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Putin rejeita expulsar diplomatas americanos para não "baixar o nível"

O presidente russo rejeitou adoptar a recomendação feita pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros com vista à expulsão de diplomatas americanos destacados na Rússia. Putin opta por esperar pela futura administração, liderada por Trump.

Fantasmas de Ialta / (Re)União Soviética - Putin prometerá deixar de interferir nos assuntos dos Estados Unidos e da União Europeia, se em troca Merkel reconhecer o controlo russo sobre a Ucrânia, a Bielorrússia e a Síria. O país poderá vir a reconquistar o seu prestígio, abalado pelo colapso da União Soviética em 1991. O rublo recuperará nos mercados cambiais.
Reuters
30 de Dezembro de 2016 às 12:55
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Afinal a Rússia não deverá responder na mesma moeda à expulsão de diplomatas russos destacados nos Estados Unidos decretada esta quinta-feira pela administração liderada por Barack Obama.

O presidente russo, Vladimir Putin, revelou esta sexta-feira, 30 de Dezembro, que rejeita seguir a recomendação feita pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, que sugeria que Moscovo também expulsasse 35 diplomatas americanos. O presidente russo acrescenta que não quer "baixar o nível" diplomático e adianta, numa provocação ao papel do ainda presidente, Barack Obama, que prefere esperar pelas decisões que vierem a ser tomadas pelo presidente eleito, Donald Trump. 

"Reservamo-nos o direito de retaliar, mas não vamos baixar para o nível desta diplomacia de 'cozinha'. Vamos tomar medidas adicionais para restaurar relações russo-americanas baseadas nas políticas que a administração do presidente eleito Donald Trump vier a adoptar", afirmou Putin num comunicado publicado na página oficial do Kremlin e citado pelo Russia Today.

Mantendo a mira apontada a Obama, Putin convida "os filhos de todos os diplomatas americanos acreditados na Rússia" a festejar o ano novo no Kremlin. A finalizar, o presidente russo lamentou que Obama esteja a concluir o seu segundo mandato presidencial "desta forma", aproveitando para "congratular" Trump e "todo o povo americano". 

A justificar a deterioração das relações diplomáticas entre a Rússia e os Estados Unidos está a decisão, ontem anunciada, de Washington de expulsar do seu território 35 diplomatas e operacionais dos serviços de inteligência russos e de decretar o encerramento de complexos (Nova Iorque e Maryland) de dois serviços de informação russos, o GRU e o FSB.

A Casa Branca argumentou tratar-se de uma resposta à detecção de "actividades significativas" de pirataria informática que considera "inaceitáveis e que não serão toleradas" e ainda à perseguição de que têm sido alvo diplomatas americanos destacados em solo russo.

Já na manhã desta sexta-feira foi noticiado que a Rússia - que reitera não ter tido qualquer envolvimento nos ataques informáticos ao Partido Democrata - poderia também expulsar 35 diplomatas americanos como retaliação àquela que foi a tomada de posição mais afirmativa adoptada pelos Estados Unidos enquanto resposta a ataques cibernéticos patrocinados por um Estado. Foi esta a recomendação feita por Lavrov e que Putin recusou. O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, também se pronunciou para lamentar que a administração Obama culmine a presidência "numa agonia anti-Rússia", segundo citação feita pela agência Reuters. 

Na origem de toda esta polémica estão os ataques feitos aos servidores do Partido Democrata e a outras organizações políticas alegadamente ordenados pelo Governo russo. Foi pelo menos essa a conclusão de várias agência de informação, privadas e públicas, em que se inclui a CIA, que afiançam que houve interferência russa nas acções de espionagem cibernética que permitiram à Wikileaks publicar informações que terão prejudicada a candidata democrata, Hillary Clinton, que perdeu as presidenciais de 8 de Novembro para Trump. 

Relações EUA-Rússia nas mãos de Trump


Donald Trump, que assume funções a partir do próximo dia 20 de Janeiro, terá então de decidir sobre a permanência em vigor ou o levantamento destas sanções - assim como das penalizações económicas também impostas por Washington à Rússia na sequência da anexação unilateral da Crimeia. Trump poderá decretar o levantamento imediato das sanções. Ainda na noite desta quinta-feira, o presidente eleito dos EUA anunciou em comunicado irá reunir-se com os "líderes da comunidade dos serviços de inteligência, na próxima semana, para ser actualizado sobre os factos em torno desta situação".

Porém, Trump pareceu querer esvaziar esta questão ao afirmar que 
"está na altura de cuidarmos das nossas vidas e de centrar as atenções em coisas maiores e melhores". Também Putin procurou relativizar esta aproximação ao clima da Guerra Fria, preferindo esperar pela posição que vier a ser adoptada pelo próximo residente da Casa Branca. Se a relação entre Putin e Obama ao longo dos últimos anos foi marcada por mais pontos baixos do que altos, há a expectativa de que haja uma aproximação entre os dois países quando Trump tomar posse. 

É que além de Putin e Trump terem trocado elogios durante a campanha eleitoral, sabe-se que a perspectiva do presidente eleito dos EUA para a política externa norte-americana assenta numa ideia de retracção no plano internacional, o que só pode ser bem visto pelo presidente russo e por Moscovo. Ainda na quinta-feira a Rússia promoveu, juntamente com a Turquia, um acordo de cessar-fogo na Síria ignorando os Estados Unidos, o país que mais se envolveu no Médio Oriente nas últimas décadas. 

(Notícia actualizada às 13:15)
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