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Schäuble alerta para possível nova crise financeira mundial
O ministro germânico das Finanças, de saída do cargo ao fim de oito anos, deixa o alerta: a liquidez colocada no mercado pelas autoridades monetárias e a elevada dívida pública e privada criam condições para uma nova crise.
O ainda ministro das Finanças alemão, que em breve cessará funções no âmbito do quarto mandato de Angela Merkel, aproveitou uma das suas últimas entrevistas no cargo para alertar para a possibilidade de uma nova crise económica e financeira internacional.
O responsável pelos cofres alemães durante a crise da Zona Euro alerta, em entrevista ao Financial Times, que os aumentos exponenciais da dívida a nível mundial e da liquidez nos mercados representam um risco importante para a economia internacional.
"Por todo o mundo economistas mostram-se preocupados com os riscos crescentes da acumulação de mais e mais liquidez e com o crescimento da dívida pública e privada. Também eu estou preocupado, afirmou. A Alemanha é dos membros da região do euro mais críticos da continuidade do programa de compra de activos por parte do Banco Central Europeu.
Recentemente, o antigo presidente da Reserva Federal norte-americana, Alan Greenspan, e o Bank of America Merrill Lynch (BofaML), também chamaram a atenção para este fenómeno.
Na Zona Euro, o risco maior para a estabilidade da região reside nos activos tóxicos que ainda repousam nos balanços dos bancos, defende. Sobre o Brexit diz que o referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia provou o quão "tolo" é dar ouvidos "aos demagogos que dizem (...) que estamos a pagar de mais pela Europa" e disse-se certo de que o nacionalismo não voltará a emergir na Alemanha, apesar da entrada da extrema-direita no Parlamento nas últimas eleições.
Apesar do pessimismo, o ministro elogiou as "iniciativas vigorosas" para reformar a União Europeia (onde a França tem tomado a liderança em propostas, nomeadamente para alterações no funcionamento da Zona Euro) e disse que a região monetária dos 19 tem pela frente a tarefa de "reduzir os riscos, que ainda são muito elevados - estou a pensar nos balanços dos bancos em muitos estados-membros da União Europeia, que são ainda muito pesadas."
Desse reforço dependerá, segundo Schäuble, a forma como a Zona Euro enfrentará uma possível nova crise económica. "Não teremos sempre tempos tão positivos em termos económicos como agora," sustentou.
(Notícia actualizada às 18:02 com mais informação)