coreia do Norte fez com que os Estados Unidos retomassem a troca de ameaças que, há pouco mais de duas semanas, elevou o receio de um conflito militar potencialmente nuclear na península coreana. Pyongyang não cede a Washington e arrisca mais sanções da ONU.
O último disparo de um míssil de teste feito pela Coreia do Norte é toda uma declaração desafiadora da postura ameaçadora de Donald Trump.
Na semana passada e em pleno desanuviar da tensão internacional em torno do programa nuclear norte-coreano, o presidente americano garantia que, finalmente, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, "está a começar a respeitar-nos". Havia passado pouco mais de uma semana desde a interrupção da escalada verbal entre Washington e Pyongyang e já Trump atribuía o desescalar da tensão à ameaça que o próprio fizera de "fogo e fúria" contra a Coreia do Norte.
Mais diplomático, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, considerou que a interrupção de testes com mísseis balísticos mostrava "algum nível de contenção" por parte do regime norte-coreano que poderia indiciar vontade de seguir uma "rota" de diálogo.
Os últimos acontecimentos mostram que estas assunções foram prematuras. Era madrugada de terça-feira no leste asiático quando a Coreia do Norte lançou um míssil balístico que sobrevoou a região norte do Japão e acabou por se desintegrar e partir em três antes de cair no Pacífico Norte.
Este lançamento foi visto como um dos ensaios balísticos mais provocatórios levado a cabo nos últimos anos pelo regime ditatorial dinástico da Coreia do Norte. Foi o terceiro projéctil norte-coreano a sobrevoar território nipónico, depois dos lançamentos feitos em 1998 e 2009. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, foi dos primeiros a reagir dizendo que estas acções configuram uma "ameaça grave e sem precedentes" para a segurança da região. Este incidente vem legitimar e dar força à proposta militarista de Abe que pretende superar os constrangimentos colocados ao Japão por uma Constituição pacifista.
as nações mundiais. Todas as opções estão sobre a mesa. Casa branca
Regresso às ameaças
Enquanto a comunidade internacional se limitava a condenar as acções norte-coreanas, os EUA retomavam já a verbalização de ameaças. "Todas as opções estão sobre a mesa", lia-se num comunicado enviado pelo gabinete de imprensa da Casa Branca em que Trump opta por não excluir o recurso à força militar como resposta às provocações feitas pelo regime comunista.
Antes, Pyongyang já tinha responsabilizado os EUA pelo regresso às hostilidades. Han Tae Song, embaixador norte-coreano junto do escritório das Nações Unidas, em Genebra, disse que este teste foi uma resposta aos exercícios militares conjuntos dos EUA e da Coreia do Sul, iniciados há dez dias "apesar dos repetidos avisos".
A ameaça feita por Trump de recurso a "fogo e fúria como o mundo nunca viu" - que motivou o aviso norte-coreano de ataque à ilha americana de Guam, situada no Pacífico - surgiu depois de os serviços de informações americanos terem concluído que Pyongyang desenvolvera com êxito ogivas nucleares miniaturizadas a fim de as inserir em mísseis intercontinentais.
Esta notícia foi veiculada depois de a Coreia do Norte ter ameaçado retaliar contra as sanções adoptadas, no início do mês pela ONU. Na sequência dos últimos eventos, e após conversa entre Donald Trump e Shinzo Abe, foi convocada uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que decorria à hora de fecho desta edição. O presidente francês, Emmanuel Macron, quer medidas que dissuadam a Coreia do Norte, o que reforça a perspectiva de mais sanções. A China, que é o principal aliado diplomático de Pyongyang, apela ao diálogo.
Primeiro-ministro do Japão