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Juan Guaidó proclama-se presidente da Venezuela. EUA, Brasil e Canadá apoiam-no
O líder da oposição na Venezuela autoproclamou-se presidente interino. Os EUA, o Brasil, o Canadá, a Colômbia e Argentina estão do lado de Guaidó. O número de países a dar apoio ao também líder da Assembleia Nacional aumenta. Maduro reagiu, acusando a oposição de golpe de Estado e apelando aos seus apoiantes para protegerem o governo.
Em comunicado, o presidente norte-americano, Donald Trump, reconheceu Guaidó como o presidente interino legítimo da Venezuela, e o Canadá também planeia fazer o mesmo. O Brasil apoia igualmente o líder da oposição, de acordo com informação veiculada por Jair Bolsonaro nas redes sociais. Assim como a Argentina. Segundo a Reuters, à lista de apoios junta-se também a Colômbia, Paraguai, Peru e Chile.
Com 35 anos, Juan Guaidó é também o presidente da Assembleia Nacional, cuja maioria pertence à oposição apesar de este órgão não ser reconhecido por Nicolás Maduro.
The citizens of Venezuela have suffered for too long at the hands of the illegitimate Maduro regime. Today, I have officially recognized the President of the Venezuelan National Assembly, Juan Guaido, as the Interim President of Venezuela. https://t.co/WItWPiG9jK
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 23 de janeiro de 2019
Venezuela: pic.twitter.com/PC2ezDhld1
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 23 de janeiro de 2019
Balançando a bandeira nacional, os manifestantes foram gritar para as ruas "Sai, Maduro" e "Guaidó a Presidente", de acordo com a Reuters. Em várias áreas, a polícia atirou gás lacrimogéneo contra os manifestantes para os dispersar. Segundo a Reuters, um protesto na passada noite de terça-feira levou à morte de quatro pessoas.
Num discurso perante a multidão, invocando o artigo 233.º da Constituição venezuelana, Guaidó prometeu "assumir todos os poderes da presidência para assegurar o fim da usurpação" de Maduro. O líder da oposição pediu o apoio dos militares para formar um Governo de transição que leve à realização de eleições livres. Em resposta, o Governo acusa Guaidó de golpe de Estado e ameaçou-o com a prisão.
Esta onda de protestos surge depois de Nicolás Maduro ter tomado posse a 10 de janeiro para mais um mandato à frente da Venezuela, após as eleições do ano passado terem sido declaradas como "fraudulentas" por várias entidades internacionais.
Santos Silva espera que Maduro "compreenda que o seu tempo acabou"
Em reação, o Governo português assinalou que a prioridade é salvaguardar a segurança física dos portugueses, tendo pedido que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela e o direito à manifestação pacífica. "Peço a todas as partes que se manifestam muito legitimamente, como é próprio das democracias, que o façam pacificamente sem pôr em causa a segurança dos bens e das pessoas", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, citado pela Lusa.
Mais tarde, o ministro afirmou o seu pleno respeito "à vontade inequívoca" mostrada pelo povo da Venezuela e disse esperar que Nicolás Maduro "compreenda que o seu tempo acabou".
"Apelamos para eleições livres, para que Maduro compreenda que o seu tempo acabou, porque não pode ignorar a vontade do povo e a Assembleia Nacional tem de ser respeitada", disse o ministro à Lusa.
Santos Silva acrescentou "subscrever inteiramente" a declaração da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, "preparada entre Estados-membros", que renova o "apelo para que não haja violência e que seja plenamente respeitada a vontade inequivocamente manifestada hoje pelo povo venezuelano para a realização de eleições livres e justas".
No Funchal, Madeira, centenas de manifestantes protestaram esta noite contra Maduro, de acordo com o Diário de Notícias da Madeira.
Também no Porto se concentraram centenas de pessoas a pedir liberdade para a Venezuela.
Entretanto, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, pediu ao Governo, via Faceboock, que reconheça Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, num processo de transição democrática que deve passar por eleições livres, devolvendo a voz aos venezuelanos".
Maduro não desiste e apela aos apoiantes para defenderem Governo de golpe de Estado
Nicolás Maduro reagiu à autoproclamação de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, garantindo que não vai desistir e apelando aos seus apoiantes para protegerem o Governo do golpe de Estado que a oposição está a tentar fazer.
Maduro surgiu ao final da tarde no balcão do Palácio Presidencial, onde acenou aos apoiantes. "Somos a maioria, somos alegria, somos o povo de Hugo Chávez Fría", salientou, citado pela imprensa venezuelana.
Acusou ainda a oposição de uma tentativa de golpe de Estado e apelou a que os seus apoiantes defendam o Governo desse golpe.
Maduro disse que a oposição quer tomar o poder violando a Constituição e deixou claro que não vai desistir. Já Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte, apelou a que os apoiantes de Maduro fizessem uma vigília em frente ao Palácio de Miraflores, adiantou a agência EFE.
Maduro terá também convocado os militares para manterem a unidade e a disciplina, segundo a Reuters.
Maduro dá 72 horas aos representantes diplomáticos dos EUA para saírem da Venezuela
Maduro anunciou o fim das relações diplomáticas com os EUA, dando 72 horas para que os representantes diplomáticos dos EUA saiam do país.
O presidente venezuelano realçou, no seu discurso à população, que a mobilização do povo enviou uma mensagem ao mundo: "o povo disse não ao golpismo, não ao imperialismo."
"Anuncio que, como presidente constitucional e chefe de Estado, em cumprimento de meus deveres que jurei perante o povo, rompo as relações diplomáticas com o governo imperialista dos Estados Unidos", afirmou, de acordo com o El País Brasil.
EUA admitem avançar com mais sanções
Nas últimas semanas, Guaidó tem tentado recolher apoios militares e internacionais para se declarar presidente interino. A administração norte-americana tem na calha sanções às exportações de petróleo da Venezuela de forma a pressionar ainda mais Maduro, conforme a sua reação a Guaidó. No Twitter, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, responsável pelos assuntos externos, pediu aos militares para apoiarem o novo presidente interino.
A economia venezuelana tem-se deteriorado nos últimos dois anos, num estado de hiperinflação que tem deixado os cidadãos sem os bens básicos. Para tentar estancar os efeitos negativos, Nicolás Maduro tentou reduzir em cinco zeros o valor da divisa do país, o bolívar, aumentou em 3.000% o ordenado mínimo e indexou os salários a uma criptomoeda criada pelo Estado. O Fundo Monetário Internacional previa que a inflação disparasse 1.000.000% até ao final de 2018.
Tusk dá sinais de apoio a Guaidó
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, também usou o Twitter para se manifestar e deixou subentendido o seu apoio a Guaidó, dizendo esperar que toda a Europa se una para apoiar as forças democráticas da Venezuela.
"Espero que toda a Europa se una em apoio às forças democráticas da Venezuela. Ao contrário de Maduro, a Assembleia Nacional, onde se inclui Juan Guaidó, tem um mandato democrático dos cidadãos venezuelanos".
I hope that all of Europe will unite in support of democratic forces in #Venezuela. Unlike Maduro, the parliamentary assembly, including Juan Guaido have a democratic mandate from Venezuelan citizens.
— Donald Tusk (@eucopresident) 23 de janeiro de 2019
(Notícia atualizada pela última vez às 00:22 de quinta-feira, 24 de janeiro, com mais informação)