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Guterres promete buscar a "paz através da diplomacia"

No primeiro discurso como secretário-geral eleito da ONU, Guterres disse que procurará ser um “mediador e construtor de pontes" com o objectivo de "chegar a soluções para benefício de todos“.

13 de Outubro de 2016 às 16:22
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Foram cerca de cinco minutos, repetidos em três línguas (inglês, francês e castelhano), com que, pela primeira vez enquanto secretário-geral da ONU, António Guterres se dirigiu à Assembleia Geral das Nações Unidas, começando por agradecer com "gratidão e humildade" - as duas palavras escolhidas quando há uma semana agradeceu a escolha do seu nome pelo Conselho de Segurança - a "demonstração extraordinária de confiança" que resulta do facto de os 193 Estados-membros da instituição o terem escolhido por unanimidade.

Neste discurso o português confirmou a agenda humanitária - "dignidade humana no centro" - e inclusiva - "direitos humanos e igualdade de género" - com que se apresentou à corrida para a liderança das Nações Unidas fazendo, contudo, questão de baixar as expectativas no que à capacidade do secretário-geral para promover a paz diz respeito. Guterres disse estar "completamente consciente da limitação" face aos "desafios que enfrento", apontando os em concreto os "problemas dramáticos do mundo complexo de hoje".



Independentemente das limitações, o ex-Alto Comissário da ONU para os Refugiados prometeu fazer tudo ao seu alcance para alcançar "o sonho dos fundadores das Nações Unidas, [que] continua por cumprir". Ou seja, o português fará uso da sua capacidade negocial e de comunicação para ser um "mediador e construtor de pontes" que permitam "chegar a soluções para benefício de todos". 

Tais garantias decorrem da conclusão de que "a paz está ausente do nosso mundo hoje", pelo que "a ONU tem o dever moral e a obrigação de garantir a busca da paz através da diplomacia", não só como instrumento da resolução pacífica de conflitos mas também de prevenção dos mesmos, objectivos já proclamados na carta de apresentação com que Guterres concorreu à chefia das Nações Unidas. É que "nos conflitos de hoje só há perdedores", atirou Guterres que pretende promover uma cultura de "diálogo" que permita "aprendermos a trabalhar juntos", porque "a diversidade pode aproximar-nos em vez de nos dividir". 

Assumindo que ninguém "tem todas as respostas", António Guterres deixou clara a intenção de reformar a rígida e fortemente hierárquica estrutura da ONU, afiançando ter "fé numas Nações Unidas reformadas". Assim, Guterres assumiu a "responsabilidade" resultante da unanimidade em torno do seu nome, que promete colocar ao serviço "de uma maior igualdade" no seio da instituição. 

Lembrando que ao longo dos 10 anos no ACNUR testemunhou "o sofrimento dos mais vulneráveis de todo o mundo", comprometeu-se em fazer da "dignidade humana o cerne do meu trabalho", apontando o "empoderamento das mulheres" - o que provocou muitos aplausos - como essencial para evitar "o sofrimento [das mulheres] que testemunhei apenas porque são mulheres". 


A intervenção de Guterres não terminou sem uma menção à necessidade de implementar a agenda climática (Acordo de Paris), afim de garantir a "sobrevivência do planeta", bem como a importância de "combater" todas as formas de "terrorismo" e incitação ao "populismo e violência"

(Notícia actualizada às 16:53)
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