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Guterres aprovado por aclamação como novo secretário-geral da ONU

Os 193 Estados-membros da Assembleia Geral das Nações Unidas aprovaram por aclamação António Guterres como o próximo secretário-geral da organização. O português foi ovacionado pela AG.

Miguel Baltazar/Negócios
13 de Outubro de 2016 às 15:20
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A Assembleia Geral (AG) das Nações Unidas confirmou as expectativas, acolhendo por aclamação António Guterres como o próximo secretário-geral da organização. Nas palavras do actual presidente da AG, Peter Thomson, trata-se de "um dia histórico", porque se trata da primeira vez desde 1946 que um candidato à liderança da ONU é escolhido por unanimidade dos membros da organização, algo que sucedeu apenas com o norueguês Trygve Lie, o primeiro líder da instituição. 

Depois de confirmada a sua escolha, o português entrou na sala, recebendo a ovação dos 193 Estados-membros da AG, que se realiza esta quinta-feira, 13 de Outubro, em Nova Iorque. A partir do próximo dia 1 de Janeiro de 2017 António Guterres iniciará um mandato de cinco anos à frente da ONU. 

Guterres foi muito elogiado, tanto pelo presidente da AG como pelo ainda secretário-geral da instituição, o sul-coreano Ban Ki-moon. Peter Thomson quis destacar o "multilinguismo" de Guterres, que considerou "o melhor candidato" que se apresentou no processo de escolha desta feita adoptado, o mais aberto e transparente até hoje feito. "Será a voz da nossa consciência colectiva", resumiu Thomson.

 

Já Ban Ki-mooon enalteceu os 193 Estados-membros "não só por esta selecção, mas também pela forma como o fizeram", para depois dizer que António Guterres é muito conhecido "onde mais conta, na frente dos conflitos armados e onde há sofrimento humanitário", aludindo aos 10 anos que o português passou como Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, o que lhe permite "compreender os meandros da nossa organização". Período ao longo do qual o secretário-geral eleito da ONU efectuou uma profunda reforma do ACNUR.

 

O sul-coreano também destacou a "experiência política" de Guterres, decorrente do facto de ter sido primeiro-ministro de Portugal. "Admiro o seu espírito de serviço", rematou.

A decisão hoje anunciada pela AG era a esperada, isto depois de na semana passada Guterres ter vencido a sexta e última votação informal levada a cabo pelos 15 países-membros do Conselho de Segurança (CS). Depois de uma inédita aparição conjunta dos 15 embaixadores dos países actualmente com assento no CS, em que indicavam a escolha de Guterres, seguiu-se no dia seguinte a formalização da indigitação do português por este órgão. A partir do momento em que Guterres foi apresentado pelo CS à AG com apoio unânime, era certo que os 193 Estados-membros da ONU iriam eleger o antigo primeiro-ministro de Portugal, até porque nunca na história da instituição a AG contrariou um nome recomendado pelo CS.

Foram muitos os elogios feitos a António Guterres, com destaque para a intervenção feita por Samantha Power, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, e que conviveu de perto com o português durante o processo da desocupação indonésia de Timor-Leste. Num discurso em que evidenciou a importância dos direitos das mulheres, Power brincou ao notar que "dentro de todas as suas qualificações, António Guterres não é uma mulher", para depois salientar, com agrado, que "defendeu sempre uma agenda de igualdade de género e paritária".

"Prometeu igualdade de género em todos as estruturas das Nações Unidas", acrescentou antes de também destacar o passado do português à frente do ACNUR: "Conhece a realidade (...) e isso é o mais importante de tudo". Curiosamente, a embaixadora norte-americana disse que Guterres "traz cérebro e coração" para a ONU, provavelmente desconhecendo que esse foi o principal slogan (Razão e Coração) com que o então líder do PS concorreu às legislativas portuguesas de Outubro de 1995. 


Propositada foi a alusão a uma (mais) antiga expressão, quando Power deu as boas-vindas a Guterres ao "trabalho mais difícil do mundo", frase que terá sido dita por Trygve Lie ao seu seu sucessor, depois de o norueguês ter sido, alegadamente, impedido de cumprir um segundo mandato devido às divergências mantidas com a então União Soviética. 


(Notícia actualizada às 15:55)
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