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Obama contra-ataca Moscovo com expulsão de 35 responsáveis russos

A Administração Obama decidiu expulsar 35 funcionários públicos russos destacados nos Estados Unidos e decretou o encerramento de dois complexos detidos pela Rússia, em Nova Iorque e em Maryland. É a resposta à alegada interferência russa nas presidenciais norte-americanas de Novembro.

Kevin Lamarque/Reuters
29 de Dezembro de 2016 às 19:46
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A Administração norte-americana, liderada por Barack Obama, anunciou esta quinta-feira, 29 de Dezembro, a aplicação de um conjunto de sanções à Rússia, que passa pela expulsão de território norte-americano de 35 diplomatas e operacionais dos serviços de inteligência russos e pelo encerramento de dois complexos (Nova Iorque e Maryland) de dois serviços de informação russos, o GRU e o FSB.

Em comunicado, a Casa Branca justifica a decisão com "as actividades significativas" de pirataria informática que considera "inaceitáveis e que não serão toleradas". Trata-se de uma decisão sem precedentes uma vez que, como
 nota o New York Times, as sanções anunciadas configuram a mais forte resposta alguma vez adoptada pelos Estados Unidos enquanto retaliação contra ataques cibernéticos patrocinados por um Estado. 

Esta quarta-feira, a imprensa já tinha avançado que Washington estaria a preparar um conjunto de sanções económicas e diplomáticas para punir a alegada interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas. A decisão agora conhecida confirma a resposta validada pelo presidente Barack Obama, com uma fonte governamental citada pela agência Reuters a acrescentar que esta é também uma resposta à perseguição de que têm sido alvo diplomatas americanos destacados em solo russo. 

O New York Times especifica que entre os cidadãos russos expulsos dos Estados Unidos constam quatro altos operacionais dos serviços de informação russos da unidade de inteligência russa (GRU) que a Casa Branca acredita ter sido responsável pela ordem que deu luz verde ao alegado ataque informático ao servidor do Comité Nacional do Partido Democrata, bem como a outras organizações políticas.

 

Entre estes cidadãos contam-se também diplomatas alocados à embaixada russa em Washington e ao consulado de São Francisco. Depois de várias agências de informação, públicas e privadas, entre as quais a própria CIA, terem concluído que, por ordem do Kremlin, a Rússia realizou ataques informáticos para penalizar a candidatura da democrata Hillary Clinton, há agora a expectativa de que a Casa Branca revele provas definitivas.

  

Por outro lado, a decisão firmada por Obama contraria também aquela que vem sendo a opinião tornada pública pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que nas últimas semanas afirmou, em diversas ocasiões, duvidar que Moscovo tenha tido alguma relação com os ataques ao Partido Democrata.

 

Recorde-se que nas últimas semanas da campanha eleitoral para as presidenciais de 8 de Novembro, que Trump viria a vencer, o Wikileaks foi publicando a conta-gotas – à cadência de cerca de uma notícia diária – informações comprometedoras não apenas para o Partido Democrata mas também, e em especial, para Hillary Clinton.

 

Com a tomada de posse agendada para 20 de Janeiro, Trump, que defende o desanuviar das relações bilaterais com a Rússia, no que é acompanhado pelo presidente russo, Vladimir Putin, com quem mantém boas relações, terá de decidir sobre um eventual levantar destas sanções e também das penalizações económicas em vigor decretadas por Washington em resposta à anexação russa da Crimeia e às acções do país no Leste da Ucrânia.

 

Os diplomatas russos terão agora um prazo de 72 horas para abandonar os Estados Unidos, disse uma fonte governamental americana à CNN. Uma outra fonte anónima da Casa Branca, agora citada pela Reuters, reitera que "estas acções foram adoptadas para responder à perseguição a diplomatas americanos e às acções de diplomatas [russos] que nós confirmámos não serem consistentes com as práticas diplomáticas".

 

A mesma fonte prossegue, notando que Washington espera que agora o Governo russo "reavalie as suas próprias acções que limitaram a capacidade e segurança do nosso próprio pessoal da embaixada na Rússia". Também esta quinta-feira, a Rússia anunciou um acordo para o estabelecimento de um novo cessar-fogo na Síria, um plano de paz em que Moscovo não contou com a participação dos Estados Unidos. 

(Notícia actualizada às 20:30)

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